Tesouro Direto: juros de títulos públicos recuam e prefixados oferecem até 11,40% ao ano, com alívio no câmbio e à espera de ata do Copom

Às 15h20, papéis atrelados à inflação ofereciam taxas reais de até 5,54% ao ano, como era o caso do Tesouro IPCA +2035 e 2045

Bruna Furlani

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O radar local dos agentes financeiros nesta segunda-feira (7) está focado na revisão para cima das projeções de economistas consultados pelo Banco Central para a inflação oficial neste ano, que avançou de 5,38% para 5,44%. Os dados foram apresentados hoje no Relatório Focus, que é semanal. É o quarto aumento consecutivo.

Mais uma vez, o valor esperado é superior ao teto da meta de inflação para 2022, que é de 5%. O ponto central da meta é 3,5%.

Destaque também para o câmbio. O dólar comercial volta a ter mais um dia de alívio, o que ajuda a impulsionar também um recuo nos juros. Investidores também aguardam a apresentação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central amanhã (8), que deve trazer mais detalhes sobre os próximos passos da autoridade monetária na reunião de março.

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Nesse cenário, títulos públicos negociados no Tesouro Direto registram queda das taxas na tarde desta segunda-feira, ao contrário do movimento misto do início dos negócios. Às 15h20, o recuo é maior entre papéis prefixados em que os retornos chegam a cair até 10 pontos-base (0,10 ponto percentual).

Na segunda atualização da tarde, os juros oferecidos pelo Tesouro Prefixado 2026 eram de 11,03% ao ano, abaixo dos 11,13% vistos na sessão anterior e dos 11,17% registrados pela manhã.

Da mesma forma, as remunerações entregues pelo papel com vencimento em 2031 e juros semestrais eram de 11,40%. O percentual é inferior aos 11,47% ao ano do início da sessão e dos 11,43% da última sexta-feira (4).

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Movimento semelhante também era visto com os retornos reais oferecidos pelo Tesouro IPCA+ 2026, que recuavam de 5,13% para 5,08%, às 15h20.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta segunda-feira (7): 

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Relatório Focus e produção de veículos

O destaque da agenda econômica está nos números do Relatório Focus. Embora a projeção de inflação oficial para este ano tenha sido revista, não houve alteração nas estimativas para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) ou da taxa básica de juros em 2022, que se mantiveram em 0,30% e 11,75% ao ano, respectivamente.

De acordo com o levantamento divulgado hoje, o mercado financeiro agora projeta uma expansão ligeiramente menor para o crescimento do PIB no ano que vem, que passou de 1,55% para 1,53% nesta semana.

Por outro lado, os economistas consultados pelo Banco Central mantiveram as estimativas em 2023 para o câmbio em R$ 5,50%; para inflação oficial em 3,50%; e para a Selic em 8% ao ano.

Atenção ainda para os números da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) divulgados hoje. Segundo a entidade, a produção de veículos caiu 27,4% em janeiro contra o mesmo mês do ano passado, somando 145,4 mil unidades entre carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus.

Na comparação com dezembro, a queda foi de 31,1%. Os dados apresentados nesta segunda-feira mostraram que esse foi o pior janeiro da produção da indústria automotiva em 19 anos.

PEC dos combustíveis e “PEC Kamikaze”

Já na seara política, as atenções estão voltadas para a PEC dos combustíveis. No domingo (6), o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a defender a revisão da carga tributária sobre combustíveis ao dizer que a composição de preços é “bastante grave”.

“Tem que pensar no povo, não no Estado. Em primeiro lugar, a população”, disse Bolsonaro. E depois emendou: “A PEC não é impositiva, é autorizativa em momento de emergência”, argumentou o presidente.

Apesar disso, Paulo Guedes, ministro da Economia, ainda resiste à ideia da PEC. De acordo com o jornal Valor Econômico, o ministro deseja restringir a medida ao diesel e ao biodiesel, o que poderia ter impacto positivo para baixar a inflação e ajudar uma das bases do presidente, que são os caminhoneiros.

O jornal também traz que a “PEC Kamikaze” apresentada na semana passada pelo senador Carlos Fávaro (PSD-MT) e que trata do mesmo assunto não preocupa o ministro Ciro Nogueira, da Casa Civil, onde o texto da PEC dos combustíveis foi redigido. De acordo com o Valor, Nogueira defende que o texto de Fávaro não foi fruto de articulação política nem terá apoio para prosperar.

A PEC Kamikaze planeja permitir que a União repasse até R$ 5 bilhões a Estados e municípios, para projetos de mobilidade urbana que beneficiem idosos. O texto cria ainda um auxílio diesel de R$ 1,2 mil para caminhoneiros e eleva de 50% para 100% o subsídio ao gás de cozinha para famílias de baixa renda.

Segundo o Valor, a perda de receita com a PEC Kamikaze poderia ser superior a R$ 100 bilhões, conforme cálculos da equipe econômica.

Cenário internacional

Enquanto isso, no radar externo, Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), disse hoje que a inflação “deve seguir elevada, no curto prazo” e por “mais tempo que o esperado” anteriormente na zona do euro.

Em sessão do Parlamento, a dirigente destacou ainda que a alta de preços é puxada principalmente pelos preços de energia, mas também mencionou que a taxa está cada vez mais “disseminada”.

Lagarde observou também que os riscos à inflação estão voltados para cima, “especialmente no curto prazo”, porém que os indicadores de inflação no longo prazo são mais “consistentes com nossa expectativa”.

Ainda no radar externo, investidores continuam a monitorar a situação na Ucrânia, depois que a Casa Branca alertou que a Rússia pode invadir o país a qualquer momento e a notícia de que o presidente francês, Emmanuel Macron, se preparou para uma viagem a Moscou.