Tesouro Direto: rentabilidade de prefixados sobe para até 11,30% antes de decisões de juros no Brasil e nos EUA

“Super Quarta” já teve decisão de juros na China; no cenário local, investidores também olham para a LDO

Leonardo Guimarães

Edifício-Sede do Banco Central, em Brasília (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

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As taxas dos títulos públicos seguem direções distintas nesta quarta-feira (20), dia de decisão de juros no Brasil, Estados Unidos e China. As deliberações do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) e do Fomc (Comitê de Mercado Aberto) não devem surpreender — mas o mercado aguarda, nos comunicados, sinais sobre os próximos passos das autarquias.

Por aqui, a expectativa é por novo corte de 0,5 ponto percentual na taxa Selic, levando o referencial a 12,75% ao ano. Investidores vão procurar pistas no comunicado sobre a possibilidade de acelerar o ritmo de cortes para 0,75 p.p. até o fim do ano. Para analistas, porém, é difícil que o Copom adote tom otimista (o InfoMoney fará a cobertura ao vivo em uma live especial no YouTube).

“Não tivemos surpresas significativas de inflação, o preço do petróleo subiu e o ruído em relação ao fiscal do país piorou”, avalia Fabiano Zimmermann, gestor dos fundos ASA Alpha, da ASA Investments, comparando o cenário atual com o observado na última reunião do Copom, no início de agosto.

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Nos Estados Unidos, 99% dos agentes do mercado esperam manutenção dos juros no intervalo entre 5,25% e 5,5% ao ano, segundo dados do CME Group. O foco estará na coletiva do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e no comunicado do Fed. Investidores querem saber se os juros ainda podem subir em 2023 ou se o ciclo de aperto monetário terminou.

Para Zimmermann, o banco central norte-americano deve se colocar, novamente, como dependente de dados de inflação, atividade econômica e mercado de trabalho para tomar qualquer decisão. “Os próximos indicadores tendem a impactar mais o mercado do que a própria comunicação do Fed”, diz o gestor.

Na Ásia, o Banco do Povo da China (PBoC) decidiu manter inalteradas suas taxas de juros de empréstimo de um e cinco anos. A taxa para empréstimos de um ano permanece em 3,45%, enquanto a referência para empréstimos de cinco anos segue em 4,2%.

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No Tesouro Direto, os prefixados apresentavam rentabilidade maior na comparação com o início da sessão de ontem. Na primeira atualização do dia, às 9h20, o Tesouro Prefixado 2033 pagava 11,30% ao ano, ante taxa de 11,26% na véspera. O juro do prefixado para 2029 avançava de 11% para 11,04%, enquanto o do papel para 2026 subia de 10,16% para 10,19%.

Nos títulos de inflação, a direção das taxas era oposta. A rentabilidade real do Tesouro IPCA+ 2032 caía de 5,42% para 5,40%, enquanto a do Tesouro IPCA+ 2045 recuava de 5,77% para 5,76%. A taxa do título de inflação mais longo, com vencimento em 2055, encolhia de 5,70% para 5,68%.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na manhã desta quarta-feira (20):

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Mudança da meta fiscal não está descartada, diz relator da LDO

O relator do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), deputado Danilo Forte (União-CE) afirmou, nesta terça-feira (19), que uma alteração na meta de zerar o déficit das contas públicas no ano que vem ainda é possível. “Da minha parte, não (está descartado). E acho que da parte do governo também não”.

A declaração contraria o discurso do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que tem insistido em manter a meta de déficit zero em 2024. Há, porém, muito ceticismo de analistas de mercado acerca do objetivo do governo.