Tesouro Direto: maioria dos títulos públicos operam de lado, com câmbio e projeções de inflação

Apenas dois títulos atrelados ao IPCA de curto prazo avançam nesta sessão

Bruna Furlani Katherine Rivas

(CarlaNichiata/Getty Images)

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A maioria dos títulos públicos negociados no Tesouro Direto operam estáveis na tarde desta segunda-feira (31), puxados pelo câmbio e pelas projeções do Boletim Focus para a inflação.

Segundo Flavio Serrano, economista-chefe da Greenbay Investimentos, as moedas de países emergentes estão sendo favorecidas pelo rally das commodities, o que propicia a queda no câmbio. Por volta das 15h03, o dólar comercial cedia 1,61%, cotado a R$ 5,3033, após mínima de R$ 5,2845.

O mercado elevou as projeções para a inflação em 2022 e 2023. Segundo o Relatório Focus apresentado nesta segunda-feira (31), a expectativa dos economistas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano passou de 5,15%, no levantamento anterior, para 5,38%. Da mesma forma, as estimativas para o indicador no ano que vem subiram, de 3,40% para 3,50%.

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Com isso, as projeções para a inflação oficial em 2022 e 2023 estão afastadas do centro da meta, que é de 3,50% e de 3,25%, respectivamente.

“A projeção do Focus para a inflação não foi boa, com isso taxas de curto prazo subiam de manhã. Mas de tarde as taxas curtas e longas acabaram cedendo com a queda do câmbio”, explica Serrano.

Os investidores também monitoram a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que deve ocorrer na quarta-feira (2) para anunciar a nova taxa básica de juros.

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Embora o mercado já espere um aumento de 1,5 ponto percentual levando a Selic para 10,75% ao ano, Serrano aponta que os efeitos nas taxas não foram perceptíveis nesta sessão.

Dentro do Tesouro Direto, apenas o Tesouro Prefixado 2031, com pagamento de juros semestrais, operava em queda, oferecendo uma rentabilidade anual de 11,31%, às 15h20, frente aos 11,35% entregues na sexta-feira (28).

Enquanto os títulos prefixados com vencimento em 2024 e 2026 operavam em estabilidade, com juros de 11,53% e 11,23%, nessa ordem.

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Nos títulos atrelados à inflação, o movimento era semelhante. Apenas dois títulos avançavam, é o caso do Tesouro IPCA+ 2026 que entregava uma rentabilidade real de 5,30%, superior aos 5,27% da sessão anterior.

Já o Tesouro IPCA+ 2030, com pagamento de juros semestrais, também subia na última atualização das 15h20, com uma rentabilidade real de 5,49%, acima dos 5,47% entregues na sexta-feira.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta segunda-feira (31):

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Tesouro Direto 31 de janeiro

Relatório Focus, resultado primário e Caged

Dentro da agenda doméstica, o destaque está nos números do Focus. O relatório desta semana trouxe mudanças também em relação às previsões para o crescimento econômico neste ano e em 2023.

Agora, economistas consultados pelo Banco Central esperam que o Produto Interno Bruto (PIB) de 2022 avance 0,30%, contra 0,29% no levantamento anterior. Já as projeções para o câmbio e para a Selic neste ano se mantiveram inalteradas em R$ 5,60 e 11,75% ao ano, nessa ordem.

No ano que vem, a projeção de alta para o PIB recuou de 1,69% para 1,55%. As expectativas para o dólar e para a taxa básica de juros, por outro lado, não sofreram alteração e permaneceram em R$ 5,50 e 8% ao ano, respectivamente.

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O mercado acompanha ainda a divulgação dos números de vagas formais no Brasil no ano passado. Segundo o Ministério do Trabalho e da Previdência, o País criou 2,730 milhões de emprego com carteira assinada em 2021.

Os dados fazem parte do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que mostra que houve, no último ano, 20.699.802 contratações e 17.969.205 demissões.

Já em dezembro houve recuo de 265 mil empregos líquidos. O consenso de analistas previa uma queda de 162 mil. O resultado decorre de 1,43 milhão de admissões e 1,7 milhão de desligamentos.

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Agentes financeiros acompanham ainda a divulgação das contas do setor público consolidado, que teve resultado nominal negativo em R$ 54,24 bilhões em dezembro, ante consenso de R$ 70 bilhões, segundo apresentou hoje o Banco Central.

Em 2021, o setor público consolidado obteve superávit primário de R$64,7 bilhões (0,75% do PIB), ante déficit de R$703,0 bilhões (9,41% do PIB) em 2020.

No ano, a dívida líquida do setor público ficou em 57,3% do PIB, em R$ 5 trilhões, queda de 8,7 pontos percentuais na base anual, e a dívida bruta ficou em 80,3%, em R$ 7 trilhões, baixa de 8,3 pontos na mesma base.

A força do câmbio

Bolsa brasileira e câmbio devem continuar sustentados pelo capital externo, atraído por preços relativos baixos e juros perto dos 10%, afirmou Eduardo Miszputen, chefe de tesouraria do Citi no Brasil, à Bloomberg.

Para o banco, Ibovespa e real ficaram mais baratos, em termos relativos, após enfrentarem mais desafios que seus pares em 2021. O real valorizou mais de 5% e tem o segundo melhor desempenho entre as moedas emergentes este ano, recuperando parte da perda de 11% do segundo semestre de 2021.

A alta de juros também favorece a entrada de capitais. Nas próximas reuniões do Copom, a Selic deve chegar 12% ou 12,5% ao ano: “quando se olha emergentes como México, Índia ou China, quem paga 10% de juros?”, afirmou Miszputen.

Capital estrangeiro

O estrangeiro decidiu investir – e bastante – na Bolsa brasileira neste início de ano. Só até o dia 26, dado mais recente divulgado pela B3, a entrada líquida de capital foi de R$ 24,847 bilhões, ante R$ 14,547 bilhões em dezembro e equivalente a 35,1% do total de 2021 (R$ 70,758 bilhões). O volume também supera o número de janeiro do ano passado, de R$ 23,556 bilhões.

O saldo é uma surpresa positiva, de acordo com especialistas, para um 2022 que começou marcado pela tensão com a corrida presidencial, pela elevação da Selic a dois dígitos, pelo desajuste nas contas públicas e pelo aperto monetário global.