Tesouro Direto: dá para ganhar mais do que os juros prometidos pelos títulos de inflação?

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Mariana Segala

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Há cada vez mais investidores interessados em dar os primeiros passos no Tesouro Direto, sistema que permite a negociação de títulos públicos emitidos pelo governo federal.

Mas o sobe e desce dos juros – e dos preços – dos papéis tem deixado algumas pessoas com dúvidas. Afinal, é possível negociar títulos públicos como se negociam as ações e ganhar mais do que o prometido na época da aplicação?

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Essa é a dúvida que o leitor Waldemir enviou, e que será sanada nesta edição da newsletter InfoMoney Responde:

► Gostaria de entender em que momento é mais oportuno negociar títulos do tipo Tesouro IPCA+. Existe possibilidade de ganhos acima da taxa contratada? Quando?
Waldemir G.

Em poucas palavras, a resposta é “sim”, e a razão é um processo conhecido tecnicamente como marcação a mercado.

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Marcar a mercado é o mesmo que atualizar o valor de um ativo financeiro de acordo com as condições pelas quais ele é negociado a cada dia. E sim, assim como as ações, os preços dos títulos públicos mudam diariamente – sabia?

Há vários fatores que podem provocar a flutuação do valor de um título público. Um dos principais é o preço dos contratos de juros futuros negociados na B3, que refletem as taxas esperadas para a data de vencimento do contrato.

Grosso modo, quando a expectativa do mercado é de que os juros subam, o valor dos títulos públicos tende a cair. Da mesma forma, quando os agentes financeiros acreditam que os juros cairão, a tendência é de que os preços dos papéis aumente.

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Simplificando: se na Bolsa os investidores acreditam que a Selic  – taxa básica de juros do País – subirá para, digamos, 15% daqui a dois anos, um título do Tesouro já negociado que promete juros de 12% com vencimento também em dois anos fica menos interessante e perde valor.

Se o investidor precisar ou quiser negociar esse papel para resgatar o dinheiro antes do vencimento, terá de assumir um prejuízo.

É o que está acontecendo neste preciso momento. Ao longo do mês de novembro, a expectativa do mercado para os juros – que era de início do ciclo de queda em meados de 2023 – mudou devido aos temores de descontrole fiscal do governo a partir do próximo ano.

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Com isso, os contratos futuros de juros passaram a prever taxas maiores do que a atual nos próximos meses – a Selic está em 13,75% ao ano.

Como consequência, a remuneração oferecida pelos títulos públicos no Tesouro Direto aumentou. Ato contínuo, o valor de cada papel diminuiu. Assim, o Tesouro IPCA+ 2045, por exemplo, desvalorizou quase -9,40% apenas nos últimos 30 dias.

Quando é possível, então, obter um retorno maior que a taxa contratada com um título de inflação? Como já está claro, não é quando os juros estão subindo. Mas isso pode acontecer, sim, quando eles estão em queda.

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Um exemplo: em setembro deste ano houve uma redução das taxas de juros oferecidas nos papéis do governo. O resultado foi que o mesmo Tesouro IPCA+ 2045 valorizou 1,61% só naquele mês. Se vendesse seu papel nessa data, mais de 20 anos antes do vencimento, o investidor poderia embolsar lucro.

É importante ressaltar que esse movimento de valorização e desvalorização dos títulos públicos devido à marcação a mercado ocorre nos prefixados e nos atrelados à inflação, pois ambos possuem pelo menos uma parte da remuneração fixa desde o momento em que são comprados.

É comum que a volatilidade dos preços dos títulos de inflação seja mais pronunciada, porque em geral eles possuem prazos de vencimento muito longos, o que os torna mais sensíveis a variações de juros.

A situação é diferente nos papéis pós-fixados – Tesouro Selic. Eles acompanham diariamente a variação dos juros e, por isso, não são afetados. Quando os juros sobem, o papel paga uma remuneração maior. Quando caem, pagam menos.

Não apenas os títulos públicos são marcados a mercado. Outros ativos de renda fixa também são – e mais alguns passarão a ser a partir de janeiro de 2023, podendo apresentar. Confira no InfoMoney uma seleção de perguntas e respostas sobre o assunto.

Aproveite para ler também o guia completo do InfoMoney sobre o Tesouro Direto, que esclarece essa e outras dúvidas.

Quer participar da próxima edição da newsletter? Envie sua dúvida sobre investimentos para o e-mail onde_investir@infomoney.com.br.

Mariana Segala

Diretora de Redação do InfoMoney