Tesouro Direto: taxas dos títulos públicos sobem nesta 2ª, com preocupações sobre inflação no Brasil e no mundo

Aumento dos preços da energia na cena global e preocupações fiscais internas chamam atenção dos investidores

Mariana Segala

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SÃO PAULO – Com a atenção dos investidores à inflação global, potencializada pela elevação dos preços da energia, em conjunto com as preocupações sobre o cenário interno, de avanço dos preços e dúvidas quanto à política fiscal, as taxas dos títulos públicos negociados no Tesouro Direto subiram nesta segunda-feira (11).

Com a agenda esvaziada de indicadores econômicos hoje, véspera do feriado nacional de Nossa Senhora Aparecida, os investidores se apegaram às revisões das expectativas para inflação e juros. Pela 27ª semana consecutiva, o mercado financeiro elevou as projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), segundo o relatório Focus divulgado nesta manhã pelo Banco Central (BC).

Na cena internacional, os mercados operaram em ritmo lento, com os negócios reduzidos em função do Columbus Day, feriado nos Estados Unidos. Os investidores, porém, ficaram atentos às novas altas nos preços de commodities como o petróleo, diante dos desdobramentos da crise energética em continentes como a Europa.

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Na atualização das 15h22, o título prefixado com vencimento em 2024 oferecia remuneração de 10,02% ao ano, frente aos 9,94% ao ano registrados na última sessão, na sexta-feira (8). Já os papéis que vencem em 2031, que pagavam juros de 10,88% ao ano na sexta, hoje são negociados a 10,95% ao ano.

Nos títulos atrelados à inflação também houve aumento das taxas. Pela manhã, quatro papéis oferecem taxas acima de 5% ao ano, além da variação do IPCA – à tarde, eram apenas dois.

É o caso do Tesouro IPCA+ com juros semestrais e vencimento em 2040 (5%) e do Tesouro IPCA+ com juros semestrais e vencimento em 2055 (5,06%).

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Os títulos Tesouro IPCA+ com vencimentos em 2035 e 2045, que chegaram a ser negociados com taxas de 5,01% ao ano pela manhã, reduziram a remuneração à tarde para 4,99% ao ano.

Confira os preços e as taxas atualizadas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta segunda-feira (11):

Relatório Focus

O mercado financeiro elevou, pela 27ª semana consecutiva, suas projeções para a inflação este ano. Desta vez, as estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2021, que eram de 8,51% na semana passada, subiram para 8,59%.

Os dados constam no relatório Focus, que compila as projeções dos economistas e analistas do mercado financeiro e é divulgado semanalmente pelo Banco Central (BC).

Para 2022, o mercado agora projeta que o IPCA seja de 4,17%, contra 4,14% registrado na semana passada.

Em razão da maior pressão inflacionária, os economistas também ajustaram as projeções para a taxa básica de juros, a Selic. Segundo o Focus, a expectativa para a Selic ao final de 2021 foi mantida em 8,25% ao ano nessa semana, porém houve revisão da taxa prevista para 2022: passou de 8,50% para 8,75% ao ano.

Com relação ao desempenho da economia brasileira, os economistas consultados pela autoridade monetária mantiveram as projeções de expansão de 5,04% do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano e revisaram as de 2022, de 1,57% de crescimento para 1,54%.

Por fim, no câmbio, as apostas apontam para dólar negociado a R$ 5,25, em dezembro deste ano, ante previsão de R$ 5,20 na semana passada; e a R$ 5,25 ao fim de 2022, sem mudanças em relação ao boletim anterior.

Mercado internacional

Os investidores permanecem atentos aos desdobramentos da crise energética na Europa, provocada por escassez no fornecimento e alta nos preços do gás natural. Os preços das commodities voltaram a subir nesta segunda, incluindo o minério de ferro e o petróleo.

O barril do petróleo tipo Brent para dezembro de 2021 fechou em alta de 1,53%, cotado a US$ 83,65 por barril. Já o WTI para novembro de 2021 fechou a US$ 80,52 por barril, com alta de 1,47%.

Nos Estados Unidos, analistas começaram a revisitar suas expectativas para as próximas ações do Fed (Federal Reserve, banco central americano) diante dos dados sobre a atividade econômica  no país. Na sexta-feira (8), o Departamento de Emprego dos Estados Unidos informou que foram adicionados 194 mil empregos em setembro no país, frente à expectativa de 500 mil de analistas ouvidos pela Dow Jones.

Neste ritmo, o mercado de trabalho deve se recuperar a níveis pré-pandêmicos apenas em julho de 2022. A taxa de desemprego caiu a 4,8%. Diante disso, para o economista-chefe do banco Goldman Sachs, Jan Hatzius, embora se espere que a redução gradual das compras de ativos pelo Fed seja anunciada na próxima reunião da autoridade monetária, esse processo levará meses e os juros não subirão até 2023.

Na Ásia, a incorporadora China Evergrande Group, que passa por uma crise, enfrentou hoje o pagamento de mais juros de dívidas. No mês passado, a empresa já deixou de pagar os juros de duas dívidas.

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Mariana Segala

Editora-executiva do InfoMoney