Tesouro Direto: mesmo após suspensão ao longo do dia, taxas dos títulos públicos sobem nesta 2ª

Retorno dos prefixados é de até 12,14% ao ano na tarde desta segunda-feira; papéis de inflação oferecem juro real de 5,34% ao ano

Bruna Furlani

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SÃO PAULO – Mesmo depois de uma parada por causa da forte volatilidade nos preços e taxas no fim da manhã, o mercado de títulos públicos segue com alta nos prêmios, na atualização das 15h30 desta segunda-feira (8).

Investidores repercutem a fala de Bruno Serra, diretor de política monetária do Banco Central, que disse que a autarquia pode reajustar a Selic em mais de 1,5 ponto percentual na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em dezembro, caso seja preciso.

Atenção também para o segundo turno de votação da PEC dos Precatórios, que deve ocorrer amanhã no plenário da Câmara. Nesta segunda-feira, Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, voltou a afirmar que há margem de apoio para aprovação. Reportagem da Folha de S.Paulo, no entanto, aponta que a proposta pode não receber votos suficientes.

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No Tesouro Direto, na atualização das 15h30, o destaque estava nos papéis prefixados, como o Tesouro Prefixado 2024, que oferecia retorno de 12,14% ao ano, abaixo dos 12,45% ao ano vistos na primeira atualização da manhã. Na sessão anterior, no entanto, o retorno pago por esse título era de 12,07%.

Também à tarde, a rentabilidade oferecida pelos papéis prefixados de prazo mais curto – 2024 e 2026 – continuava maior do que o retorno oferecido pelo título com vencimento em 2031. Na atualização das 15h30, a diferença entre o Tesouro Prefixado 2024 e o 2031 chegava a 48 pontos-base, contra 50 pontos-base no momento de maior estresse do dia.

Já entre os títulos atrelados à inflação, o retorno real oferecido pelo Tesouro IPCA+ 2026 era de 5,24%, contra 5,36% ao ano, no início dos negócios. Ainda assim, o percentual segue acima dos 5,18% ao ano, registrados na sessão de sexta. No mesmo horário, o Tesouro IPCA+ 2055 com pagamento de juros semestrais chegava a 5,34%, frente aos 5,41% do início da manhã. Na sexta-feira à tarde, no entanto, o juro real oferecido pelo título era de 5,30%.

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Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta segunda-feira (8): 

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Aumento além de 1,5 ponto e Focus

Agora à tarde, o mercado repercutia a entrevista de Bruno Serra, do Banco Central, à Nikkei Asia. Na ocasião, o diretor de política monetária do BC disse que “se for necessário aumentar a taxa [Selic] em mais de 150 pontos-base, nós precisaremos fazer isso”.

O diretor também reiterou que o BC continua perseguindo o centro da meta de inflação para 2022 – que é de 3,5%.

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Outro destaque do dia está no Relatório Focus, do Banco Central. Segundo o documento, agora os economistas esperam que a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fique, na mediana, em 9,33% neste ano, contra 9,17% na semana anterior.

A expectativa do mercado também é de alta maior para a inflação oficial no ano que vem: 4,63% nesta semana, acima dos 4,55% do levantamento passado.

Com a expectativa de que as pressões inflacionárias sigam impactando a economia no ano que vem, os economistas também reajustaram as projeções para a Selic, a taxa básica de juros. Nesta semana, a projeção para 2022 foi alterada de 10,25% para 11% ao ano.

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Para este ano, não houve alteração. A mediana dos economistas espera que a Selic termine 2021 em 9,25% ao ano.

Os reajustes para cima nas projeções para a inflação e para a Selic no ano que vem provocaram revisões para baixo nas estimativas de crescimento da economia brasileira.

A mediana das projeções dos economistas para o Produto Interno Bruto (PIB) recuaram de 4,94% para 4,93% em 2021 e de 1,20% para 1,0% em 2022.

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PEC dos Precatórios

Destaque também para as negociações em torno da PEC dos Precatórios. Em entrevista ao Broadcast, da Agência Estado, Lira manteve a votação da proposta no plenário para amanhã (9).

Ele também voltou a afirmar que a margem de apoio à proposta deve aumentar na votação desta terça, quando espera obter um quórum maior. Na semana passada, o texto-base foi aprovado com 312 votos entre 456 presentes. São necessários 308 para a aprovação.

Reportagem do jornal Folha de S. Paulo, no entanto, afirma que, até a noite de domingo (7), o governo não tinha votos suficientes entre deputados para aprovar o segundo turno da PEC dos Precatórios na Câmara.

O texto-base aprovado em primeiro turno na semana passada permite ao governo adiar o pagamento de parte dos precatórios (dívidas judiciais) devidos em 2022 e alterar a regra do teto de gastos. Ambas as medidas ajudariam a abrir espaço orçamentário de cerca de R$ 90 bilhões para custear o Auxílio Brasil – novo programa de transferência de renda do governo, no valor médio de R$ 400.

Além das dificuldades de articulação dentro do próprio Congresso, uma liminar da ministra do STF Rosa Weber pode tornar ainda mais difícil a aprovação da PEC dos Precatórios. Na última sexta-feira (5), a ministra decidiu suspender o pagamento das emendas do relator no Congresso.

Em sua decisão, Weber avaliou que há dois regimes para a execução de emendas: um transparente e o outro um “sistema anônimo de execução das despesas decorrentes de emendas do relator”.

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Na ocasião, a ministra suspendeu as emendas relativas a 2021 e determinou que o governo e o Congresso adotem medidas de transparência para a execução dos recursos relativos aos Orçamentos de 2019 e 2020.

Segundo reportagem de bastidores da Folha, o governo não tem votos suficientes na Corte para derrubar a liminar da ministra Rosa Weber. De acordo com o jornal, os deputados acreditam que os ministros Alexandre de Moraes e Ricardo Lewandowski precisam votar a favor dos políticos para que estes recuperem as emendas.

O julgamento virtual deve terminar até 23h59 de terça-feira (9), a não ser que alguém peça vista ou destaque, o que faria com que o julgamento continuasse no plenário físico. Em caso de empate (a Corte está com dez ministros apenas), a interpretação entre deputados é de que o resultado seria favorável a eles, porque seria necessária maioria para manter a liminar.

Radar externo

Na agenda externa, atenção para os comentários preparados de Richard Clarida, vice-presidente do Federal Reserve, que é o banco central americano, sobre a elevação dos juros nos Estados Unidos.

Durante evento organizado pelo Brookings Institution, o dirigente disse que as “condições necessárias” para aumentar a taxa básica de juros do banco central americano, agora perto de zero, devem se consolidar no fim do ano que vem.

Na semana passada, autoridades do Fed mantiveram os juros perto de zero e anunciaram que o programa de compras de ativos começaria a ser reduzido no fim deste mês em um cronograma que se encerraria em meados de 2022.

Também nos Estados Unidos, investidores seguem repercutindo a aprovação do projeto de infraestrutura de mais de US$ 1 trilhão pelo Congresso, na última sexta-feira (5). O texto agora precisa ser sancionado pelo presidente Joe Biden.