Tesouro Direto: taxas dos títulos públicos aprofundam queda seguindo desempenho das Treasuries e à espera do Copom

Foco do mercado hoje está nos próximos passos que o Banco Central vai anunciar para trazer a inflação de volta à meta

Bruna Furlani

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Os juros oferecidos nos títulos públicos negociados no Tesouro Direto aprofundaram a queda durante o dia nesta quarta-feira (2).

Análise da XP indica que os juros intermediários e longos “fecharam” (diminuíram) nos mercados, em linha com o desempenho das Treasuries, títulos emitidos pelo governo dos Estados Unidos. Por lá, o Relatório de Emprego ADP indicou o fechamento de 301 mil vagas no setor privado em dezembro.

Foi uma surpresa para o mercado, que esperava a criação de 207 mil postos de trabalho no mês, segundo a mediana das projeções dos economistas compiladas pela Refinitiv.

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Também houve recuo nas taxas oferecidas pelos títulos curtos, a espera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sobre o novo nível dos juros básicos da economia, a Selic.

Os títulos prefixados com vencimento em 2024, que começaram o dia oferecendo retorno de 11,35% ao ano, à tarde pagavam 11,21%. Também diminuíram os juros do Tesouro Prefixado 2031, de 11,19% pela manhã para 11,08% na atualização da tarde.

Entre os papéis de inflação, a redução foi menor. O Tesouro IPCA+ 2055, que oferece cupom semestral, pagava 5,59% durante a manhã, retorno que à tarde havia caído para 5,57% ao ano.

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Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta quarta-feira (2): 

Taxas do Tesouro Direto na tarde de 02.02.2022
(Tesouro Direto)

Produção industrial e Copom

Na agenda econômica, as atenções estão voltadas para os dados de produção industrial. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com o resultado de dezembro, o setor se encontra 0,9% abaixo do patamar de fevereiro de 2020, no cenário pré-pandemia, e 17,7% abaixo do nível recorde, registrado em maio de 2011.

Já no acumulado do ano, o avanço de 3,9% foi possível graças ao desempenho positivo em três das quatro grandes categorias econômicas e em 18 das 26 atividades investigadas pela pesquisa, especialmente em veículos automotores, reboques e carrocerias (20,3%), máquinas e equipamentos (24,1%) e metalurgia (15,4%).

Leia também: CDB, Poupança ou Tesouro Direto em 2022? 

Outro destaque do dia está no Copom. Analistas ouvidos pelo InfoMoney apontam que os dirigentes devem sinalizar também a desaceleração das altas para as próximas reuniões.

“O desafio é não soar muito otimista com a inflação (dovish). Para tal, entendemos que o Copom indicará que calibrará o próximo passo a depender dos dados e manterá a sinalização de ‘persistência’”, apontam os economistas da XP.

O Itaú, por sua vez, reforça que o comitê manterá o tom de aperto monetário contracionista pelo menos até a próxima reunião de março, quando deve moderar o ritmo de alta.

Corte do IPI, combustíveis e dívida pública

Dentro da agenda política, reportagens da Folha de S. Paulo e do Valor Econômico afirmam que o governo vem discutindo um corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

Segundo apuração do Valor Econômico, essa redução poderia ir a zero, exceto para cigarros e bebidas. Já a Folha informa que estão em estudo cenários com corte de 10% a 50% nas alíquotas do IPI. Também de acordo com o veículo, cigarros e bebidas continuariam com a tributação mais elevada, enquanto que produtos da linha branca ou automóveis teriam a carga reduzida.

Ao ser questionado nesta terça-feira em evento do Credit Suisse, Paulo Guedes, ministro da Economia, respondeu: “Estamos estudando isso [redução de impostos] com muita moderação, quais impostos poderiam ser moderadamente reduzidos (…) Sempre foi parte do nosso programa que aumentos de arrecadação seriam transformados em simplificação ou redução de impostos”.

Ainda no evento do Credit Suisse, Paulo Guedes afirmou que há possibilidade de avançar na redução de impostos que incidem sobre o diesel, mas questionou a eventual extensão do benefício à gasolina. A razão é que o governo vem elaborando uma PEC que permitiria reduzir tributos sobre combustíveis sem exigência de compensação.

Também na véspera, Esteves Colnago, secretário especial do Tesouro e Orçamento do Ministério da Economia, disse que alta de gastos com juros da dívida pública é uma preocupação para o governo neste ano, em meio a um cenário de inflação alta que pressiona essa despesa.

Ele afirmou que a perspectiva de gastos maiores é uma das razões pelas quais o governo vem enfatizando a necessidade de venda de ativos e devolução de recursos emprestados anteriormente a bancos públicos.