Tesouro Direto, CDB, poupança, LCI ou LCA: qual investimento rende mais com a Selic ainda em 13,75%?

Banco Central manteve a taxa de juros inalterada pela sexta vez consecutiva e afirmou que conjuntura demanda "paciência e serenidade"

Equipe InfoMoney

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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter a Selic – taxa básica de juros da economia – em 13,75% ao ano nesta quarta-feira (3), pela sexta reunião consecutiva.

Embora tenha frisado que “a conjuntura demanda paciência e serenidade na condução da política monetária”, reafirmando que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado, o comunicado do Copom deixou espaço para mudanças no futuro, avaliaram alguns economistas.

“Lemos o comunicado como consistente com um cenário de Selic estável por mais alguns meses, pelo menos”, afirmou Caio Megale, economista-chefe da XP, em relatório. “Em nossa visão, à medida que a inflação global desacelere e a demanda doméstica perca força, o Copom iniciará um ciclo de flexibilização gradual no segundo semestre”.

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Na visão da corretora, pode haver um corte de 0,25 ponto percentual na reunião do Copom de agosto, seguido de sucessivos cortes de 0,50 ponto até a Selic atingir 11% ao ano no primeiro semestre de 2024.

Enquanto a taxa permanece no patamar em que se encontra, os fãs da renda fixa ainda podem aproveitar os rendimentos dos ativos dessa categoria. Mas entre os investimentos mais comuns, qual rende mais: Tesouro Direto, CDB (Certificado de Depósito Bancário), poupança, LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) ou LCI (Imobiliário)?

Enquanto os especialistas identificam boas oportunidades de investimento em títulos públicos, CDBs e papéis de crédito privado devido à taxa Selic no patamar em que se encontra, a poupança segue com o menor retorno entre as aplicações financeiras mais tradicionais.

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Com a Selic em 13,75% ao ano, o rendimento da caderneta é de 8,48% ao ano, segundo simulação realizada pela XP. Uma aplicação de R$ 10 mil se transformaria em uma economia de R$ 10.848 no período.

Desde 2012, sempre que a taxa básica de juros supera 8,5% ao ano, a rentabilidade da poupança é fixada em 0,5% ao mês – ou 6,17% ao ano – mais a variação da TR (Taxa Referencial). Desde que a Selic avançou além desse nível pela última vez, em dezembro de 2021, é assim que seu retorno é calculado.

Outro detalhe é que enquanto a Selic permanecer acima do ponto de corte, a remuneração da poupança fica estacionada, enquanto o retorno de outras aplicações pós-fixadas acompanha os aumentos dos juros – quando eles acontecem.

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Quando a Selic cai abaixo de 8,5% anuais, o retorno da caderneta é de 70% da Selic mais TR.

CDB, LCI e LCA são mais arriscados?

Muitos investidores mantêm recursos aplicados na poupança atraídos pela isenção do Imposto de Renda e por enxergarem a caderneta como uma aplicação supostamente sem risco.

Do ponto de vista dos riscos, os depósitos na poupança estão expostos ao mesmo de um CDB, uma LCI ou uma LCA: o risco de crédito (possibilidade de inadimplência) do banco em que foram realizados.

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A isenção de IR é um benefício da caderneta, mas dado seu formato de remuneração, é preciso considerar se a rentabilidade de fato compensa.

Em um CDB que rendesse o equivalente a 110% do CDI – indicador que sempre caminha muito próximo da própria Selic – o retorno do investidor seria maior. Em um ano, a aplicação de R$ 10 mil alcançaria um valor final de R$ 11.234, já considerando o desconto de 17,5% do Imposto de Renda.

Significa que mesmo não sendo isentos de tributação como a poupança, os CDBs disponíveis nas instituições financeiras podem render acima da caderneta.

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O valor é semelhante ao obtido com uma aplicação em LCI ou LCA, produtos bancários também isentos de Imposto de Renda, a uma taxa de 90% do CDI – nas letras, o investimento alcançaria R$ 10.223 depois de um ano.

É possível encontrar papéis com retornos nessa faixa nas plataformas de investimento. É necessário, porém, atentar a alguns detalhes. Os CDBs, LCIs e LCAs com melhor rentabilidade usualmente não possuem liquidez diária, ou seja, não permitem que os recursos sejam resgatados a qualquer momento – e, sim, apenas no vencimento do papel.

Os retornos mais atrativos também costumam ser oferecidos por instituições com risco de crédito mais elevado. Assim, é importante considerar a nota de crédito da instituição emissora do papel desejado antes de investir.

Lembrando que tanto os CDBs quanto as letras e a poupança são cobertos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), espécie de “seguro” que devolve ao investidor até R$ 250 mil caso a instituição emissora apresente problemas, como uma intervenção do Banco Central.

Os títulos públicos, por sua vez, não contam com a proteção, mas como são emitidos pelo governo federal têm risco considerado dos mais baixos do mercado.

Num título pós-fixado, como o Tesouro Selic 2026, um investimento inicial de R$ 10 mil alcançaria R$ 11.118 depois de um ano. A conta é líquida de Imposto de Renda e também da taxa de custódia cobrada pela B3, que operacionaliza o programa Tesouro Direto.

Quanto maior o prazo da aplicação, maior a distância observada entre o retorno da poupança e das outras aplicações de renda fixa, como indica o gráfico.