Mais ricos lideram saques da poupança e migram para CDB, LCI e LCA

Estudo do BC mostra para onde foram os recursos sacados da poupança em 2022, seu pior ano da história

Leonardo Guimarães

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Em 2022, o pior ano da história da caderneta de poupança, os investidores mais ricos foram responsáveis por saques relevantes e migração para ativos bancários, como CDBs, LCIs e LCAs. É o que mostra um estudo do Banco Central para entender o declínio do saldo da poupança naquele ano. 

A caderneta registrou em 2022 retirada líquida de R$ 103,23 bilhões, quase o dobro do saque registrado em 2015 (R$ 53,56 bilhões), que detinha até então o recorde de saques. O ano de juros e inflação altos enquanto a renda era comprimida criou o cenário para o recorde negativo. 

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Foram analisados dados de 57 milhões de pessoas com contas nos cinco maiores bancos do Brasil. Para serem considerados na pesquisa, os investidores precisavam ter saldo de pelo menos R$ 500 na poupança. Em 2022, 29,5 milhões de pessoas sacaram quase R$ 279 bilhões da caderneta de poupança e aportaram aproximadamente R$ 201 bilhões em outros ativos. 

Os maiores sacadores foram as pessoas de maior renda. Segundo o estudo, 16% dos maiores sacadores aportaram R$ 116 bilhões em outros ativos, o que corresponde a 52% do volume sacado. 

Os investimentos de destino dos valores foram principalmente os CDBs e RDBs, que receberam R$ 37 bilhões do montante sacado, enquanto LCAs receberam R$ 34 bilhões e LCIs, aproximadamente R$ 17 bilhões. 

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Ailton de Aquino Santos, diretor de fiscalização do Banco Central, argumenta que a tendência de migração da poupança deve ser acentuada daqui para frente. “Há uma facilidade de deslocar recursos, além de outro fator que vem se apresentando: o Open Finance, a capacidade de compartilhar seus dados e tem recursos na poupança, o outro banco que você compartilhou oferece um produto de maior rentabilidade”

O estudo não conseguiu identificar para onde foi o restante do valor sacado não destinado a ativos bancários. A autarquia diz que esse dinheiro pode ter ido para consumo, investimentos no Tesouro Direto, em ativos reais – como imóveis –, ações ou fundos de investimento.