Tesouro Direto: título prefixado 2033 atinge rentabilidade máxima de 12,55% no ano

Em movimento misto, taxas dos prefixados avançam e papéis atrelados à inflação recuam

Bruna Furlani Katherine Rivas

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As taxas dos títulos públicos operam em direção mista na tarde desta quinta-feira (5). Os títulos prefixados apresentam uma rentabilidade maior, enquanto as taxas dos atrelados à inflação recuam.

Segundo Bruno Martins, gestor de renda fixa da Warren, a curva de juros futuros no Brasil apresentou forte alta no decorrer do dia, acompanhando também o movimento dos Treasuries – títulos do Tesouro americano, após a decisão do Federal Reserve sem grandes novidades.

“A autoridade americana foi menos dura do que o esperado, impactando no aumento da inclinação da curva de juros nos Estados Unidos. Por aqui, o resultado da Selic também não surpreendeu”, avalia. Martins destaca que existe no mercado a certeza de um aumento na taxa de juros na próxima reunião.

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Apesar disso, o gestor avalia que é difícil entender se chegamos ao fim do ciclo, dado que ainda há muitas assimetrias em relação a expectativa de inflação para 2023 e o teto da meta de inflação no mesmo ano.

Diante da forte volatilidade nos preços e taxas, as negociações dos papéis do Tesouro Direto chegaram a ser suspensas por volta das 11h35 desta quinta-feira (5), mas foram retomadas cerca de quarenta minutos depois.

Dentro do Tesouro Direto, às 15h20, a maior alta era vista nas taxas do título prefixado com vencimento em 2033, que avançavam 21 pontos-base.

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O Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, oferecia uma rentabilidade anual de 12,55% às 15h20, superior aos 12,34% vistos na quarta-feira (4).

A rentabilidade era a maior já oferecida pelo título em 2022, após as taxas de 12,52% vistas no mês de março.

Enquanto o Tesouro Prefixado 2025 e o Tesouro Prefixado 2029 apresentavam um retorno anual de 12,49% e 12,45%, respectivamente, acima dos 12,31% e 12,25% registrados na sessão anterior.

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A rentabilidade dos dois títulos também se aproximava das máximas vistas neste ano, às 15h20.

Nos títulos atrelados à inflação, o movimento era oposto com queda nas taxas. A maior baixa era do Tesouro IPCA+ 2055, com juros semestrais, que oferecia um retorno real de 5,77%, inferior aos 5,81% oferecidos ontem.

Os outros títulos apresentavam queda nas taxas de 3 pontos-base.

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Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta quinta-feira (5), na volta dos negócios: 

Mercado dividido sobre rumos da Selic

Após uma decisão mais do que esperada, o grande foco do mercado agora está nos próximos passos do Banco Central. Isso porque o Comitê destacou que “antevê como provável uma extensão do ciclo com um ajuste de menor magnitude”.

“A comunicação tentou se desamarrar de um compromisso com uma taxa à frente e se amarrar com um compromisso de trazer a inflação de volta à meta e garantir ancoragem de expectativas ao redor da meta”, afirmou Mariana Dreux, gestora da Truxt Investimentos, durante live do InfoMoney.

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A grande dúvida agora é até quanto a Selic deve subir para garantir a ancoragem de expectativas ao redor da meta. Em entrevista ao InfoMoney, Caio Megale, economista-chefe da XP, disse que o Banco Central pode fazer mais dois ajustes de 0,5 ponto ou até mesmo uma outra alta de 1 ponto percentual na próxima reunião.

“A atividade econômica está até mais forte do que se imaginava, então existe demanda final para se repassar preços, já que os custos de produção continuam em alta. A projeção da XP para inflação este ano é de alta de 7,40%, mas vemos riscos de chegar até 9% facilmente”, afirma Megale. As projeções de inflação do Copom, atualmente, situam-se em 7,3% para 2022 e 3,4% para 2023.

Já Luca Mercadante, economista da Rio Bravo, observa que, no comunicado, o BC não avaliou o balanço de riscos como altista. “Desta vez, preferiram ressaltar a volatilidade do balanço, indicando que podemos estar próximos do final do ciclo”, afirma. A Rio Bravo prevê que o Copom faça um último ajuste na Selic, na reunião de junho, elevando a taxa para 13,25%.

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Com a expectativa de novos ajustes e de manutenção de uma dinâmica inflacionária, títulos atrelados à inflação, fundos multimercados e fundos imobiliários devem ganhar espaço nas carteiras.

Alocações com foco maior em caixa para ter liquidez rápida também chamam a atenção em um cenário de forte volatilidade em que oportunidades podem aparecer a qualquer momento.

BCE e economia europeia estagnada

Um integrante do Banco Central Europeu (BCE) afirmou que economia europeia está ‘de fato estagnada’.

Fabio Panetta apontou que o crescimento no primeiro trimestre foi de 0,2% e teria sido essencialmente zero sem o que pode ter sido, em parte, picos pontuais de alta em alguns países.

De acordo com Panetta, a invasão da Ucrânia tem papel importante no cenário, e a redução do rendimento da zona do euro devido ao aumento dos preços das importações ascende a 3,5% do PIB, ou cerca de 450 bilhões de euros. “As tensões tornaram-se persistentes e mais agudas: a inflação está aumentando enquanto a atividade econômica mostra sinais de desaceleração”, disse. “Isso torna as escolhas do BCE mais complicadas, pois um aperto monetário com o objetivo de conter a inflação acabaria por prejudicar o crescimento que já está enfraquecendo”, indicou.

Segundo ele, nas próximas semanas, o BCE decidirá quando terminarão as compras líquidas de títulos no terceiro trimestre. “Nós então decidiremos sobre os juros e podemos decidir acabar com as taxas negativas”, afirmou. (Com Estadão Conteúdo)

Auxílio Brasil, enfermagem e reajustes de energia

Na cena política, o Senado aprovou ontem (4) medida provisória que garante o pagamento mínimo de R$ 400 mensais para beneficiários do Auxílio Brasil, programa que substituiu o Bolsa Família no governo Bolsonaro.

O texto foi aprovado de forma simbólica e será enviado para sanção presidencial. Inicialmente, a medida garantia a transferência de R$ 400 somente até dezembro.

Destaque também para a polêmica envolvendo a aprovação de requerimento de urgência para analisar um projeto que suspende o reajuste de quase 25% nas contas de luz no Ceará, já autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

A medida foi aprovada na Câmara por 410 votos a favor e apenas 11 contrários, na última terça-feira (3) e poderia afetar grandes empresas do setor, como Enel, Neoenergia e Energisa.

Em relatório divulgado ontem (4), analistas do Bradesco BBI disseram que a “há grande maioria para aprovar o projeto”, mas ressaltaram que a proposta “mais prejudica do que ajuda” e aprová-la seria o equivalente a “atirar no mensageiro”.

A Câmara dos Deputados aprovou também ontem (4), por 449 favoráveis e 12 contrários, o projeto de lei que institui piso salarial para enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e parteiras. Oriundo do Senado, a matéria segue para sanção presidencial.