Tesouro Direto: após suspensão, piso de prefixados é de 11,95%, com CPI abaixo do esperado

Já juro real mínimo oferecido por papéis atrelados à inflação era de 5,46%

Bruna Furlani Katherine Rivas

(Shutterstock)

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Em dia de forte volatilidade, as taxas dos títulos públicos fecharam mistas nesta quarta-feira (10).  Nos prefixados, as taxas dos títulos de curto prazo recuavam até 2 pontos-base, enquanto as de longo prazo avançavam 3 pontos-base. Já nos papéis de inflação, o movimento era de alta, com as taxas subindo até 11 pontos-base.

O Tesouro chegou a suspender as negociações por um curto período logo após a abertura dos negócios, em decorrência da forte volatilidade.

Luciano Costa, sócio e economista-chefe da Monte Bravo Investimentos, explica no começo do dia o comportamento foi de queda nas taxas de juros, por conta de dados do varejo no Brasil que vieram pior do que esperado pelo mercado.

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Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas no varejo caíram 1,4% em junho, na comparação mensal.

Além disso, os números do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de julho reforçaram o movimento de queda.

De acordo com o Departamento do Trabalho americano, o CPI ficou estável no mês passado, na comparação com junho. Já em relação a julho de 2021, o indicador subiu 8,5%. Ambos os dados vieram melhor do que o esperado pelo mercado (o consenso era de uma alta de 0,2% na base mensal e 8,7% na anual, segundo a Refinitiv).

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“O CPI diminuiu um pouco as preocupações do mercado em relação a taxa de juros americana subir mais rápido. Temos uma probabilidade menor de um aumento de 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Federal Reserve – banco central americano”, afirma Costa.

Na visão do economista, isso trouxe um alívio aos ativos e puxou a queda das Treasuries, títulos do Tesouro americano.

Contudo, Costa cita que, no período da tarde, as declarações do dirigente regional do Federal Reserve de Chicago, Charles Evans, com um tom mais hawkish (preocupado com a inflação) provocaram uma inversão de movimento em algumas das taxas.

O economista cita ainda que devemos ver uma safra de dados econômicos positivos de deflação nos próximos dias. “Isso vai reforçar a expectativa de que a próxima decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) seja de estabilidade”, diz.

Dentro do Tesouro Direto, os prefixados ofereciam um retorno anual de até 12,26%.

O Tesouro Prefixado 2025 apresentava uma rentabilidade anual de 11,95%, abaixo dos 11,97% vistos na terça-feira (9).  Na contramão, o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, oferecia um retorno anual de 12,26%, superior aos 12,23% registrados ontem.

A taxa do Tesouro Prefixado 2029 permanecia estável.

Nos títulos atrelados à inflação, o movimento era de alta nas taxas, de entre 3 e 11 pontos-base.

As taxas dos papéis com vencimento em 2035 e 2045 permaneciam estáveis. O maior ganho real registrado era de 5,96%.

As negociações do Tesouro IPCA+2032 e o 2040, ambos com juros semestrais, seguem suspensas em função do pagamento de juros agendado para o dia 15 de agosto de 2022.

Por regra do Tesouro Direto, o investimento em títulos que têm cupom de juros é suspenso quatro dias úteis antes da data do pagamento. Da mesma forma, há mudanças nos resgates, que são interrompidos dois dias úteis antes do pagamento do cupom.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta quarta-feira (10), na volta dos negócios: 

Fonte: Tesouro Direto

Visão do Fed de Chicago

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de Chicago, Charles Evans afirmou nesta quarta-feira que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de julho, publicado mais cedo, foi “o primeiro positivo” no quadro atual, mas também ponderou que os preços seguem “muito elevados” nos Estados Unidos. Durante sessão de perguntas e respostas na Universidade Drake, o dirigente reafirmou a postura do Fed de continuar a elevar os juros, neste ano e no próximo, para conter o quadro inflacionário.

Sem direito a voto nas decisões de política monetária neste ano, Evans disse que projeta que as taxas de juros dos Fed Funds terminem este ano na faixa entre 3,25% e 3,50%. Para o fim de 2023, a expectativa dele é de que elas estejam entre 3,75% e 4,00%.

Atualmente, ela está entre 2,25% e 2,50%. Caso o quadro fique melhor que o esperado, as altas poderiam ser menores do que as hoje projetadas, acrescentou.

Ele se disse “otimista” com a possibilidade de que o núcleo do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) possa ficar “mais perto de 2,5%” em 2023. A meta do Fed é de inflação em 2%.

Evans afirmou não prever uma recessão econômica nos EUA e acrescentou que deve haver crescimento econômico no segundo semestre. Para 2023, ele projetou crescimento de “1,5% a 2,0%”, e depois disso o avanço do PIB deve retornar um quadro mais “normal”, após o impulso com a reabertura após a pandemia.

Saiba mais em:

Dirigente vê dado de inflação como positivo, mas diz que Fed seguirá com aperto nos EUA

CPI

Investidores monitoram mais detalhes sobre a divulgação do CPI nos Estados Unidos. Segundo o Departamento do Trabalho americano, o indicador ficou estável em julho, porque o preço da gasolina recuou 7,7% e compensou as altas nos índices de alimentação e residência.

O recuo na gasolina (e também do gás natural) fez com que o índice de energia caísse 4,6% em julho, apesar de o preço dos alimentos ter continuado a subir (+1,1%). Em 12 meses, a inflação dos alimentos acumula alta de 10,9%.

Já o núcleo do CPI, que exclui alimentos e energia (cujos preços são mais voláteis), subiu 0,3% na comparação mensal (a menor alta desde março) e 5,9% na anual.

Varejo

A divulgação dos números do varejo são destaque na agenda local. De acordo com o IBGE, o volume de vendas no setor em junho recuou 1,4%. Essa foi a segunda queda consecutiva e o pior resultado mensal desde dezembro de 2021 (quando a queda foi de 2,9%).

Na comparação com junho de 2021, a queda foi de 0,3%. Os resultados vieram pior que o esperado, pois o mercado projetava queda de 1,0% na base mensal e estabilidade (0,0%) na anual, segundo a Refinitiv.

No primeiro semestre do ano, há uma alta acumulada de 1,4% frente ao mesmo período de 2021, segundo o IBGE.

A retração na comparação com maio foi disseminada por sete das oito atividades investigadas pela pesquisa. Duas delas tiveram maior influência sobre o índice geral do varejo: tecidos, vestuário e calçados, com queda de 5,4%, e hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, segmento que recuou 0,5% no período.

Já no comércio varejista ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, o volume de vendas recuou 2,3% ante maio e 3,1% ante junho de 2021.