Tesouro Direto: taxas dos títulos públicos recuam com maior aversão a risco, queda no preço de algumas commodities e fluxo de capital estrangeiro

Papéis prefixados ofereciam até 11,73% ao ano, enquanto os atrelados à inflação entregavam retornos reais de até 5,66%

Bruna Furlani Katherine Rivas

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A maioria dos títulos públicos opera com queda nas taxas na tarde desta segunda-feira (14). Para Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, foram três fatores que movimentaram os mercados: o primeiro é a queda no preço de algumas commodities (agrícolas e metálicas) que acabaram pressionando os juros de curto prazo. Borsoi explica que esse movimento acaba tirando parte da pressão inflacionária das taxas de juros.

Segundo o economista-chefe, outro fator é o fluxo de capital estrangeiro que está indo para a bolsa e para os títulos públicos, o que acaba comprimindo a taxa de juros local. Pesa ainda o movimento de aversão ao risco, que é fruto das tensões entre a Rússia e Ucrânia.

Dentro do Tesouro Direto, as taxas dos títulos prefixados de curto prazo operam em estabilidade, enquanto os retornos de longo prazo recuam, na última atualização do dia.

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O Tesouro Prefixado 2031, com juros semestrais, entregava às 15h49 uma rentabilidade anual de 11,52%, inferior aos 11,54% vistos na sexta-feira (11).

Nos títulos atrelados à inflação, o Tesouro IPCA+  2026 apresentava uma rentabilidade real de 5,33%, abaixo dos 5,35% da sessão anterior. Já as taxas do Tesouro IPCA+ 2035 e do Tesouro IPCA+ 2045 operavam ambas com um retorno real de 5,65%, inferior aos 5,69% da semana passada.

Enquanto o Tesouro IPCA+ 2055, com juros semestrais, oferecia uma rentabilidade real de 5,66%, abaixo dos 5,68% vistos na sexta-feira.

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Atenção ainda para os títulos com vencimento em 2030 e 2040 com juros semestrais, que seguiam com as negociações suspensas porque o pagamento de cupom ocorre nesta terça-feira (15).

Por regra do Tesouro Direto, o investimento em títulos que oferecem cupons de juros é suspenso quatro dias úteis antes da data do pagamento. Da mesma forma, há mudanças nos resgates, que são interrompidos dois dias úteis antes do pagamento do cupom.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta segunda-feira (14): 

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Escalada da tensão Rússia e Ucrânia e impacto nas commodities

Na cena externa, o foco do mercado está na escalada das tensões entre Rússia e Ucrânia. De acordo com a Reuters, autoridades seniores dos EUA disseram ontem que não poderiam confirmar que relatórios de inteligência do país indicam que a Rússia está planejando invadir a Ucrânia na quarta-feira (16), mas afirmaram que tentariam evitar qualquer “ataque surpresa” compartilhando o que sabem sobre os planos da Rússia.

Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, repetiu que uma invasão russa pode começar em qualquer dia, e o presidente americano Joe Biden afirmou que ele apoiará a Ucrânia após uma invasão e defenderá o território da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Um telefonema no fim de semana entre Biden e o presidente russo, Vladimir Putin, no qual Biden tentou dissuadir Putin de atacar a Ucrânia, não trouxe nenhum avanço nas negociações.

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Diante desse cenário, os preços do petróleo atingiram nesta segunda-feira seu maior nível em mais de sete anos. Por volta das 16h (horário de Brasília), os contratos de petróleo do tipo Brent e do tipo WTI eram negociados com alta de mais de 2%.

Dirigente do Fed reitera defesa por alta de juros

O presidente da distrital do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em St. Louis, James Bullard, afirmou, nesta segunda-feira 14), que a credibilidade da autoridade monetária está em jogo, em meio à escalada da inflação nos Estados Unidos.

Em entrevista à CNBC, o dirigente afirmou que cabe ao presidente da instituição, Jerome Powell, decidir o cronograma de alta de juros, mas repetiu que defende aumento em 100 pontos-base na taxa básica até 1º de julho. Para ele, esse processo pode ocorrer de maneira “organizada”, sem provocar turbulências nos mercados.

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Bullard, que tem direito a voto nas reuniões do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) este ano, já havia argumentado em favor de uma normalização mais agressiva na última quinta-feira. Nesta segunda-feira, ele afirmou que o argumento é “bom” e que tentará convencer o restante do Comitê a segui-lo.

O dirigente acrescentou que o conjunto das quatro leituras mais recentes de inflação ao consumidor nos EUA o levou a revisar suas expectativas para a política monetária.

De acordo com ele, o Fed precisa garantir ao público que retomará o controle do quadro inflacionário e que está comprometido com a meta de 2%.

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Bullard ainda disse que a redução do balanço de ativos deveria começar no segundo trimestre e que, apesar disso, o Fed não estaria impondo uma política “restritiva”, apenas retirando o elevado nível de acomodação monetária.

Relatório Focus

Enquanto isso, na cena local, o destaque está no Relatório Focus, divulgado hoje pelo Banco Central, com as projeções para a economia brasileira. Embora as estimativas para a Selic deste ano tenham subido, não houve mudança nas expectativas para os juros em 2023, que seguiram em 8% ao ano.

Não houve alterações também nas projeções de avanço da inflação no ano que vem, que continuaram em 3,50%. O percentual segue abaixo do centro da meta oficial, que é de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Já com relação ao Produto Interno Bruto (PIB), a estimativa de crescimento seguiu em 0,3% para 2022, mas caiu para 1,5% em 2023, ante 1,53% previstos anteriormente.