As taxas dos títulos públicos operam em direção mista nesta sexta-feira (25), contrastando com o avanço do dólar frente ao real e do S&P, como consequência da divulgação do Índice de Preços das Despesas de Consumo Pessoal (PCE) dos Estados Unidos.
Segundo Bruno Martins, gestor de renda fixa da Warren, o índice veio forte sinalizando o avanço da economia americana. A inflação PCE de janeiro avançou 0,6%, já no acumulado de 12 meses a alta foi de 5,1% – maior número desde 1983.
“O dólar sai do Brasil e vai para os Estados Unidos, o que corrobora a alta da moeda contra o real e a valorização do S&P 500”, explica Martins.
O gestor cita ainda que apesar dos contínuos relatos do avanço das tropas russas, o mercado parece estar em ritmo de espera. Ele aponta que as sanções anunciadas recentemente pelos Estados Unidos e a União Europeia foram mais suaves do que esperado pelo mercado. Até o momento, nenhuma menção de confronto armado foi levantada pelos americanos.
Em relação aos títulos públicos brasileiros, Martins defende que o mercado parece já ter se ajustado à surpresa em relação ao IPCA-15, divulgado no meio da semana.
Dentro do Tesouro Direto, as taxas do título prefixado de curto prazo subiam, enquanto as de longo prazo recuavam.
Na segunda atualização da tarde, o Tesouro Prefixado 2025 entregava uma rentabilidade anual de 11,48%, superior aos 11,45% vistos ontem. Enquanto o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, registrava uma rentabilidade anual de 11,64% às 15h17, inferior aos 11,66% da quinta-feira (24). Já o Tesouro Prefixado 2029 permaneceu estável.
Nos títulos atrelados à inflação, apenas o Tesouro ICPA+ 2035 e o Tesouro IPCA+ 2045 recuavam 4 pontos-base. A rentabilidade real dos títulos era de 5,72%, abaixo dos 5,76% registrados na sessão anteriores. As taxas dos outros títulos atrelados ao IPCA operavam em estabilidade.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta sexta-feira (25):
Fonte: Tesouro Direto
Rússia X Ucrânia
Forças russas perderam força na invasão da Ucrânia, diz EUA. As tropas não estão avançando tão rapidamente quanto a inteligência norte-americana estimou, informou o New York Times.
De acordo com o Pentágono, “o impulso dos russos em termos de progresso para Kiev diminuiu”. O departamento de defesa dos EUA ressaltou que os combates em andamento dentro e ao redor de várias cidades ucranianas, mostram uma resistência mais dura.
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As negociações diplomáticas entre Rússia e Ucrânia foram pausadas, segundo informou a Agência Russa Tass.
O lado ucraniano fez uma pausa na questão das negociações com a Rússia, informou o secretário de imprensa do presidente da Federação Russa, Dmitry Peskov. Mais cedo, surgiram notícias sobre a possibilidade de, enfim, Moscou e Kiev sentarem à mesa.
A pausa se deu porque a Ucrânia propôs Varsóvia em vez de Minsk como palco das conversas. Minsk é capital da Bielorrússia, aliada declarada da Rússia.
“Os ucranianos chegaram a considerar Minsk e que agora querem ir para Varsóvia “, disse ele, que, em seguida, revelou a pausa nas negociações.
Inflação PCE nos Estados Unidos
A inflação PCE de janeiro avançou 0,6%, ante consenso de alta de 0,2%
Na base anual, índice PCE teve variação de 6,10%, ante 5,90% em dezembro. No acumulado de 12 meses, a alta é de 5,1%, maior número desde 1983.
Núcleo do PCE, que exclui gastos com alimentos e energia, avançou 0,50% no primeiro mês de 2021, dentro do consenso do mercado. No ano, alta foi de 5,20%.
No Brasil
Aparentemente, o governo estaria pronto para cortar IPI em 25% em tentativa de conter a inflação.
Segundo a Reuters, a medida visa ainda dar um impulso à indústria, de acordo com quatro fontes do Ministério da Economia ouvidas pela reportagem.
O governo consultou o TSE sobre a viabilidade da medida em ano eleitoral, disseram três das fontes, que falaram sob a condição de anonimato, mas o órgão ainda não se pronunciou.
Duas das fontes destacaram que a iniciativa foi um ato de cautela e que o endosso do tribunal não é obrigatório.
O IPI é um imposto regulatório e a redução de sua alíquota depende apenas de um decreto presidencial.
IGP-M e governo central
O destaque da agenda econômica está nos dados divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV) do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), que subiu 1,83% em fevereiro, ante 1,82% no mês anterior.
A expectativa do mercado era de avanço mensal de 1,65%. Com esse resultado, o índice acumula alta 3,68% no ano e de 16,12% em 12 meses. Em fevereiro de 2021, o índice havia subido 2,53% e acumulava alta de 28,94% em 12 meses.
Também na agenda econômica, as contas do governo central (que reúne Tesouro, Banco Central e INSS) registraram em janeiro o maior superávit para o mês desde o início da série histórica, em 1998. A diferença entre receitas e despesas ficou positiva em R$ 76,5 bilhões – ante R$ 43,5 bilhões há um ano.
No acumulado de 12 meses, o resultado, no entanto, ainda é negativo em R$ 9,7 bilhões, equivalente a 0,02% do PIB. A meta fiscal de 2022 admite um déficit primário de até R$ 170,5 bilhões, mas o governo espera um rombo inferior a R$ 100 bilhões.
Em janeiro, as receitas tiveram alta real de 17,8% em relação ao mesmo mês de 2021. Já as despesas subiram 2,2%, descontada a inflação, principalmente por conta do pagamento de benefícios do Auxílio Brasil em janeiro de R$ 7,2 bilhões, ante R$ 3 bilhões do antigo Bolsa Família no mesmo mês do ano passado.