Tesouro Direto: juros de títulos públicos recuam com fala de Lula e alívio nos rendimentos dos papéis do Tesouro americano

Tesouro Prefixado 2024 teve a queda mais pronunciada na tarde desta quarta-feira entregando retorno anual de 11,47%

Bruna Furlani Katherine Rivas

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Os títulos do Tesouro Direto seguem em queda na tarde desta quarta-feira (19), segundo agentes de mercado dois motivos pressionam os juros. O primeiro é a fala do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que comentou em coletiva de imprensa que não vê problemas em fazer aliança com Geraldo Alckmin para derrotar Bolsonaro.

Analistas afirmaram que a declaração foi vista pelo mercado como sinalização de responsabilidade fiscal em um eventual governo petista.

Contudo, o segundo motivo seria o mais importante: a estabilização do rendimento dos Treasuries – títulos do Tesouro americano. O mercado está aflito com o fato de que o Federal Reserve (FED), que é o banco central americano, apontou que pretende controlar a inflação subindo juros enquanto diminui o seu balanço.

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Na leitura do mercado, isso poderia provocar um efeito parecido ao de uma política monetária mais contracionista, o que faria com os juros não tivessem que subir tanto, motivo pelo qual os Treasuries recuam nesta quarta-feira.

Dentro do Tesouro Direto, a queda foi mais pronunciada nos papéis prefixados de curto prazo, como é o caso de Tesouro Prefixado 2024. Ontem, o título oferecia um retorno de 11,73% ao ano e na última atualização desta quarta-feira (19), o papel entregava um juro de 11,47% ao ano.

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Os títulos prefixados de longo prazo também recuavam, é o caso do papel com vencimento em 2026 que caía para 11,22% ao ano, às 15h20, frente aos 11,47% oferecidos ontem. O prefixado com vencimento em 2031, e pagamento de juros semestrais, também recuou de 11,52% para 11,31% na tarde desta quarta.

Entre os papéis atrelados à inflação, na segunda atualização da tarde, o Tesouro IPCA+ 2026 foi o mais impactado, oferecendo um retorno real de 5,31% ao ano, frente aos 5,44% do dia anterior.

Já os títulos Tesouro IPCA+ 2040 e Tesouro IPCA+ 2055, com pagamento de juros semestrais, ofereciam retornos reais de 5,64% e 5,67% ao ano, respectivamente.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta quarta-feira (19): 

Cenário Local

Na agenda local, o Ministério da Economia divulgou hoje que prevê crescimento de 2,1% do PIB em 2022, apesar da ômicron. Para a equipe de Paulo Guedes, a economia brasileira deverá ser impactada positivamente pela absorção de cerca de 5 milhões no mercado de trabalho, a maior parte deles na economia informal.

Agentes do mercado, entretanto, projetam alta de apenas 0,29%, de acordo com o Boletim Focus mais recente. Segundo a Reuters, uma fonte da equipe econômica federal, que falou em condição de anonimato, o desempenho não considera uma piora da pandemia, algo ainda visto com cautela.

Dupla Lula – Alckmin

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, comentou em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (19) que não vê problemas de fazer aliança com Geraldo Alckmin para derrotar Bolsonaro.  “Temos divergências, visões de mundo diferentes, mas isso não impede de colocar as divergências em um canto e as convergências em outro para poder governar. Não terei nenhum problema se tiver que fazer aliança com o Alckmin para ganhar as eleições e governar esse país”, apontou.

Segundo André Perfeito, economista-chefe da Necton, a fala de Lula  foi vista como uma sinalização de responsabilidade fiscal por parte de um eventual governo petista, justificando assim a queda dos juros mais longos. “Aos poucos, o mercado está incorporando de fato a perspectiva de Lula ganhar, mas é necessário dizer que ainda tem que passar muita água por debaixo desta ponte”, avalia.

Para Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos, a sinalização de poucas surpresas na cena política deve trazer alívio para os juros e o mercado nas próximas semanas, com o fechamento da curva saindo de um pico para um cenário melhor impactando títulos prefixados e atrelados ao IPCA. “Lula está sinalizando ao mercado de que vai em direção ao centro e que não fará nada muito diferente do que ocorreu no primeiro governo dele”, afirma.

Inflação americana

O banco UBS vê inflação “robusta” nos EUA pelos próximos meses, com queda só a partir do 2º trimestre. Para os analistas, os preços devem arrefecer no final do primeiro trimestre ou início do segundo. O quadro atual, segundo o UBS, é de índices de atrasos de entrega diminuindo; aumentos moderados nos aluguéis e nos preços de carros usados no atacado; e desaceleração no aumentos nos preços do petróleo e de outras commodities, assim como nos custos de envio.

“Em nossa projeção, a inflação em 12 meses atinge picos de 7% em janeiro e fevereiro, e o núcleo de inflação em 6% em fevereiro e março”, dizem os analistas.

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