Tesouro Direto: taxas dos títulos públicos sobem com dólar, Treasuries e de olho na ata do Fed

Números de inflação recentes preocupam agentes de mercado; prefixados oferecem até 11,37%

Bruna Furlani | Katherine Rivas

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As taxas dos títulos públicos operam em alta nesta terça-feira (5), acompanhando o movimento do dólar e dos Treasuries – títulos do Tesouro americano.

Segundo Cristiane Quartalori, economista do Banco Ourinvest, os juros engataram hoje um comportamento de alta influenciados pelo avanço da moeda americana e dos Treasuries, que sobem com expectativa do mercado para a ata do Federal Reserve (Fed), banco central americano, que será divulgada amanhã (6).

No cenário local, Cristiane afirma que embora o banco central brasileiro tenha sinalizado que pretende encerrar o ciclo de aperto monetário em maio, os números mais recentes de inflação seguem pressionando e podem contribuir para um aumento adicional dos juros.

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Dentro do Tesouro Direto, o título público de médio prazo apresentava a maior alta nas taxas. O Tesouro Prefixado 2029 oferecia uma rentabilidade anual de 11,28%, superior aos 11,10% vistos ontem.

Enquanto o Tesouro Prefixado 2025 e o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, entregavam um retorno anual de 11,34% e 11,37%, respectivamente, acima dos 11,18% e 11,20% da sessão anterior.

Nos títulos atrelados à inflação, a maior alta era nas taxas do Tesouro IPCA+ 2026. O título público oferecia uma rentabilidade real de 5,10% nesta terça-feira (5), superior aos 5,00% registrados ontem.

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Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta terça-feira (5): 

Radar externo

Esther George, presidente do Fed de Kansas City não se compromete a apoiar alta de 50 pontos-base na reunião de maio.

Em entrevista à Bloomberg, George disse que um aumento nesse nível “é uma opção que consideraremos entre outras coisas”. Para ela, o Fed deve agir de modo “bastante intencional e deliberado”.

Em sua visão, é possível que a acomodação monetária se dê em um ritmo mais rápido que no ciclo anterior.

Esther George afirmou ainda projetar que o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos irá desacelerar com menor suporte fiscal. (Estadão Conteúdo)

Greve do BC

O Banco Central afirmou, em resposta ao questionamento do Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), que as divulgações como o Boletim Focus e os indicadores selecionados só irão ocorrer no fim da greve dos servidores da autarquia. Já a produção de apresentação de conjuntura para o Comitê de Política Monetária (Copom) é considerada atividade essencial e será mantida durante o movimento.

“O BC segue coletando dados e divulgará as notas, o Indeco e o Focus após o fim da greve. A produção das apresentações de conjuntura para o Copom é atividade essencial e, portanto, será realizada durante a greve”, afirmou o BC, em nota.

A greve já atrasa o Boletim Focus, os indicadores selecionados (Indeco), como movimento de câmbio contratado, e as notas de crédito, setor externo e fiscais do BC.

Como mostrou o Broadcast, economistas do mercado financeiro se mostram preocupados com o “apagão de dados” que pode ser provocada pela greve dos servidores a um mês do Copom, que ocorre nos dias 3 e 4 de maio. As expectativas de inflação, por exemplo, são variáveis importantes na decisão do colegiado.

A greve foi iniciada na última sexta, 1º de abril, e tem prazo indeterminado, em busca de reestruturação de carreira e recomposição salarial de 26,3%.

Politica monetária

O economista Diogo Abry Guillen é o indicado ao cargo de diretor de Política Econômica do Banco Central. Para ele, a meta de inflação definida “parece apropriada”: “no horizonte relevante, BC vê inflação na meta”, afirmou, em sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

Questionado por senadores, Guillen afirmou que as bandas em torno da meta existem para absorção desses choques e não devem ser alteradas. “A meta tem papel de convergência e ancoragem de expectativas. Bandas em torno da meta têm papel de absorção desses choques”, completou. Para ele, alterar o objetivo diante de choques não é benéfico.

A meta é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e que o BC tem de persegui-la: “quando se eleva a meta de inflação, também aumentam as expectativas e a indexação. A credibilidade da meta ajuda em ancoragem de expectativas. A meta não deve ser alterada por conta de choque, pois altera a convergência de expectativas”, disse. (Estadão Conteúdo)