Temor de relação mais tensa com Biden acelera venda de eurobônus

Rússia, China, Hungria e empresas do Oriente Médio acessaram os mercados para fixar juros antes que os rendimentos e as oscilações aumentem

Bloomberg

Joe Biden (Foto: Facebook/Joe Biden)

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(Bloomberg) — Há um novo padrão que se destaca nas últimas emissões de eurobônus de economias em desenvolvimento: são principalmente de países que podem não se sair tão bem quando Joe Biden entrar na Casa Branca.

Na semana passada, Rússia, China, Hungria e várias empresas do Oriente Médio acessaram os mercados de capitais internacionais, ostensivamente para fixar juros antes que os rendimentos e as oscilações de preços aumentem no próximo ano. O rendimento médio de títulos em dólar de mercados emergentes caiu para uma mínima histórica nesta semana, de acordo com os índices Bloomberg Barclays.

“Vemos emissões de regiões que poderiam estar mais sob estresse de uma potencial presidência de Biden”, disse Sergey Dergachev, gestor da Union Investment Privatfonds, em Frankfurt, que ajuda a administrar cerca de 13 bilhões de euros (US$ 15,4 bilhões) em dívidas de mercados emergentes. Os emissores buscam colocar ofertas enquanto os “custos de financiamento e a volatilidade relativa ainda estão baixos”, disse.

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A última a entrar na onda foi a gigante de energia Saudi Aramco, que deu início a uma venda de títulos na terça-feira. A empresa pode levantar cerca de US$ 6 bilhões para ajudar a financiar o pagamento de dividendos, de acordo com pessoas a par do assunto. A Dubai Aerospace Enterprise também está entre emissores corporativos do Golfo que acessaram o mercado em novembro. O Dubai Islamic Bank vendeu US$ 1 bilhão em títulos sukuk na semana passada.

As emissões destacam a possível pressa de alguns países em acessarem os mercados internacionais de títulos antes que as relações com os EUA esfriem. Uma Casa Branca com Biden pode resultar em maior escrutínio dos direitos humanos e restauração das normas diplomáticas contornadas pelo presidente Donald Trump.

A Rússia vendeu 2 bilhões de euros em títulos na semana passada em sua primeira oferta de duas tranches em moeda comum. Os títulos russos e o rublo foram atingidos no início do ano por especulações de que uma vitória de Biden poderia significar sanções mais duras. No último debate antes da eleição de 3 de novembro, o democrata advertiu que qualquer país que interferisse nas eleições dos EUA “pagaria um preço”, acrescentando que está claro que a Rússia já está envolvida.

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A Hungria, que está mergulhada em uma disputa com a União Europeia por questões de estado de direito, acessou o mercado no mesmo dia que a Rússia, o que marca seu ano mais movimentado em emissões ao oferecer 2,5 bilhões de euros para ajudar a pagar dívidas com vencimento em 2021.

A China aproveita a “janela de oportunidade” antes da mudança de liderança dos EUA, de acordo com Dergachev. Também é guiada pelo “medo de maior escalada com o governo Trump antes de 20 de janeiro”, disse.

Ainda assim, alguns veem a corrida por emissões de dívida como uma evidência dos juros baixos. O “crédito do mercado emergente está atualmente em uma posição ideal”, disse Trieu Pham, estrategista do ING, em Londres. “Os rendimentos estão em mínima histórica para a maioria de emissores de mercados emergentes com classificações mais altas, mas isso pode mudar se os rendimentos do Tesouro dos EUA começarem a subir.”

O México vendeu US$ 3,625 bilhões em títulos na segunda-feira para alongar os vencimentos da dívida, potencialmente abrindo a porta para que outros grandes emissores latino-americanos tirem proveito dos baixos rendimentos recordes em dólar.

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