Taxas de títulos do Tesouro Direto recuam em dia de IPCA-15 e ata do Copom

Indicador teve alta de 0,78% em janeiro, abaixo da expectativa dos economistas, mas com o maior resultado para o mês desde 2016

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – Os títulos públicos do Tesouro Direto apresentam queda na tarde desta terça-feira (26), em dia de divulgação de dados de inflação e ata do Comitê de Política Monetária (Copom).

Em janeiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial, registrou alta de 0,78% ante dezembro, abaixo da expectativa dos economistas consultados pela Refinitiv, que apontava para avanço de 0,81% na comparação mensal.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), este é o maior resultado para um mês de janeiro desde 2016, quando a inflação foi de 0,92%. Em 12 meses, o indicador acumula inflação de 4,30%.

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No Tesouro Direto, o título prefixado com vencimento em 2026 pagava um prêmio anual de 7,22%, ante 7,37% na tarde de sexta-feira (22). O Tesouro Direto não teve negociações ontem (25).

O juro pago pelo mesmo papel com juros semestrais e prazo em 2031, por sua vez, cedia de 7,95% para 7,78% ao ano.

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Entre os indexados à inflação, o papel com vencimento em 2035 pagava uma taxa anual de 3,74%, contra 3,78% na sessão anterior. Já o Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2040 oferecia um prêmio de 3,86%, ante 3,88% ao ano anteriormente.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos nesta terça-feira (26):

Fonte: Tesouro Direto

Coronavírus e risco fiscal

Ainda entre os destaques do dia na cena doméstica, os investidores monitoraram a participação do ministro da Economia, Paulo Guedes, no evento do Credit Suisse Latin America Investment Conference (LAIC) e repercutiram a ata da última reunião do Copom, do Banco Central.

Na semana passada, o BC manteve a taxa básica de juros inalterada em 2% ao ano, mas retirou o mecanismo de forward guidance (prescrição futura, em tradução livre), dando margem para a interpretação de uma elevação da Selic no futuro.

No documento, divulgado nesta manhã, a autoridade monetária reforçou que, apesar da pressão inflacionária mais forte no curto prazo, os choques são temporários e reiterou que o fim do forward guidance “não implica mecanicamente uma elevação da taxa de juros, pois a conjuntura econômica continua a prescrever, neste momento, estímulo extraordinariamente elevado frente às incertezas quanto à evolução da atividade”.

Na avaliação de Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs, a ata veio mais hawkish (política de austeridade mais forte) que o comunicado divulgado após a reunião, sinalizando altas dos juros no curto prazo, a depender de dados da evolução da pandemia, atividade econômica e política fiscal.

“Dada a linguagem adotada na ata, uma alta da Selic na reunião de 17 de março é uma possibilidade crescente”, escreve Ramos, em relatório.

Durante o evento virtual do Credit Suisse, o ministro Paulo Guedes admitiu a possibilidade de o governo federal adotar novas medidas de estímulo, diante do agravamento da situação da Covid-19 no Brasil.

Segundo ele, caso o número de mortes pelo novo coronavírus siga crescendo no país e o governo fracasse na vacinação da população, o auxílio emergencial pode voltar. Leia mais aqui

No que tange às vacinas, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, informou, em carta ao ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, a liberação de 5,4 mil litros de insumos necessários para fabricação da vacina Coronavac, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac.

Os insumos devem ser suficientes para produzir 8,5 milhões de doses da Coronavac e imunizar 4,25 milhões de pessoas, dado que a vacina é aplicada em duas doses.

Cena externa

Na cena externa, os investidores repercutiram hoje as dificuldades de aprovação do pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão do governo de Joe Biden, nos Estados Unidos.

O líder democrata do Senado, Chuck Schumer, disse que pretende ter tudo aprovado até meados de março, quando acabam os benefícios para desempregados do pacote anterior.

Destaque também para a aprovação da indicação de Janet Yellen para a Secretaria do Tesouro dos EUA e para o artigo do processo de impeachment contra o ex-presidente Donald Trump, que foi enviado ontem pela Câmara dos Representantes ao Senado americano.

Ainda nos EUA, os investidores monitoraram os resultados corporativos referentes ao quarto trimestre de 2020, com a divulgação dos números da General Electric, Microsoft, Johnson & Johnson e outras grandes empresas americanas.

Na Europa, atenção para a crise política na Itália, após o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, renunciar ao cargo nesta terça. O movimento ocorre após semanas de tensão entre Conte e Matteo Renzi, líder de um partido menor da coalizão que sustentava o governo.