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O renomado gestor Luis Stuhlberger, da Verde Asset, afirmou nesta segunda-feira (29) que o dólar deve sofrer uma forte desvalorização nos próximos anos, em um movimento acelerado pela queda dos juros nos Estados Unidos e pela busca global por ativos reais – que pode trazer desafios grandes para quem chegar depois na “corrida”.
“Daqui a um ano ou dois, os Fed Funds podem estar, por exemplo, em 2,5%. Na hora que isso acontecer, o hedge para sair do dólar, se não acontecer antes, vai ser forte e vai desvalorizar mais. Eu acredito nisso”, disse Stuhlberger durante evento promovido pelo Itaú BBA, em São Paulo.

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Ele observou que, apesar de ter caído cerca de 10% em 2025, a moeda americana ainda opera acima de sua média histórica. “O dólar index ainda está acima do valor histórico por uns 10% ou 15%. Se desvalorizar mais 10% não vai estar longe do valor médio de longo prazo.”
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Stuhlberger ressaltou que não há alternativas simples entre outras moedas e que o movimento já em curso é de migração para ativos reais. “Esse movimento muito forte para a ida para ativos reais, que não são fiat currencies, nós estamos no meio dele”, falou, listando ativos como ouro, Bitcoin (BTC), prata, cobre, urânio e ações de infraestrutura.
O gestor alertou, porém, para o risco de entrar tarde demais nessa corrida. “O problema de você comprar ouro a US$ 10 mil ou Bitcoin a US$ 500 mil é que você não quer ter dólar, então você se dá um autocalote comprando uma coisa duas ou três vezes o que ela vale, para sair do dólar. Só que quanto você está se dando esse autocalote, ou quanto você está no meio dessa corrida anti-dólar, ninguém sabe.”

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No mesmo painel, Rodrigo Azevedo, sócio da Ibiuna Investimentos, reforçou a expectativa de enfraquecimento da moeda americana, mas destacou que o processo será gradual e está ligado à realocação global de capitais.
“No curto prazo, sou da opinião de que ele [o dólar] vai continuar depreciando”, disse. Segundo o gestor, após anos de desempenho superior da economia americana, investidores estão “sobrealocados” em ativos dos EUA. “Você chega em 2025 com todo mundo com a poupança média global sobrealocada em Estados Unidos. Então só esse movimento de você tirar os EUA do overweight e trazer para uma alocação mais neutra já causa a desvalorização da moeda.”
Azevedo ponderou, contudo, que os impactos da inteligência artificial podem alterar esse quadro. “Se os Estados Unidos, que são o epicentro dessa pesquisa, tiverem ganhos de produtividade descomunais, isso poderia mitigar o processo de depreciação ou até manter o dólar valorizado. Mas é muito difícil mensurar esse impacto agora.”