SPX: efeito inicial de alta da inflação é positivo, mas “riscos estão se acumulando”

Em abril, fundo multimercado SPX Nimitz perdeu 0,06%, mas, no ano, rende 7,32%

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – Os fortes estímulos fiscais adotados ao redor do mundo na crise e uma ação conjunta de bancos centrais prometendo juros baixos por um longo período têm levado a uma inflação mais alta que o esperado.

Ainda que esse efeito inicial possa ser positivo, com queda de juros reais e um “grande estímulo” à atividade econômica, o investidor precisa estar atento ao cenário mais à frente, destacou a SPX Capital, em carta enviada aos cotistas do fundo Nimitz referente a abril. “O plano, até agora, parece estar funcionando, mas os riscos trazidos pela expansão monetária e fiscal estão se acumulando”, disse a asset.

A avaliação é de que o passado recente de inflação global baixa deixará os agentes de mercado mais lenientes, o que pode fazer com que a alta da inflação seja mais persistente. “Os efeitos negativos só aparecem mais à frente, quando os bancos centrais tiverem que acabar com a festa, ou quando os mercados, sempre de forma inesperada, não corroborarem as expectativas embutidas nos planos de ação das autoridades monetárias.”

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No Brasil, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 6,76% em 12 meses até abril. Nos EUA, a inflação subiu 0,6% em março, na maior alta deste agosto de 2012, alimentando as preocupações de que o Federal Reserve (o banco central americano) possa encurtar seu cronograma para reduzir os estímulos.

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Segundo a gestora de Rogério Xavier, apesar de o cenário macroeconômico estar bastante incerto por conta dos efeitos da pandemia, existem forças que sustentam uma inflação global mais forte nos próximos anos.

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“No curto prazo, a aceleração da atividade econômica, em conjunto com diversos gargalos na oferta, tende a pressionar os preços. No médio prazo, os enormes estímulos fiscais, em conjunto com posturas monetárias mais acomodatícias, tendem a pressionar as expectativas de inflação e os salários.”

De toda forma, a SPX se diz otimista com o cenário macroeconômico de curto prazo para a economia global.

“A combinação de condições monetárias estimulativas, uma demanda agregada global sustentada e maiores gastos em infraestrutura e investimento para transformar a matriz energética dos países mais ricos beneficiam os países emergentes, por meio de elevados preços das commodities e fluxos financeiros”, diz a gestora.

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E o Brasil pode se beneficiar deste cenário, destaca a SPX, com melhores perspectivas de crescimento da atividade, e pelos efeitos defasados dos estímulos monetários e fiscais como resposta à pandemia – ainda que a inflação permaneça acima do teto da meta “por algum tempo”.

Na avaliação da gestora, o maior desafio para o país recai sobre os ruídos fiscais. “Na ausência de uma política fiscal crível, será o nível de preços que irá equilibrar o orçamento intertemporal do governo.”

Principais alocações do fundo Nimitz

No Brasil, o SPX Nimitz tem posição comprada (com aposta na alta) em inflação implícita e aplicada (que se beneficia da queda dos prêmios) em juros reais na parte intermediária da curva.

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Na fatia de ações, o fundo está com alocações relativas e destaca as posições compradas nos setores de consumo, mineração e serviços financeiros.

No mercado internacional, a gestora aumentou a alocação comprada em Europa, de olho em uma recuperação econômica, enquanto, nos Estados Unidos, reduziu a exposição direcional e aumentou a posição relativa entre empresas que se beneficiam versus empresas que se prejudicam com a proposta de aumento de impostos corporativos.

Em abril, o fundo multimercado SPX Nimitz perdeu 0,06%, ante a variação de 0,21% do CDI. Já no ano, o fundo rende 7,32%, contra a variação de 0,69% do benchmark.