SPX diz que Brasil comete erros “não forçados” e que articulações em prol da terceira via “seguem confusas”

Casa diz que dados de atividade e efeitos defasados da política monetária também pioram o cenário e podem levar economia para recessão em meados de 2022

Bruna Furlani

Rogério Xavier, gestor da SPX, em evento do Credit Suisse (Crédito: Fotoka/Divulgação)

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O drible ao teto dos gastos, que fragiliza ainda mais o Brasil diante de um cenário complexo no exterior, tem causado preocupação na renomada gestora SPX, do gestor Rogério Xavier. Na tradicional carta enviada a clientes, a casa disse que o Brasil vem cometendo erros “não forçados”, fazendo referência a uma expressão utilizada no tênis quando um jogador comete erros não causados por um ataque do adversário.

Para a SPX, a razão é que ainda falta clareza sobre como o ocorrerá o furo no teto. Em paralelo, a inflação no País se deteriora, com destaque, segundo analistas da casa, para os núcleos que têm rodado a “níveis que não eram vistos há muito tempo”.

“O Banco Central tem reagido via aumento da Selic, porém não o suficiente para compensar a piora da inflação e das expectativas”, destacam os executivos na carta.

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Segundo a SPX, os dados recentes de atividade causaram surpresa negativa, o que, junto com os efeitos defasados da política monetária, deve levar a economia brasileira para uma recessão em meados de 2022. “Atualmente, projetamos uma queda de 0,5% do PIB no ano que vem”.

A estimativa é pior do que a mediana das projeções dos economistas consultados pelo Banco Central. De acordo com o último Relatório Focus, os agentes financeiros apontavam que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem seria de 0,51%, contra 0,58% no levantamento anterior. Semanalmente, contudo, os números têm passado por revisões para baixo.

Além de comentar sobre a piora das condições econômicas, os especialistas da gestora avaliaram que, no campo político, as articulações em torno de uma terceira via nas eleições do próximo ano “seguem muito confusas”.

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“A entrada do ex-juiz Sérgio Moro no jogo torna ainda mais difícil fazer previsões nesse momento”, observam. “Com sorte talvez o Brasil possa se tornar um lucky loser e avançar de fase, embora o mais recomendado fosse fazer o dever de casa e preparar o País para enfrentar as dificuldades que aparecerão”.

Posições

Ao comentar sobre as alocações da casa, os analistas da SPX afirmaram que a única mudança envolve a redução da posição em risco na renda variável internacional, privilegiando ativos “menos frágeis”, como empresas de qualidade nos Estados Unidos e setores mais defensivos.

Um mês antes, a casa tinha dito apenas que seguia com visão construtiva com a bolsa americana na comparação com bolsas emergentes.

Para os executivos da gestora, o debate sobre os altos níveis de inflação nos Estados Unidos deve fazer com que o Fed, banco central americano, inicie o processo de alta de juros a partir do primeiro trimestre de 2022 e realize um total de quatro altas no ano.

Já ao comentar sobre Bolsa local, os analistas disseram que seguem com alocações compradas – ou seja, apostam na valorização dos papéis – no setor financeiro contra o índice Ibovespa e posições relativas em consumo, transporte e commodities.

A casa também mantém a aposta na alta do dólar. Enquanto isso, no quesito juros internacionais, os analistas da SPX voltaram a dizer que as condições monetárias não estão calibradas para a rápida recuperação econômica e elevadas taxas de inflação.

Logo, a expectativa, segundo eles, é que esse desequilíbrio seja corrigido e resulte em taxas de juros globais mais elevadas. Da mesma forma, no Brasil, os executivos reiteraram que seguem apostando na alta da inflação implícita (diferença entre a taxa de juros real e a nominal) e na desinclinação da parte curta da curva de juros – entendida por especialistas do mercado como expectativa de redução da diferença entre os juros curtos e longos –, dada “a postura mais incisiva do Banco Central na condução da política monetária”.

Sobre as alocações em crédito, os especialistas da SPX pontuaram que continuam “leves em termos de alocação na América Latina”, mas que estão atentos às oportunidades observadas após o desempenho negativo do mercado ao longo dos últimos meses.

Já sobre os Estados Unidos, a equipe destacou que, com o processo de redução gradual de compras de títulos pelo Fed, os ativos que mais se beneficiaram, naturalmente, sofrerão mais, à medida que a liquidez for removida. Por essa razão, eles preferiram manter alocações em energia e transportes, ainda com nível geral de risco baixo.

A casa também informou que manteve alocações que apostam na alta de commodities ligadas à energia, metais industriais e crédito de carbono.

Em novembro, o SPX Nimitz rendeu 0,11%, ante um CDI de 0,59% no mesmo período, sendo que boa parte do desempenho positivo veio da posição em moedas. Já no acumulado de 2021, o rendimento do fundo é de 9,76%, contra 3,60% do CDI.

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