SPX alerta que bancos centrais correm risco de “dosar errado o aperto” dos juros

Em carta aos cotistas, gestora explica que maior parte do ganho em abril do fundo Nimitz veio de posições em juros e moedas

Bruna Furlani

(Getty Images)

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Após obter um retorno de 7,34% em março, o maior ganho mensal desde que foi criado em 2010, o fundo SPX Nimitz teve ganho de 3,54% em abril. No ano, a rentabilidade chega a 17,15%, mais de cinco vezes a taxa do CDI, muito usada como referência de retorno para os multimercados. O fundo faz parte do portfólio da SPX, gestora de Rogério Xavier.

De acordo com carta mensal divulgada a clientes, os maiores ganhos vieram de posições em juros e moedas. Ao comentar sobre a primeira alocação, os analistas destacaram que a tarefa dos bancos centrais agora é árdua.

“Definir o nível adequado de juros será muito mais uma arte do que uma ciência exata”, afirmaram. “Assim, como o grau de estímulo parece ter sido exagerado, corremos um sério risco de também dosar errado o aperto”, acrescentaram os analistas da SPX.

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Segundo a gestora, apegar-se agora modelos teóricos para trazer a inflação para a meta parece uma “estratégia equivocada”.

Nesse sentido, eles ponderam que está mais do que na hora de reconhecer “a ausência de precisão dos instrumentos de política monetária e as possíveis consequências dessa limitação para a economia e os mercados”.

De olho no aperto monetário, a gestora destacou a manutenção das alocações que se beneficiam da alta das taxas, especialmente em países em que a SPX acredita que há um grande desequilíbrio entre as condições financeiras e os preços de mercado. Na prática, diz a carta, a maior aposta está em alguns países emergentes específicos.

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Ao comentar sobre o Brasil, a casa afirmou que segue com uma posição aplicada (que se beneficia da queda) em juros reais na parte intermediária da curva.

Em sua justificativa, a SPX destacou que a enorme expansão fiscal dos últimos dois anos nos países deu lugar a uma política contracionista recentemente. Nesse sentido, os analistas da casa afirmaram que as economias emergentes saíram na frente e já estão com os juros em nível restritivo.

Já as economias desenvolvidas, diz a carta, ficaram para trás e agora estão se movendo de forma mais acelerada, ao subir os juros em uma velocidade não vista há décadas, juntamente com a redução mais agressiva dos balanços.

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Mercado de ações: piora no cenário

A SPX destacou que reduziu posição comprada em ações na China, diante da deterioração do crescimento econômico. Nas últimas semanas, dados chineses apontaram enfraquecimento das exportações em abril, além de impactos nas cadeias produtivas com os bloqueios em várias cidades do país.

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A piora do ambiente macroeconômico também fez a gestora adicionar recentemente uma posição direcional vendida (apostando na desvalorização dos ativos) em ações europeias. Apesar disso, a casa conta que seguiu com alguma exposição ao continente, mas em temas específicos, como transição energética e setor de defesa.

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A gestora também manteve a alocação comprada em papéis mais defensivos e de qualidade nos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que continuou com posição vendidas em setores mais cíclicos do país.

Houve ainda manutenção na alocação no setor de consumo e transporte no Brasil, além das posições vendidas no setor financeiro e em posições relativas no setor de óleo e gás. Por outro lado, a SPX preferiu reduzir posições vendidas em empresas de tecnologia brasileiras listadas no exterior.

Commodities, câmbio e crédito

Foram feitas mudanças nas alocações de crédito nos Estados Unidos. A gestora destacou que reduziu alocações em títulos de empresas com investment grade (grau de investimento) para os menores valores dos últimos dois anos, de olho no deslocamento de preços causados pelo aumento da volatilidade.

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Já no mercado de crédito da América Latina, a casa disse que seguiu posicionada em nomes específicos, com maior exposição ao setor de óleo e gás, usando hedges (proteções) para imunizar movimentos de juros nos mercados desenvolvidos.

O portfólio de commodities também sofreu alterações na passagem de março para abril. Destaque para o encerramento da posição comprada em metais industriais, preciosos e de energia. Enquanto isso, houve manutenção da posição comprada em créditos de carbono e grãos.

Já as alocações em câmbio se mantiveram iguais em abril, com posições compradas em dólar contra uma cesta de moedas.

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