Conteúdo editorial apoiado por

“Sell in May and go away”? Nos EUA, tendência pode ter ido embora

Levantamento mostra perda de espaço da tendência de queda das bolsas americanas no meio do ano; veja como investidor pode lidar com isso

Leonardo Guimarães

Publicidade

Um velho jargão do mercado financeiro nos Estados Unidos instrui investidores a deixar suas posições em ações em maio e voltar a comprar com força total somente em novembro, ou “sell in May and go away” (venda em maio e vá embora, em tradução literal). Mas a ameaça vai se concretizar em 2024? Analistas ouvidos pelo InfoMoney não chegam a ver espaço para rali lá fora, mas questionam tendência de queda da bolsa americana nesse período, e até recomendam se expor ao mercado – se você for um investidor mais arrojado.

Tendência foi embora?

A Eleven Financial analisou o retorno do S&P 500 entre maio e outubro nos últimos dez anos e viu que esse comportamento sazonal dos investidores vem ficando para trás. Houve ganhos em 8 dos últimos 10 períodos analisados e a rentabilidade média foi de 6,08%. Somando novembro, dezembro e janeiro a abril, a média anual de retorno do S&P 500 nos últimos dez anos foi de 11,02%. 

Raphael Figueredo, CEO e estrategista-chefe da Eleven Financial, explica que a expressão nasceu porque na primeira parte do ano, os investidores estavam concentrados no passado, aguardando os resultados do primeiro trimestre após precificar o que aconteceu no ano anterior. Ao comparar as promessas com os resultados, havia algumas decepções, o que puxava o mercado para baixo. O otimismo só voltava em novembro, quando o mercado passava a se concentrar no ano seguinte. 

Continua depois da publicidade

Diversifique investindo no Brasil e no exterior usando o mesmo App com o Investimento Global XP

Mas, diz ele, os estímulos que os Estados Unidos deram às empresas mudaram a tendência. “Primeiro tivemos estímulo monetário após a crise de 2008 com juros muito baixos, depois, com a pandemia, vieram os estímulos fiscais, com programa de redução de inflação e aumento do nível de endividamento”, diz Figueredo. 

Agora, com os juros nos níveis mais altos em 22 anos, muitas empresas que precisam se endividar podem ter dificuldades no futuro. Para a Eleven, não haverá soft landing – cenário de combate à inflação sem grandes consequências para a atividade econômica –, o que deve afetar a precificação dos ativos nos próximos meses. 

Continua depois da publicidade

Quem concorda com a visão da Eleven e vê um cenário desafiador para a economia americana nos próximos meses pode enxergar vantagem nas empresas de valor, mais consolidadas em seus setores e com previsibilidade de receitas. “Empresas de energia e de commodities metálicas tendem a atravessar bem o momento, já que o mercado vem as procurando agora”, opina Figueredo. 

Para o investimento em bancos, comum no Brasil em momentos de insegurança, o especialista da Eleven prefere esperar o início da queda dos juros. “Aqui, os bancos ganham dinheiro com o mercado em baixa ou em alta, lá fora, o mercado é menos concentrado”. 

Diferencial de juros entre Brasil e EUA

Outro fator que precisa ser analisado quando o investidor considera investir em ações americanas é a diferença da Selic – de 10,50% ao ano – para os juros básicos dos EUA – no intervalo entre 5,25% e 5,5% ao ano. O Brasil começou cedo o ciclo de corte de juros, o que vem fazendo esse diferencial cair desde agosto. 

Continua depois da publicidade

O investimento em renda fixa nos Estados Unidos é considerado o mais seguro do mundo. Já o Brasil é visto lá fora como um país de maior risco. Portanto, quando os juros dos dois países têm diferença pequena, muitos investidores preferem a segurança americana, o que faz os investimentos no Brasil caírem e o real perder valor ante o dólar. 

Por isso, investir em ações dos EUA pode fazer bem à carteira do brasileiro, trazendo proteção contra a variação cambial.

Caio Schettino, head de alocações da Criteria, prefere usar ETFs para se expor a teses de inovação. Ele cita a Eli Lilly, produtora do remédio para diabetes Mounjaro; e a Novo Nordisk, que produz o Ozempic – mas prefere ETFs “porque naturalmente acompanham a tendência”.

Continua depois da publicidade

Nesta segunda-feira (13), os principais índices acionários dos EUA operam praticamente estáveis frente ao fechamento da semana passada. No mês, o maior deles, o S&P500, subiu de 5.018 pontos para 5.222 pontos.