Selic de 13,25% “dá conta do recado” e curva de juros “tem prêmio demais”, diz Luiz Fernando Figueiredo

Sócio da Mauá Capital e ex-diretor de política monetária do BC acredita que Copom fará mais uma alta de 0,5 ponto na reunião de junho e encerrará o ciclo

Mariana Segala

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Depois de ter elevado a Selic – a taxa básica de juros da economia – em 1 ponto percentual nesta quarta-feira (4), o Banco Central está mais próximo de encerrar o atual ciclo de aperto monetário. Para Luiz Fernando Figueiredo, sócio da gestora Mauá Capital e ex-diretor de política monetária do BC, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve fazer mais uma alta de 0,5 ponto percentual na próxima reunião, em junho, e terminar com a taxa aos 13,25% ao ano.

Com a elevação de ontem, a Selic chegou a 12,75% ao ano, maior patamar dos últimos cinco anos.

“Tem aí um certo jogo de expectativas, porque a gente não para de ter surpresas com a inflação”, disse ao InfoMoney. No entanto, considerando que a perspectiva é de que o aumento dos preços arrefeça nos próximos 12 meses, juros de 13,25% ao ano já seriam bastante altos. Na visão de Figueiredo, com uma inflação em torno de 5,5% nos próximos 12 meses, a taxa nesse patamar seria “juro pra burro”.

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“São juros muitíssimo acima dos juros neutros, que devem ser de inflação mais 3%, talvez inflação mais 4%, sendo mais pessimista. Então, dá conta do recado sim”, afirmou.

Para o economista, a curva de juros futuros – que reflete as expectativas do mercado para as taxas nos próximos meses – de longo prazo “tem prêmio demais”. “Ela embute juro real demais. Se minimamente a gente trouxer a inflação pra perto da meta nos próximos anos, essa curva tem que fechar muito”, avalia.

Em comunicado divulgado após a decisão de ontem, o Copom indicou que o ambiente externo seguiu se deteriorando e as pressões inflacionárias decorrentes da pandemia se intensificaram, com uma nova onda de Covid-19 na China. A elevação de juros em economias desenvolvidas aumentam as incertezas e geram volatilidade adicional para os países emergentes. Com essa justificativa, apontou para um novo ajuste, em menor magnitude, na próxima reunião.

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Foi uma mudança de tom em relação ao que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, defendeu após a reunião de março. Em mais de uma ocasião, demonstrou que o desejo da autoridade monetária era de encerrar o ciclo agora, em maio, com a Selic aos 12,75% ao ano.

“O Banco Central tinha dito claramente: vou parar depois da alta de um ponto de maio, e assim eu encerro o ciclo de aperto monetário – a não ser que o cenário mude. Acontece que o cenário mudou”, avaliou Figueiredo. No comunicado de ontem, diz o economista, o BC “deixou a porta aberta, com uma probabilidade maior de fazer um ajuste adicional, muito provavelmente de cinquenta pontos”.

Para o economista, dado o diferencial de taxa de juros entre o Brasil e o resto do mundo, a tendência é de que o câmbio volte a apreciar, como ocorreu no primeiro trimestre e em parte do mês de abril. Isso mesmo diante do ambiente de incertezas na economia global, agravado pela guerra entre Rússia e Ucrânia. “Os principais produtos que o Brasil vende subiram de preço, então o nosso balanço de pagamentos melhorou bastante em função desse choque, principalmente por conta das commodities”, disse.

Mariana Segala

Editora-executiva do InfoMoney