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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu, nesta quarta-feira (18), aumentar a taxa Selic, em 0,25 ponto percentual, para 10,75% ao ano. Agora, os investidores analisam a necessidade de promover mudanças na carteira, já que o ciclo de aperto monetário que se inicia é considerado atípico.
Geralmente, quando a Selic sobe, a Bolsa reage negativamente e a curva de juros inclina para cima. Desta vez, uma série de fatores fez com que a ordem se invertesse e a expectativa é de mais confiança para investir em ações e prêmio de risco menor na renda fixa.
A diferença maior entre juros americanos e brasileiros é um dos principais fatores de otimismo, já que o investidor estrangeiro pode vir para cá em busca de retornos maiores. A credibilidade que o Banco Central passa ao subir a Selic perto de uma troca de comando também agrada o mercado. Confira o que especialistas recomendam em ações, renda fixa, fundos imobiliários, investimentos no exterior e fundos de investimento:
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Renda Fixa
Nos títulos públicos, é unanimidade que o Tesouro Selic segue como instrumento importante para a composição de carteira, especialmente pagando, agora, pouco mais de 10,75% ao ano. Nos papéis que sofrem marcação a mercado, a preferência segue no Tesouro IPCA+, para aproveitar a rentabilidade de cerca de 6,20% acima da inflação.
Fábio Guarda, sócio e gestor da Galapagos Capital, acha que os ativos atrelados à inflação mais longos podem se beneficiar do fechamento das taxas, mas alerta que essas posições ainda podem sofrer volatilidade no curto prazo. A alta da Selic traz confiança para atuação do BC e diminui o prêmio de risco para investir no Brasil, mas ainda há outros fatores que devem fazer as taxas balançarem.
Já no crédito privado, os gestores esperam os spreads voltarem a um nível atrativo. O mercado de capitais tem emissores que pagam pouco (ou nada) a mais que um título público, o que “não compensa o risco”, segundo Ricardo Nunes, CIO de crédito da Paramis Capital.
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Os dois gestores citam os FIDCs (fundos de investimento em direito creditório) como alternativas melhores aos ativos mais líquidos, como debêntures. “Se provou como um instrumento eficiente para direcionar riscos via regras de subordinação com remuneração variando de acordo com a ordem de recebimento”, explica Nunes. Esses fundos foram liberados para todos os investidores em outubro, mas ainda há algumas barreiras para quem não conhece a modalidade.
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Ações
Analistas veem a Bolsa brasileira com alguns percalços no curto prazo, mas o otimismo é unanime quando o horizonte projetado é maior. Renda fixa atrativa e fluxo ainda tímido de entrada de investidores estrangeiros são fatores listados por Fernando Donnay, sócio e Head de fund of funds da G5 Partners, como preocupantes para os próximos meses.
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Porém, ações com valuation historicamente abaixo da média e boas perspectivas de crescimento de lucro das empresas pesam positivamente no longo prazo e animam o especialista. Ele cita bancos e utilidades públicas (que tem companhias de energia elétrica e abastecimento de água) como boas opções para atravessar o curto prazo mais conturbado.
Já Paulo Abreu, gestor e sócio da Mantaro Capital, também confiante no bom desempenho da Bolsa, destaca duas ações em setores considerados mais arriscados: Rede D’Or (RDOR3) e Lojas Renner (LREN3). A empresa de saúde “é uma das melhores alocadoras de capital do Brasil e deve ter lucro crescente nos próximos anos”, enquanto a varejista “está começando a colher os frutos de seus investimentos”, justifica.
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Investir no exterior
A alta da Selic combinada com o corte de juros nos EUA cria uma distância maior entre as taxas dos dois países e deve atrair investimentos para o Brasil, que agora tem remuneração ainda maior que a americana. Analistas projetam o real ganhando força ante o dólar, o que deve diminuir a barreira de entrada nos EUA.
A renda fixa americana ainda é uma boa opção para trazer segurança à carteira, segundo Mário Nevares, sócio responsável por investimentos internacionais na G5 Partners. Ele destaca os papéis com vencimento entre quatro e cinco anos como boas oportunidades: “já têm duration para capturar retorno, não precisa ir para prazos muito longos porque, assim, vai adicionando risco e se aproximando do risco de Bolsa”.
Na Bolsa, o setor imobiliário pode ter um rali técnico, especialmente após um início de ciclo de queda agressivo nos juros. Gerson Brilhante, analista da Levante Inside Corp, lembra que “os financiamentos de hipotecas se tornam mais acessíveis, impulsionando a compra de imóveis e valor das ações”.
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Fundos imobiliários (FIIs)
O início do aperto monetário tende a ofuscar o operacional dos fundos imobiliários – que, de forma geral, se mantém positivo –, sinaliza Larissa Nappo, analista de FIIs do Itaú BBA, que não descarta impacto na cotação das carteiras.
“[A elevação da Selic] com certeza influencia bastante o mercado de FIIs independentemente da vacância mínima histórica de galpões, da recuperação de lajes corporativas e das captações dos fundos de shopping”, detalha. “Então, qualquer coisa que gere oscilação na curva longa de juros afeta diretamente os FIIs, especialmente a cotação”, explica.
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No curto prazo, Jefferson Honório, sócio da Brio Investimentos, acredita que FIIs de recebíveis – que investem em títulos de renda fixa indexados ao IPCA ou à taxa do CDI – devem performar melhor, principalmente os com bons projetos e garantias sólidas, reforça.
“Quanto aos “FIIs de tijolo” – que investem diretamente em imóveis –, o investidor deve entender que, durante os ciclos, haverá momentos turbulentos e momentos de calmaria”, orienta. “E é muito difícil antecipar grandes inversões de ciclo, por isso, a importância de uma estratégia de longo prazo”, complementa.
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Fundos de Investimentos
No caso dos fundos de investimentos, as carteiras focadas em renda fixa ganham um fôlego ainda maior, avalia Evandro Buccini, sócio e diretor de crédito e multimercados da Rio Bravo.
“Comparando com a expectativa de início do ano, 2024 está sendo um ano muito mais complexo. Não havia expectativa desse ‘cavalo de pau’ da Selic que prejudica a captação de fundos multimercados, de ações e estruturados”, contextualiza. “O destaque do ano acaba sendo os fundos de renda fixa, especialmente com a forte recuperação dos fundos de crédito”, completa.