Rotina day trade: entenda quando e como balancear a relação de risco e retorno de uma operação

A analista Pamela Semezzato, da Rico Investimento, explica os tipos de riscos que todo trader precisa saber e como equilibrá-los na prática

Stéfani Inouye

(Shutterstock)

SÃO PAULO – Já faz quase 1 ano que Leonardo Paes realiza operações de day trade regularmente no mercado futuro, mas a dor da sua primeira perda o assusta até hoje.

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“Eu já estava operando há uns 3 meses quando tive minha primeira perda significativa. Até então, eu não tinha perdido tanto, apenas uma operação pequena aqui e ali, o que alimentou muito minha confiança e me deixou desatento com os riscos envolvidos nas minhas operações”, conta o comerciante de 34 anos.

E a desatenção de Leonardo acabou custando caro. Segundo ele, em pouco menos de 1 semana, as perdas de suas operações chegaram a quase 7 mil reais.

“Foi só depois de ter perdido quase tudo que eu percebi que precisava dar um passo para trás e estudar mais. Tive que abrir mão do meu ego pra não perder mais dinheiro”, afirma.

Histórias como a de Leonardo não são incomuns no mercado financeiro. Para a analista Pamela Semezzato, da Rico Investimentos, essas situações acontecem, principalmente, quando o operador não trabalha uma ferramenta fundamental para o day trade: o gerenciamento de risco.

“Operar com renda varivel significa que nós não podemos entrar no mercado pensando que só teremos resultados positivos. Apesar de muitos pensarem o contrário, day trade também envolve pensamento de longo prazo, no qual precisamos criar operações que protejam nosso capital, para que no final a conta feche positiva”, afirma Pam. Para fazer o treinamento gratuito da analista, clique aqui.

“Cada ação que tomamos no nosso dia, por exemplo, envolve um nível de risco. Dirigir um carro é um deles. Você já pensou no risco que existe nessa ação? Podemos sofrer um acidente a qualquer momento, mas existe algumas coisas que podemos fazer para ajudar reduzir o risco disso acontecer, como não passar no farol vermelho, dirigir dentro da velocidade permitida, entre outros. Mas, ainda assim existe o fator externo, pois a gente não consegue dirigir pelos outros também. A mesma coisa acontece no mercado.”

Após perder boa parte do seu capital, Leonardo decidiu estudar mais para melhorar suas técnicas de operação. Foi aí que o comerciante conheceu a Pam, através das lives diárias que a analista realiza em seu canal no Youtube. 

“Ela me ajudou muito a entender em quais pontos eu estava pecando na hora de operar. Hoje, minhas operações têm muito mais consistência e eu também sou consciente do que estou colocando em jogo e quais riscos valem ou não assumir”, conta.

Nesta semana, Pam preparou uma webserie gratuita voltada para quem deseja começar a operar no day trade e não sabe bem por onde começar. Um dos temas escolhidos para os episódios foi gerenciamento de risco e, segundo ela, isso se deu justamente pela importância que o tema precisa ter na vida de qualquer operador.

“No mercado, podemos seguir nossa estratégia, definir limite de perdas e ter a disciplina de respeitar esse limite que eu defini previamente. Assim como na situação da direção do carro, nós precisamos controlar a única coisa que está nas nossas mãos, que são nossas ações, ou seja, o nosso dinheiro e o quanto eu aceito perder, sem que quebre minha conta”, explica.

O recomendado, segundo Pam, é que você determine em um valor máximo do seu patrimônio para suas operações com day trade e estipule aquele valor como referência de “quebra”.

“Quebrar não é você perder todas as suas economias e nem pode ser isso. É você perder todo o capital que separou para isso. O trader precisa ter a disciplina de, caso atinja esse valor, abandonar o barco e só voltar quando conseguir acumular esse capital novamente”, afirma.

Segundo Pam, na hora de operar, o trader precisa colocar na balança os riscos e os potenciais retornos para conseguir tomar essa decisão.

“Voltando para o exemplo da direção de um carro. Mesmo sabendo dos riscos envolvidos, eles não são suficientes para eu tomar a decisão de sair de Campinas para São Paulo a pé, certo? Isso porque essa situação envolve o conforto, a comodidade, a rapidez e todos os outros benefícios que esse meio de transporte traz para mim. O mesmo vale para o mercado. Eu não posso entrar em uma operação do mercado sem saber o mínimo que eu espero de retorno e se esse mínimo vale a pena a tomada de risco.”

Mas, na prática, quais os riscos que o trader precisa analisar na hora de montar uma operação? Confira a seguir alguns dos riscos citados pela analista na série Semana Trader Alta Perfomance:

Risco de mercado

Segundo Pam, é caracterizado como risco de mercado o próprio risco de oscilação do papel, o qual é representado pelo desvio em relação ao resultado esperado pelo trader.

“Eu brinco com meus alunos que, no mercado, eu só tenho certeza de 1 coisa: que o índice Ibovespa ou vai cair, ou vai subir, ou vai lateralizar. Isso porque essas são as únicas 3 possibilidades de ele se comportar e o risco que  a gente toma é aquele do índice não fazer o que nós estávamos esperando”, explica.

Risco de sistêmico

Risco sistêmico é o nome dado para o risco de uma crise que afete todos os ativos do mercado. Segundo Pam, foi exatamente o que aconteceu em março deste ano, quando a pandemia da Covid-19 assustou todos os investimentos.

“Geralmente, esse risco acontece quando ninguém está esperando. A vantagem de operar no day trade é conseguir reagir rapidamente a isso, já que nossas análises são baseadas no movimento de curto prazo”, afirma.

Risco de liquidez

Geralmente, esse risco está mais presente nas operações com papéis com poucos negócios, ou seja, pouca liquidez.

“O grande risco assumido nesse tipo de operação é o trader ter dificuldade de vender o ativo no momento desejado. Isso acontece porque faltam pessoas interessadas em comprar esse papel de volta”, afirma Pam.

Pam conta que esse tipo de risco costuma ser assumido por quem está começando a operar agora no mercado, pois essas pessoas esquecem de checar a liquidez do ativo e se guiam apenas pelo movimento recente do preço.

“É preciso ficar atento a essas situações. Não é porque um ativo subiu demais ou caiu demais que é bom comprar, ok? Precisa checar a liquidez dele para não ter dificuldade de vende-lo depois”, alerta.

A série gratuita produzida por Pam já está disponível na íntegra e ficará no ar apenas até domingo, 15. Para acessar todos os episódios, basta clicar qui.

Stéfani Inouye

Analista de conteúdo do InfoMoney, aborda temas ligados à educação financeira e mercado de ações.