Retorno de CDBs recua após eleições; papéis de inflação pagam até 9,04% e taxa de prefixados vai a 14,50%

Taxa média de CDBs atrelados ao CDI subiu, mas juro máximo teve queda e chegou a 118% entre os dias 28 de setembro e 10 de outubro, mostra Quantum Finance

Bruna Furlani

Crédito: Shutterstock

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Quem investe em renda fixa pôde perceber que os retornos oferecidos por títulos públicos ficou menor nos últimos dias. A eleição de um Congresso mais à direita e a sinalização dada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) de que encerrou o ciclo de alta da Selic promoveram uma descompressão na curva de juros, segundo especialistas.

O efeito disso também foi sentido nos Certificados de Depósito Bancário (CDBs), que, em sua maioria, registraram uma rentabilidade média menor entre os dias 28 de setembro e 10 de outubro.

Levantamento feito pela Quantum Finance, empresa de soluções para o mercado financeiro, a pedido do InfoMoney, mostrou que a taxa média oferecida por CDBs atrelados à inflação com vencimento em 24 meses era de 6,28% ao ano acrescida de IPCA nos últimos dias. Na pesquisa anterior, feita entre os dias 12 e 27 de setembro, o retorno médio real era maior, de 6,91%. Os percentuais são brutos, ou seja, não descontam o Imposto de Renda (IR).

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Entre os papéis atrelados à inflação, houve recuo também na rentabilidade máxima, com destaque para os CDBs com vencimento em 12 meses. No levantamento anterior, um CDB emitido pelo BTG Pactual oferecia um juro real máximo de 9,64% ao ano, além da correção pelo IPCA; agora, o percentual oferecido pelo mesmo emissor é de 9,04% ao ano.

O BTG Pactual possui classificação de risco de crédito (rating) nacional de longo prazo AA, ou seja, com boa qualidade de crédito.

Houve queda também nos retornos máximos entregues por papéis com vencimento em 24 meses e a partir de 36 meses. No primeiro caso, o juro real máximo passou de 7,35% para 6,99% ao ano. Já no segundo, a remuneração real mais elevada recuou de 6,48% para 6,31% anuais.

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Retornos brutos de CDBs indexados à inflação (de 28/09 a 10/10)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
12 IPCA 6,95% + IPCA 8,62% + IPCA 9,04% + IPCA   45 BANCO BTG PACTUAL
24 IPCA 5,65% + IPCA 6,28% + IPCA 6,99% + IPCA    6 BANCO BTG PACTUAL
36+ IPCA 6,20% + IPCA 6,24% + IPCA 6,31% + IPCA    3 BANCO BTG PACTUAL

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

CDBs prefixados

Papéis prefixados também tiveram recuo nas taxas entre o último levantamento e o atual. A queda foi ainda mais acentuada entre os CDBs com vencimento em 24 meses, em que a remuneração média passou de 12,48% para 12,02% ao ano.

Títulos com prazo de dois anos também foram os que apresentaram maior contração na taxa máxima oferecida. No levantamento anterior, o juro máximo oferecido tinha sido de 14,09%. Agora, o retorno máximo é de 13%. Tal papel era oferecido pelo Banco Daycoval, que possui classificação de risco de crédito (rating) nacional de longo prazo AA.

Retornos brutos de CDBs prefixados (de 28/09 a 10/10)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
3 PREFIXADO 13,47% 13,71% 14,00%                               33 BANCO DAYCOVAL
6 PREFIXADO 13,45% 13,76% 14,50%                               29 BANCO C6
12 PREFIXADO 13,10% 13,42% 13,71%                               18 BANCO DAYCOVAL
24 PREFIXADO 11,65% 12,02% 13,00%                                 5 BANCO DAYCOVAL
36+ PREFIXADO 11,78% 12,92% 13,37%                               12 BANCO PINE

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

CDBs atrelados ao CDI

Já no caso de CDBs atrelados ao CDI (taxa de referência da renda fixa e que acompanha bem de perto a taxa Selic), o juro médio oferecido pelos papéis estava mais alto entre os dias 28 de setembro e 10 de outubro, na comparação com o levantamento anterior, realizado logo após a última reunião do Copom.

A maior alta foi apresentada por CDBs com prazo de 24 meses, onde a taxa média subiu de 100,66% do CDI para 101,38% do CDI no levantamento de agora.

Entre os papéis indexados ao CDI, apenas o título com vencimento em 12 meses registrou recuo na taxa média, com o juro passando de 101,72% do CDI para 99,32% do CDI.

Chama a atenção também que a rentabilidade máxima oferecida por títulos atrelados ao CDI recuou, em sua maioria, na pesquisa atual. No levantamento mais recente, o juro máximo oferecido chegou a 118% do CDI, percentual que está ligeiramente abaixo dos 118,80% do CDI.

Da mesma forma, o retorno máximo entregue por CDBs com vencimento em seis e 12 meses caiu para 103,50% do CDI e 110% do CDI, respectivamente. Na pesquisa anterior, a remuneração máxima entregue por papéis de mesmo prazo era de 106% do CDI e 117% do CDI, nessa ordem.

Retornos brutos de CDBs indexados ao CDI (de 28/09 a 10/10)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Número de títulos Emissor da maior taxa
3 DI 97,50% 101,05% 104,00%                               38 BANCO ABC BRASIL , BANCO BTG PACTUAL
6 DI 97,50% 101,13% 103,50%                               27 BANCO ABC BRASIL
12 DI 90,00% 99,32% 110,00%                               45 CONCÓRDIA BANCO
24 DI 98,00% 101,38% 118,00%                               29 BANCO MERCANTIL BRASIL
36+ DI 96,00% 102,94% 118,00%                               44 BANCO MERCANTIL BRASIL

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

A sinalização dada pelo Copom, de que encerrou o ciclo de altas e de que a Selic deve permanecer em 13,75% ao ano até 2023, ajudou a promover o recuo das taxas de papéis atrelados ao CDI nos últimos dias.

Segundo o Boletim Focus divulgado nesta semana, as expectativas para a taxa de juros básica também reforçam essa visão, ao mostrar que os economistas mantiveram em 13,75% a estimativa para este ano (16 semanas de estabilidade), assim como seguiram com 11,25% para 2023 (cinco semanas estáveis) e 8% para 2024 (11 semanas sem alteração).

IPCA deve ter impacto limitado e foco estará no exterior

Em semana de feriado local na quarta-feira (12), o destaque da agenda está nos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que foi apresentado nesta terça-feira (11). O indicador recuou 0,29% em setembro na comparação mensal. Foi o terceiro mês consecutivo em que a inflação ficou negativa no País, ou seja, em que houve deflação. O consenso Refinitiv apontava para uma queda de 0,34% no mês.

No acumulado dos últimos 12 meses, o IPCA registra alta de 7,17%, inferior aos 8,73% registrados no mês anterior, conforme mostrou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na avaliação de Danilo Passos, economista da WHG o número representou uma deflação mais branda do que o esperado pelo mercado e mostrou dados “razoáveis”. Segundo o especialista, o ponto de maior incômodo está na inflação mais ligada à demanda, que continuou em patamar elevado em setembro.

Prova disso, diz, é que a inflação de serviços subjacente seguiu próxima de 10%, em termos anualizados, segundo cálculos da WHG. “Esse é um grupo particularmente importante para o Banco Central. Em suas últimas comunicações, o BC apontou a inflação de serviços como um dos principais riscos altistas em seu cenário de inflação”, afirmou.

Embora alguns números sigam elevados, Passos admite que viu com bons olhos a desaceleração da média dos núcleos – medida que exclui itens voláteis do cálculo de inflação, com os serviços surpreendendo um pouco para cima e bens industriais um pouco para baixo.

Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo Investimentos, também chama atenção para o recuo da média dos núcleos e do índice de difusão – medida que analisa o percentual de itens com aumento de preços – que passou de 65% em agosto para 62% em setembro. A queda, segundo ele, indica que a inflação está com uma dinâmica menor de reajustes.

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Na avaliação de Costa, os dados apresentados hoje mostraram uma leitura mais “favorável” para a inflação, sem grandes surpresas. Nesse sentido, ele avalia que os efeitos sobre a curva de juros serão pequenos.

Ele cita que as taxas dos contratos futuros de DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2024 e janeiro 2025 tiveram apenas um leve incremento, o que representa só uma “pequena oscilação de mercado”.

Nesse sentido, a curva de juros deve continuar a ser mais afetada pelo cenário externo. Esta semana, por exemplo, reserva a apresentação de dados de inflação vindos dos Estados Unidos, como o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), além da ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, banco central americano).

Costa afirma que a ata deve apresentar mais detalhes sobre a taxa terminal americana. Ele observa que, na decisão de setembro, seis membros do Comitê do Fed se mostraram favoráveis à taxa terminal ultrapassar 4,75% ao ano. “Como são seis votos em torno dessa projeção, eles vão argumentar o porquê desse grupo ver um juro maior [nos Estados Unidos até o fim deste ano]”, afirma.

Para Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama Investimentos, a taxa terminal americana deve ir até 4,5%, mas pode ser que seja preciso ir além e chegar aos 5%. Segundo o especialista, a grande questão é até quanto o Fed irá no processo de alta de juros.

Passos, da WHG, afirma que os mercados avaliam hoje se a autoridade monetária americana irá entregar as altas de juros que sinalizou na última reunião, que seriam de 0,75 ponto, seguido por uma de 0,50 ponto e outra de 0,25 ponto, ou se encontrará motivos para fazer um aperto menos intenso nos próximos encontros.

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“Caso a ata do Fed sinalize uma postura menos dura por parte do banco central, ou o CPI surpreenda para baixo, a curva de juros pode começar a precificar juros mais baixos nos EUA, o que pode levar ao fechamento da curva local”, afirmou o economista da WHG.

Embora isso seja possível, Costa da Monte Bravo lembra que o CPI tem apresentado muitas surpresas, especialmente para cima. O especialista pondera que o País também tem sofrido com inflação mais elevada em serviços médicos, recreação, passagens aéreas, além do setor imobiliário, o que pode seguir pesando sobre o indicador e levar a novas avaliações de cenário.