Retorno de CDBs avança e prefixados pagam até 15,50%, enquanto pós-fixados oferecem 117% do CDI

Taxas levantadas pela Quantum Finance refletem perspectiva de que Selic permaneça elevada também ao longo de 2023

Bruna Furlani

(Rmcarvalho/Getty Images)

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Diante de uma série de revisões para cima nas projeções para a Selic em 2023, o retorno máximo oferecido por Certificados de Depósito Bancário (CDBs) também avançou.

Com instituições financeiras estimando que a taxa básica de juros permaneça elevada em 2023 – como o Bradesco, que enxerga a Selic aos 11,75% no ano que vem – a remuneração dos CDBs prefixados com vencimento em 12 meses chegou a 15,50% ao ano na última quinzena.

É isso o que mostra um levantamento feito pela Quantum Finance, empresa de soluções para o mercado financeiro, a pedido do InfoMoney. Os números fazem referência ao período entre 17 de junho e 4 de julho.

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O percentual máximo oferecido nos últimos 15 dias representa um aumento em relação à quinzena anterior, quando era de 14,11% ao ano. As taxas são brutas, sem considerar o desconto do Imposto de Renda.

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O CDB prefixado com a maior taxa era emitido pelo Banco Master. Segundo a agência Fitch Ratings, a classificação de risco nacional do banco no longo prazo é BBB-. Significa que a instituição possui boa qualidade de crédito, mas não está entre as mais bem avaliadas, já que a melhor classificação é AAA.

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O levantamento mostrou também aumentos nos retornos oferecidos por CDBs prefixados com vencimento em 24 meses e a partir de 36 meses, com a taxa máxima batendo os 13,76% e 13,90% ao ano, respectivamente, durante o mesmo período.

Quinze dias antes, o retorno máximo entregue por papéis com esse tipo de remuneração e prazo de dois anos ou a partir de três anos era de 13,57% e 13,00% ao ano, nessa ordem.

Retornos brutos de CDBs prefixados (de 17/06 a 04/07)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Emissor da maior taxa
3 PREFIXADO 13,22% 13,53% 13,75% BANCO BTG PACTUAL , BANCO DAYCOVAL
6 PREFIXADO 13,48% 13,71% 13,96% BANCO BTG PACTUAL
12 PREFIXADO 13,70% 14,18% 15,50% BANCO MASTER,
24 PREFIXADO 12,97% 13,38% 13,76% BANCO DAYCOVAL
36+ PREFIXADO 12,30% 13,20% 13,90% BANCO DAYCOVAL

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda.

CDBs atrelados ao CDI

Houve avanço também nos juros oferecidos por CDBs atrelados ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI) – taxa de referência dentro da renda fixa – para prazos um pouco mais longos, como a partir de 12 meses e acima de 36 meses.

No caso de papéis de dívida com vencimento em um ano, o retorno máximo oferecido chegou a 117% do CDI na última quinzena, contra 108% registrados 15 dias antes. O CDB em questão era oferecido pelo Banco Mercantil Brasil, que possui rating de longo prazo BBB+, segundo a Fitch Ratings.

Da mesma forma, houve um aumento na rentabilidade máxima entregue por títulos com prazo de dois anos e a partir de três anos, que alcançaram retornos de 110% do CDI e de 117% do CDI, respectivamente.

Na quinzena anterior, o percentual máximo oferecido por papéis de mesmo prazo era de 101% do CDI e de 110% do CDI.

Por outro lado, houve um recuo no retorno máximo entregue por títulos de curto prazo, como entre três e seis meses, com a rentabilidade alcançando 104,50% do CDI e 106% do CDI, nessa ordem, nos últimos 15 dias. Uma queda em relação aos 105,25% do CDI e 105,50% do CDI, respectivamente, vistos no levantamento anterior.

Retornos brutos de CDBs indexados ao CDI (de 17/06 a 04/07)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Emissor da maior taxa
3 DI 83,00% 101,42% 104,50% BANCO BTG PACTUAL
6 DI 97,50% 101,33% 106,00% BANCO ABC BRASIL, BANCO ALFA
12 DI 90,00% 102,64% 117,00% BANCO MERCANTIL BRASIL
24 DI 98,00% 100,20% 110,00% CONCÓRDIA BANCO
36+ DI 96,00% 102,50% 117,00% SINOSERRA FINANCEIRA

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda

CDBs atrelados à inflação

Já entre os títulos indexados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o movimento foi misto: papéis com vencimento em um ano e a partir de três anos registraram uma alta nos juros; por outro lado, retornos de CDBs com prazo de 24 meses apresentaram recuo no valor máximo oferecido.

De acordo com o levantamento da Quantum, a taxa máxima entregue por um CDB atrelado à inflação com prazo de 12 meses era de 7,52% na última quinzena, acima dos 7,08% registrados 15 dias antes. Da mesma forma, o papel com vencimento a partir de 36 meses entregava um retorno de 7,05%, ou seja, superior aos 6,10% da quinzena anterior.

Em contrapartida, houve uma queda nos retornos máximos oferecidos por papéis com vencimento em 24 meses, que passaram de 6,37% para 6,22% ao ano na última quinzena.

Retornos brutos de CDBs indexados à inflação (de 17/06 a 04/07)

Prazo (meses) Indexador Taxa mínima Taxa média Taxa máxima Emissor da maior taxa
12 100% IPCA 6,37% 7,01% 7,52% BANCO BTG PACTUAL
24 100% IPCA 5,63% 5,92% 6,22% BANCO BTG PACTUAL
36+ 100% IPCA 5,20% 6,00% 7,05% HAITONG BANCO DE INVESTIMENTOS DO BRASIL

Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, sem descontar o Imposto de Renda

CDBs com até 220% do CDI

Embora o levantamento não tenha sido capaz de monitorar ofertas exclusivas feitas por algumas corretoras com foco em atrair clientes, ao analisar as plataformas de diversas corretoras, o InfoMoney encontrou também opções de CDBs com vencimento em três meses que ofereciam até 220% do CDI.

A primeira era uma oferta da Genial, com um CDB do próprio banco com rendimento de 220% do CDI e liquidez diária. Para adquirir o produto, no entanto, era preciso respeitar algumas condições: ser cliente novo; realizar aporte mínimo de R$ 10 e máximo de R$ 5 mil; e realizar apenas uma única aplicação no CDB. A oferta não possui data para expirar, de acordo com a Genial.

Já a segunda e a terceira ofertas eram da XP Investimentos e da Rico Investimentos. Nos dois casos, o retorno bruto chegava a 200% do CDI e o investidor precisava alocar, no mínimo, R$ 100 e no máximo R$ 5 mil por CPF. Também há liquidez diária. O emissor em questão era o Banco XP. A oferta, no entanto, só era válida para clientes que não tinham feito nenhum investimento na plataforma da XP ou da Rico até 30 de junho, ou para novos clientes. A promoção segue até 22 de julho.

Uni, duni, tê: escolhendo o indexador

Em um mundo com juros mais elevados, inflação mais persistente e possibilidade de recessão, a recomendação de especialistas da Rico Investimentos segue focada em ativos atrelados ao IPCA e ao CDI.

Em relatório, a analista da Rico Investimentos Paula Zogbi explicou que a preferência está ligada ao fato de que os títulos indexados à inflação ajudam a proteger o patrimônio, já que possuem uma parte do retorno atrelada à alta de preços.

De acordo com as projeções da casa, a inflação deve encerrar este ano em 7,0% e terminar o ano que vem em 5,0% – valores que seguem acima da meta de inflação do Banco Central de 3,5% em 2022 e de 3,25% em 2023.

Outro trunfo para a carteira está nos títulos atrelados ao CDI, que se beneficiam da alta da Selic. Nas projeções da Rico Investimentos, a taxa básica de juros deve ser elevada mais uma vez na reunião de agosto, para 13,75% ao ano, e seguir nesse patamar até meados do ano que vem. Em seguida, o Banco Central deve iniciar o corte de juros, o que deve levar a Selic a terminar o ano que vem em 9,25% ao ano.

Um ponto de atenção, no entanto, está nos prazos. No caso de CDBs prefixados, atrelados à inflação e alguns papéis indexados ao CDI, o resgate ocorre apenas no vencimento. Logo, o ideal é que o investidor consiga alinhar o prazo com um objetivo, como o pagamento de uma parcela do carro, uma festa, ou a compra de um automóvel, por exemplo.

PEC, IPCA e payroll no radar

Após um mês agitado para o mercado de renda fixa com forte pressão na curva de juros, o foco desta semana estará na apresentação de indicadores que podem nortear o ciclo de aperto monetário no Brasil e nos Estados Unidos e consequentemente, impactar o mercado de juros.

Na sexta-feira (8), serão apresentados os números do IPCA no Brasil, juntamente com os dados do relatório de criação de vagas nos Estados Unidos (payroll). Ambos referentes ao mês de junho.

Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos, afirma que a expectativa é que os indicadores de emprego sigam mostrando maior robustez da economia americana.

Os dados serão importantes para embasar a postura que deve ser adotada pelo Fed. Na ata de quarta-feira (6), a mensagem dada pela autoridade monetária teve caráter mais hawkish (inclinada ao aperto monetário), ao indicar que há um receio de que um pedaço dessa inflação americana possa ser mais persistente do que o previsto, pontuou Costa.

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Integrantes do Fed veem alta de juros em 0,5 ou 0,75 ponto como adequada na próxima reunião, mostra ata

Na ocasião, os dirigentes do Fed destacaram que o principal objetivo é combater essa inflação elevada e disseram que uma alta de juros em 0,5 ou 0,75 ponto percentual parece “adequada” para o próximo encontro.

Embora o comentário tenha reforçado temores com o avanço da alta de preços, Costa chamou atenção para o fato de que a autoridade monetária não citou a recessão como um risco, ao contrário do que vem precificando boa parte do mercado nos últimos dias.

“É essencial que ele [Fed] consiga atingir as metas de inflação e é isso que eles estão focados. Nesse sentido, a política do Fed afastou os riscos paralelos que o mercado colocou de curto prazo”, destacou Costa.

Embora a recessão não tenha sido citada, alguns agentes financeiros destacaram que a postura do Fed na ata trouxe um olhar “retrovisor”. O motivo é que, desde a reunião da autoridade monetária em junho, houve recuo nos preços de commodities energéticas e agrícolas, o que poderia impactar o cenário para a inflação e consequentemente, para os juros.

Já aqui no Brasil, as atenções desta semana estarão voltadas para o IPCA. Nas projeções da Monte Bravo, o índice deve subir 0,67% em junho e mostrar pressão menor de alguns itens, como combustíveis, com recuo de preços refletindo a redução da Cide e a sazonalidade favorável do etanol.

Outro foco do mercado, diz o economista, estará na PEC dos Auxílios, que ficou conhecida como “PEC das bondades”. O projeto amplia de R$ 400,00 para R$ 600,00 o valor das parcelas mensais pagas pelo Auxílio Brasil e zera a fila de beneficiários do programa.

O texto também aumenta o valor pago com o auxílio-gás, de modo a garantir a compra de um botijão a cada dois meses para um público de 5,86 milhões de famílias, além de instituir o “voucher caminhoneiro” para transportadores autônomos, no valor de R$ 1.000,00 mensais.

As medidas têm impacto de mais de R$ 41 bilhões e serão válidas até o fim deste ano. A expectativa em Brasília é de que o texto seja aprovado ainda nesta semana.

“Passando a PEC [das bondades], o mercado deve ter um alívio na parte de risco fiscal porque o Congresso entra em recesso. Ficará bem mais difícil para o governo passar alguma medida maior de gasto fiscal que precise da aprovação dos parlamentares”, diz. “Então, isso deve sumir um pouco da discussão”, afirma o economista.

Nesse sentido, na avaliação do especialista da Monte Bravo, o Banco Central deve seguir com o plano de voo e realizar o último ajuste dos juros na reunião de agosto de 0,25 ponto percentual ou de 0,50 ponto percentual.

Embora não veja mudanças na postura de curto prazo do BC, ele ressalta que a piora do risco fiscal reforça a necessidade de que a Selic terá que se manter mais alta por mais tempo para combater os efeitos da expansão fiscal até o fim deste ano.

“O mais preocupante é o Auxílio Brasil, que é um gasto permanente e dificilmente poderá ser reduzir. Esse é o maior risco da PEC das bondades”, defende.