Títulos do Tesouro Direto têm desvalorização de até 5,61% em setembro; o que esperar de outubro?

Para analista, títulos podem apresentar nova desvalorização neste mês com política monetária dos Estados Unidos em foco

Leonardo Guimarães

(Gearstd/Getty Images)

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Setembro foi marcado por decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos. No cenário internacional, a escalada dos juros nos EUA na segunda metade do mês fez preço nos ativos brasileiros e causou desvalorização dos títulos públicos.

Os papéis do Tesouro Direto tiveram desvalorização de até 5,61% em setembro, segundo dados do Tesouro Nacional, considerando as taxas do primeiro ao último dia útil do mês.

Em 1º de setembro, o Tesouro IPCA+ 2055 tinha rentabilidade real de 5,62%; na última sessão do mês, o juro real do título era de 5,83%. Com o avanço da taxa, quem investiu no papel no início do mês e vendeu na última sexta-feira teve retorno de -5,61%. No Tesouro IPCA+ 2045, a variação foi de -4,43%.

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Nos prefixados, o papel mais longo, com vencimento em 2033, teve a maior desvalorização, de 3,02%. Os outros dois papéis disponíveis para compra tiveram variações menores: a rentabilidade acumulada do Tesouro Prefixado 2029 em setembro foi de -2,42% e a do Tesouro Prefixado 2026 foi de -0,4%.

No ano, porém, os títulos ainda ostentam rentabilidade amplamente positiva. A maior é a do Tesouro Prefixado 2029, de 17,36%. O menor rendimento entre os títulos disponíveis para compra – exceto os papéis do Tesouro RendA+ e Tesouro Educa+ – é do Tesouro IPCA+ 2032, que acumula retorno de 11,13% em 2023.

Veja os rendimentos dos títulos negociados no Tesouro Direto em setembro e no acumulado do ano:

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Titulo Rentabilidade em setembro (%) Rentabilidade no ano (%) Rentabilidade em 12 meses (%) Taxa de compra (%) Taxa de venda (%)
Tesouro Prefixado 2026 -0,40 11,97 12,76 10,62 10,74
Tesouro Prefixado 2029 -2,42 17,36 14,42 11,39 11,51
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2033 -3,02 15,26 13,92 11,67 11,79
Tesouro Selic 2026 1,10 0,03 0,04
Tesouro Selic 2029 1,11 0,15 0,16
Tesouro IPCA+ 2029 -2,93 5,59 5,71
Tesouro IPCA+ 2035 -5,18 11,65 10,87 5,70 5,82
Tesouro IPCA+ 2045 -6,57 14,05 7,44 5,85 5,97
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2032 -2,97 11,13 11,70 5,60 5,72
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2040 -4,75 11,66 10,25 5,32 5,44
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2045 -5,61 11,90 9,92 5,83 5,95

Fonte: Tesouro Nacional

O que esperar de outubro?

Em outubro, o foco segue nos Estados Unidos, já que, por aqui, “todas as pautas no Congresso estão paradas e, por enquanto, não há perspectiva para andar’, como define Alexandre Yamamoto, analista da Levante Investimentos.

O especialista diz enxergar viés de alta nas taxas dos títulos do Tesouro Direto em outubro, o que traria nova desvalorização dos títulos em um mês. “O cenário político está nublado e o governo tem até o começo do próximo ano para conseguir zerar o déficit primário, algo que o mercado não tem confiança”, explica Yamamoto.

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O calendário econômico do Brasil tem como destaque o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de setembro, que será divulgado no dia 11. A expectativa é que o indicador mostre avanço de 0,23% da inflação.

No dia 19, o mercado conhece os dados do IBC-Br de agosto, indicador que é considerado a prévia do PIB (Produto Interno Bruto. Um dia depois, o IBGE divulga a prévia do IPCA, o IPCA-15. No dia 30, o destaque será a criação de vagas de trabalho em setembro.

Nos Estados Unidos, a agenda econômica tem o relatório de emprego (Payroll) de setembro sendo divulgado na próxima sexta-feira (6), o índice de inflação ao consumidor (CPI) no dia 12, a prévia do PIB do terceiro trimestre no dia 26 e, por último, o índice de gastos pessoais (PCE, na sigla em inglês) de setembro.