Agora é o momento de ganhar dinheiro com o mercado de capitais, diz especialista

Isenção fiscal, juro baixo e busca por crédito: receita do bolo do mercado de capitais está completa

Paula Zogbi

Publicidade

SÃO PAULO – Os anos da mais longa crise econômica brasileira criaram a receita perfeita para o mercado de capitais no país, de acordo com o CEO da RB Capital, Marcelo Michaluá. Do lado do investidor, contribuem a taxa de juro mais baixa, a gradual retomada da renda e o aumento da informação financeira; enquanto a pessoa jurídica tomadora de crédito, que já pediu emprestado aos bancos, precisa de novas fontes de financiamento.

Lançada no formato atual em 2007, a RB Capital sempre esteve na linha de frente em investimentos estruturados ligados a ativos reais, nos setores imobiliário, de infraestrutura e de agronegócio, como CRI, CRA, debêntures de infraestrutura e fundos imobiliários. Em outras palavras, a especialidade da empresa é em serviços financeiros não-regulados pelo Banco Central – mas sim pela CVM.

Segundo Michaluá, o mercado de capitais é anticíclico. “Quando está tudo indo bem, você tem uma onda em que todo mundo surfa: mercado de capitais, tesouro, bolsa… Na hora que a onda abaixa, não tem mais espaço para todas as pranchas, mas a de mercado de capitais continua lá em cima”, diz, em entrevista ao InfoMoney. A maré de agora é ainda mais especial, na visão do executivo.

Oferta Exclusiva para Novos Clientes

CDB 230% do CDI

Destrave o seu acesso ao investimento que rende mais que o dobro da poupança e ganhe um presente exclusivo do InfoMoney

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Bancos

Ainda abatidos pela crise, os grandes bancos estão reperfilando dívidas da ordem de R$ 600 bilhões e não podem, por ora, emprestar dinheiro às empresas das quais já são credores. “Essa pessoa jurídica não consegue mais ir no Bradesco, Itaú, porque estão com o limite tomado. Mas se ela abrir uma porta no mercado de capitais, ela vai continuar aberta em todos os ciclos”, argumenta. Foi a primeira vez que o Brasil passa por uma crise tão forte que realmente inviabiliza a tomada de crédito nos grandes bancos a estes níveis, erguendo o mercado de capitais como a única alternativa.

Vale lembrar que os produtos comercializados pela RB só existem quando há demanda por crédito. Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) são instrumentos de captação de recursos lastreados em crédito imobiliário; Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) levam captação de recursos ao agronegócio no mesmo formato; debêntures de infraestrutura arrecadam para projetos desta indústria; e fundos imobiliários financiam empreendimentos ou investem em papéis atrelados a imóveis. Todos esses produtos financiam projetos e, em contrapartida, o investidor recebe juros.

Ao mesmo tempo, as perspectivas de melhora na economia trazem sede por crédito e investimentos. Ainda que mais lenta, economistas ainda acreditam na expansão da economia. A perspectiva para o PIB em 2018 ficou em 1,44% para 2018 e 2,5% para 2019 no último Boletim Focus.

Continua depois da publicidade

Selic

Em 2017, caiu a renda média do brasileiro – na contramão do crescimento de 1% da economia. Mas é forte a espera pela retomada dos empregos e, consequentemente, a perspectiva de dinheiro no bolso.

Concomitantemente, o mínimo patamar histórico para a Selic aumenta o apetite do investidor por opções mais vantajosas de renda fixa que a poupança. No caso dos produtos da RB (CRI, CRA, fundo imobiliário e debênture de infraestrutura), há isenção de imposto de renda, o que gera interesse extra a quem paga até 22,5% de taxa em investimentos mais “tradicionais”, como os títulos públicos via Tesouro Direto e CDBs (Certificados de Crédito Bancário).

Educação financeira

Historicamente pouco educado financeiramente, o brasileiro já começa a entender as novas possibilidades que o mercado oferece para seu dinheiro, segundo Michaluá. Ele aposta no crescimento de empresas especializadas na era digital para viabilizar a pulverização dessa mentalidade.

“O modelo trazido pela XP [Investimentos] está democratizando o acesso da pessoa física que os bancos não oferecem”, comenta o executivo. “Por que um banco não oferece um CRI da RB Capital? Porque quando o investidor perceber que o CRI é extraordinário como investimento, ele vai tirar do CDB do banco. Eu vou canibalizar o produto bancário”, exemplifica. “Quando vem uma XP, isso muda”, comemora.

Por tudo isso, o cenário é inédito. “Durante 20 anos, a gente viu isso: quando tinha empresas querendo tomar [crédito], muito investidor não sabia o que era CRI. Quando tinha investidor querendo CRI, a empresa não queria assinar contrato de longo prazo”, diz. “Hoje você tem um equilíbrio maior: tem dinheiro e uma demanda latente para comprar [os papéis] e isso reflete em taxa [de juros] mais baixa, que acaba atraindo quem vê as portas fechadas nos bancos”, pondera.

Michaluá sabe que a demanda por seus produtos não abrange todo e qualquer brasileiro. “Não dá para vender um CRI com 10 anos de prazo para uma pessoa que só tem dinheiro na poupança, porque ela vai querer tirar o dinheiro e não vai conseguir: não tem mercado secundário”. Ainda assim, vê enorme potencial de crescimento a partir de quem já tem certa familiaridade com a renda fixa: enquanto o mercado de capitais é uma indústria de R$ 200 bilhões, os títulos do governo já movimentam R$ 2,5 trilhões. “Se 10% disso resolver que não quer mais Tesouro, você dobra uma indústria de 20 anos em 1”.

Quer investir no mercado de capitais? Abra uma conta na XP.

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney