A hora da renda fixa: veja as melhores aplicações para você ganhar muito

LCI, tesouro Direto, fundos DI e outras opções para você ganhar sem muito risco

Leonardo Pires Uller

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SÃO PAULO – Um dos economistas mais respeitados do país, Delfim Netto disse, em 2010, que “o Brasil é o último peru com farofa na mesa dos investidores fora do Dia de Ação de Graças”. Delfim se referia ao diferencial de taxas de juros interna e externa. Enquanto praticamente todo o mundo desenvolvido manteve os juros próximos a zero nos últimos seis anos, o Brasil permaneceu com uma das maiores taxas reais do mundo, sendo praticamente o único mercado do planeta que oferece uma combinação de retornos elevados, risco baixíssimo e liquidez diária. Um banquete para qualquer investidor, portanto. Já Bruno Stein, diretor no Brasil da BlackRock, a maior gestora de recursos do mundo, com cerca de US$ 4 trilhões sob administração, disse que os juros tornam tão fácil a vida do investidor brasileiro que seu maior pecado acaba sendo a baixa diversificação. O problema é que se as pessoas conseguem mais de 1% ao mês praticamente sem risco ou então mais de 6% de juros reais (já descontada a inflação). Então qual é a motivação da população para correr risco no empreendedorismo, na Bolsa ou em qualquer outro segmento?

É claro que embutidos em um prêmio tão elevado estão os problemas econômicos que o país vem acumulando nos últimos anos. O governo federal passou muito tempo gastando mais do que deveria e incentivando o consumo das famílias. Foram usadas metodologias de contabilidade pouco ortodoxas para mascarar as despesas – a famosa “contabilidade criativa”. “Houve uma série de políticas econômicas equivocadas”, diz Otto Nogami, professor do Insper. Agora o governo está tentando arrumar a casa, promovendo um forte ajuste fiscal. Os preços que estavam represados, como de combustíveis e energia elétrica, também voltaram a subir, e a inflação de um período de 12 meses encerrado em março atingiu o maior nível em 11 anos. Para tentar conter a inflação, o Banco Central vem promovendo constantes elevações da Selic, a taxa básica de juros. Se essa não é uma boa notícia para os brasileiros em geral, quem tem dinheiro poupado fica diante da oportunidade de remunerar melhor seu capital. O InfoMoney conversou com especialistas e mostra a seguir as melhores aplicações para aproveitar o patamar atual dos juros.

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 LCI e LCA

As LCI (letras de crédito imobiliário) e as LCA (letras de crédito do agronegócio) são as aplicações “queridinhas” dos investidores atualmente. A vantagem tributária – os títulos são isentos de Impostos de Renda – e a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) fizeram que com que essas aplicações caíssem nas graças de poupadores de todas as classes sociais. Segundos dados da Anbima, no ano passado os ativos com lastros agrícola e imobiliário representaram 67% da carteira de renda fixa dos investidores do segmento private (com investimentos acima de R$ 1 milhão). Entre os investidores com menor poder aquisitivo, que fazem parte do segmento de varejo dos bancos, essas aplicações também cresceram e já representam 42,5% do total investido em títulos e valores mobiliários.

A maior parte das LCI e das LCA têm rentabilidade pós-fixada atrelada ao CDI (certificado de depósito interbancário), apesar de ser possível encontrar aplicações prefixadas ou que pagam uma taxa mais o índice de inflação (IPCA). Entre as principais vantagens está a isenção de Imposto de Renda, que, na prática, quase sempre garante um retorno líquido superior ao de outras aplicações de risco semelhante. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, já sinalizou, no entanto, que pode acabar com essa isenção, apesar de não ter estipulado uma data para que isso aconteça. “Recomendo que as pessoas aproveitem para investir nesses títulos agora, antes que haja mudanças na tributação”, diz Renato Roizenblit, profissional CFP (certified financial planner).

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O maior risco de quem investe nas LCI e nas LCA é o banco quebrar. No entanto, ambas as aplicações possuem garantia do FGC para investimentos de até R$ 250 mil, o que permite a aplicação em títulos de instituições menores e que pagam uma taxa maior – em plataformas das corretoras é possível encontrar LCI ou LCA com retorno de 100% do CDI, dependendo da data de vencimento do título. É claro que as maiores taxas são dos títulos com prazo mais longo e, nesse caso, o investidor precisa abrir mão do direito de resgatar o dinheiro por pelo menos dois anos. Para aplicações de prazo mais curto, como um ano, existem títulos pagando cerca de 97% do CDI.

Tesouro Selic (LFT)

Para quem quer montar uma reserva financeira de emergência ou tem um perfil conservador e pretende aproveitar o juro alto, os títulos pós-fixados do Tesouro Direto, que agora chamam Tesouro Selic, são uma boa opção. Como o próprio nome diz, a rentabilidade destes títulos segue a taxa básica de juro. Os três principais riscos de qualquer aplicação financeira – de crédito, liquidez e de mercado -, são muito baixos no Tesouro Selic. Do ponto de vista do crédito, esta é a aplicação mais segura do país, já que as chances de o governo federal não honrar suas dívidas é baixíssima. O risco de liquidez praticamente inexiste, já que desde o final de março o governo passou a recomprar os títulos diariamente – antes o investidor só conseguia vender seus títulos uma vez por semana. Por fim, o risco de mercado também é muito baixo, já que o Tesouro Selic não têm volatilidade, diferente dos títulos prefixados. O único problema desses títulos é que eles dificilmente vão bater em rentabilidade papéis disponíveis nas corretoras que contam com liquidez diária, como letras de câmbio que rendem 107% do CDI ou LCA que paga 83% do CDI.

CDB

O CDB (Certificado de Depósito Bancário) é um título de renda fixa usado pelos bancos para captar recursos. Assim como a LCI e a LCA, na maioria das vezes os CDB possuem rentabilidade pós-fixada atrelada ao CDI, mas também há opções prefixadas ou atreladas a índices de inflação. Em um cenário de juro alto como agora, o CDB é bastante utilizado por investidores conservadores ou que procuram montar um colchão de liquidez, aponta Christiano Ehlers, superintendente executivo de investimentos do Santander. Isso porque é comum que essas aplicações não tenham carência para resgate – o investidor pode usar o dinheiro no mesmo dia se precisar. Mas como acontece com outros produtos de renda fixa, os CDB que pagam as melhores taxas costumam permitir resgate apenas em alguns meses ou anos. Nas plataformas de corretoras, o investidor encontra CDB com vencimento de dois anos que paga até 120% do CDI. A aplicação é garantida pelo FGC para investimentos de até R$ 250 mil, o que dá tranquilidade para o investidor procurar bancos médios que oferecem um retorno mais interessante desde que esse limite seja respeitado.

Fundos DI

Os fundos DI aplicam praticamente a totalidade de seu patrimônio em títulos atrelados ao desempenho da Selic. Portanto, eles se beneficiam diretamente toda vez que a taxa básica de juros sobe, como agora. Edmar Casalatina, diretor de Empréstimos e Financiamentos do Banco do Brasil, destaca que existem fundos DI com tíquete de entrada bastante baixo. “É possível investir até R$ 50”, afirma. O executivo pondera que os fundos DI não são isentos de IR, mas que, com taxa de administração baixa, podem ser uma boa escolha para aproveitar a taxa de juro na casa de dois dígitos. De acordo com cálculos da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), com a Selic atual as aplicações em fundos DI com prazo superior a dois anos são mais vantajosas que a poupança até em cenários de taxas de administração bastante elevadas, como 2,5% ao ano. Vale a pena fugir da caderneta, portanto.

 Prefixados ou indexados à inflação

Tesouro Prefixado (LTN)

As aplicações prefixadas são boas opções em cenários em que o juros estão altos e podem se estabilizar ou recuar no médio ou longo prazo. Para Marcelo Mello, vice-presidente da Sulamérica Investimentos, essa é a “melhor aposta” do momento. Isso porque o investidor consegue “travar” seu rendimento com uma taxa bastante atrativa e, mesmo que os juros cedam durante o período da aplicação, o valor acordado no momento da compra do título será pago ao investidor. Segundo o próprio site do Tesouro Direto, que disponibiliza um “consultor financeiro” virtual, essas aplicações são ideias para quem tem algum objetivo de médio prazo e quer ter certeza de quanto vai receber no vencimento. No entanto, é bem importante que o objetivo case com a data de vencimento pois os títulos prefixados possuem volatilidade – seu valor de mercado muda diariamente de acordo com a oscilação das taxas de juros futuras. Isso quer dizer que se você optar por vendê-lo antes do prazo pode perder até parte do principal investido, dependendo da situação de mercado.

Tesouro IPCA (NTN-B)

Os títulos públicos atrelados à inflação são as melhores opções para quem quer investir no longo prazo e manter intacto seu poder de compra. Isso porque eles pagam uma taxa prefixada, definida no momento da compra, mais a inflação do período medida pelo IPCA. Assim como os títulos prefixados, o Tesouro IPCA possui volatilidade e por isso não é indicado que o investidor saia no meio do caminho. “Se você investir até o vencimento do título, não há nenhum problema. Para a aposentadoria é uma opção excelente. Agora para um investimento de três meses esses títulos podem ser perigosos”, alerta Edmar Casalatina, do BB. Atualmente o Tesouro IPCA paga em torno de 6% ao ano mais a inflação, considerada pelos especialistas uma taxa bastante atrativa.

Esta matéria foi originalmente publicada na edição 56 da Revista InfoMoney