É possível ficar rico investindo em renda fixa; especialista mostra como

SÃO PAULO – É comum encontrar dicas para ficar milionário investindo na bolsa de valores, mas, quando se fala em renda fixa, normalmente as pretensões são menores – o investidor normalmente pensa apenas em proteger o capital. No entanto, acumular riquezas com aplicações de renda fixa também é possível no Brasil, país que ainda tem uma das maiores taxas de juros do mundo , de acordo com Paulo Nepomuceno, estrategista de renda fixa da Coinvalores.

O mercado de renda fixa é mais seguro que o de renda variável, mas, em compensação, oferece possibilidade de ganhos menores. Portanto, é preciso, em primeiro lugar, ser mais paciente, pois vai demorar muito mais tempo para chegar lá. 

Para Nepomuceno, atualmente, em um período de 10 anos ou mais, “nada no mundo oferece uma rentabilidade maior que a renda fixa brasileira”. “Depois do Plano Real, com a estabilização da inflação e a alta da taxa de juros, nenhum investimento rende mais que a nossa fixa, se pensarmos em um horizonte de mais de 10 anos”, afirmou.

Segundo ele, a melhor opção para o investidor que pretende investir pensando no longo prazo está no mercado de títulos do Tesouro Direto. Os melhores papéis para esta situação são as NTN-Bs 2050, que são títulos pós-fixados indexados ao IPCA, ou seja, pagam uma taxa mais a variação do índice de inflação. Atualmente, a remuneração é próxima de 7% ao ano mais o IPCA. É válido lembrar que esta rentabilidade só é garantida para o investidor que segurar o título até o seu vencimento.

“Nenhum investimento no mundo oferece essa rentabilidade. Para se ter uma base de comparação, os treasuries norte-americanos (títulos do Tesouro dos EUA) pagam atualmente 2,69% mais a variação do dólar. Ou seja, não dá nem para comparar as rentabilidades”, explicou o estrategista.

A força dos juros compostos
Para ficar milionário investindo no título indicado acima pelo especialista, a NTN-B 2050, é preciso começar com um montante de R$ 15.539,49, que, com uma taxa de 12,7% ao ano, por 36 anos, vai dar ao investidor o montante de R$ 1 milhão no resgate, já com o desconto de 15% de Imposto de Renda.

No entanto, é importante ficar atento que apesar de o montante ser de R$ 1 milhão, a quantia real, ou seja, deflacionada, será de apenas R$ 152.112,69.

Para o investidor conseguir juntar R$ 1 milhão em poder de compra, ele vai precisar investir R$ 99.990,73, que, em 36 anos, rendendo os 12,7% ao ano, vai resultar no montante de R$ 6,434 milhões, em valores nominais, também com o desconto do IR.

Já os investidores que não têm uma grande quantia acumulada para investir, mas podem guardar R$ 500 por mês, por exemplo, a uma taxa de 0,7% ao mês,  irão conseguir juntar seu primeiro milhão de forma ainda mais rápida: 33 anos e 11 meses. Mas é importante destacar que o investidor terá de salvar esta quantia mensal todos os meses, por todo o período, de forma ininterrupta.

Prazos mais curtos
Já no caso de um investidor que não pode deixar o dinheiro “preso” por mais de 10 anos, Nepomuceno indica títulos do Tesouro Direto pré-fixados, ou seja, que já indicam qual é o rendimento que o investidor vai receber caso segure o título até o vencimento. Existem dois tipos de títulos com esta característica: as NTN-Fs e as LTNs.

Ambas oferecem a mesma segurança e têm datas de vencimento bem mais curtas: 2017, 2021, 2023 e 2025; e 2015, 2016, 2017 e 2018, respectivamente. “Quem pode ficar com o dinheiro investido apenas por alguns meses ou no máximo um ou dois anos, essas são as melhores opções, mesmo vendendo antes do vencimento”, finalizou.