“Se o Meirelles voltasse para o BC o mercado ficaria muito feliz”, diz especialista

Richard Rytenband, especialista em investimentos e métodos quantitativos pela FGV, afirmou que a independência do BC seria um gol de placa formidável para o Brasil

Arthur Ordones

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SÃO PAULO – O fato de as aplicações em renda fixa não terem mais a atratividade do passado está ligado ao método de atuação do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, de acordo com Richard Rytenband, economista  e especialista em investimentos e métodos quantitativos, que afirmou que a volta do ex-presidente, Henrique Meirelles (2003-2011), iria agradar. “O mercado ficaria muito feliz”, disse.

Segundo o especialista, operar o mercado de renda fixa com Meirelles era muito mais simples. Já com Tombini a história é outra. “O Meireles foi bom desde o início, porque, para começar, ele não veio da base petista. Foi inteligente o Lula ter feito isso no primeiro mandato, pois viram que o guardião da moeda não era do mesmo núcleo do governo e isso deu credibilidade e autonomia ao BC. Previsibilidade e transparência são coisas essenciais e que fazem a política monetária funcionar”, explicou Rytenband.

Queda dos juros com inflação subindo
A dúvida gera fuga do mercado, pois a forma como o mercado interpreta as atuações é vital. O economista afirmou que a independência do atual presidente do BC é questionável. “Na época do Meireles, o [ex-presidente] Lula falava que tinha que aumentar juros e ele baixava, porque se preocupava com a inflação, independente dos interesses do governo. Já o Tombini baixou juros mesmo com inflação subindo, porque estava na pauta da Dilma, mostrando não ter independência”, completou.

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Ainda de acordo com Rytenband, a credibilidade do BC só deve ser retomada quando a inflação começar a virar para baixo. “Ao contrário de Tombini, o Henrique Meireles sempre procurava a mídia para esclarecer qualquer dúvida, ele era muito transparente. As expectativas da taxa de juros e câmbio são vitais para fazer qualquer planejamento macroeconômico e tomar decisões de investimento”, disse. Para ele, um presidente do BC tem que ter regras claras e transparência, porque se o mercado não tiver uma clareza da situação vai ter uma má alocação de recursos.

Métodos alternativos de controlar a inflação não funcionam
Rytenband afirmou ainda que congelar tarifas para controlar inflação é uma medida ineficaz. Segundo o especialista, isto funciona no curtíssimo prazo, mas depois a inflação volta ainda mais forte por conta do descompasso entre oferta e demanda. “Se você fica represando o aumento, chega um momento que o agente vai operar com prejuízo. Ele sai de cena e quem faz o serviço? A pressão fica maior, o preço aumenta e, ao invés de repor a margem de um ano, vem a margem de dois, três anos numa paulada só. Para o curto, médio e longo prazo é completamente nefasto, só funciona no curtíssimo. É só ver a Argentina”, disse.

Por fim, segundo ele, países com autoridade monetária independente são os mais avançados do mundo e os que não têm a independência são os mais corruptos e atrasados. “Intervenções demais na economia não são nada agradáveis e o Mantega e o Tombini deixam Dilma pilotar a economia, o que já é ruim, mas se torna pior por ela pilotar mal”, finalizou Rytenband.