4 fatores que impedem o brasileiro de investir melhor e ganhar mais dinheiro

De acordo com Conrado Navarro investidor sempre esteve acostumado com investimentos de renda fixa que tinham boa rentabilidade

Gabriella D'Andréa

Serious Looking Man Examining a Bill

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SÃO PAULO – A maioria dos investidores já percebeu que o cenário econômico atual não está propício para algumas aplicações. A bolsa de valores, por exemplo, vai de mal a pior. No entanto, existe uma boa distância entre essa percepção e a decisão de migrar para outro investimento, conforme aponta o sócio-fundador do Dinheirama, Conrado Navarro.

De acordo com o especialista, a dificuldade de realizar essa transição pode ser explicada por alguns aspectos que estão enraizados na cultura brasileira de investimentos e no funcionamento do sistema financeiro como um todo.

1º – Busca por liquidez imediata
Ao ouvir da instituição financeira que seu dinheiro vai ficar “travado” durante 30 dias ou até 2 anos muitos investidores ficam desconfiados e com medo do risco de confisco, abuso ou do seu dinheiro sumir.

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Segundo Navarro esse medo é comum, principalmente por causa do histórico da economia brasileira. No entanto, esse é um bom momento de investir sem pensar no que pode vir a acontecer em situações extremas. Portanto, sua sugestão é investir com conhecimento, gerenciando o risco de sua aplicação.

2º – A cultura da poupança e dos fundos DI (enraizada por anos de juros altos no País)
O costume de aplicar na caderneta de poupança não é algo presente somente no Brasil. Mas por aqui ela sempre foi a escolha de muitas famílias por oferecer benefícios que outros investimentos não possuem, como a isenção de imposto de renda.

Fundos DI também sempre foram uma opção comum dos investidores por aqui, já que pagavam uma rentabilidade interessante em um cenário de juros extremamente altos. “Não havia sentido arriscar-se por ai se os retornos eram tão bons nos produtos conservadores”, pontua Navarro. No entanto, este cenário já está bem diferente – fundos DI e caderneta de poupança mal conseguem superar a inflação e o investidor corre o risco de perder dinheiro ao escolher estes produtos – seu poder de compra será corroído ao longo dos anos.

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3º – Oferta de produtos e concentração bancária
Navarro aponta que existem opiniões divergentes quando o assunto são bancos. Enquanto alguns acreditam que há uma concorrência “feroz” entre as instituições, outros apontam que há muito “jogo de compadres” por trás. No entanto, a preocupação do especialista gira em torno dos produtos que são oferecidos por esses estabelecimentos, que muitas vezes oferecem investimentos que não condizem com o perfil dos investidores e que oferecem retornos bem inferiores do que outras casas de investimentos especializadas.

Em muitos casos isso ocorre devido a alguns fatores, como: ignorância do próprio investidor, cumprimento de metas por parte dos gerentes, imposição dos bancos e características dos produtos (taxas altas, aportes altos para investir etc).

4º – Baixa renda e baixa capacidade de poupar
A justificativa de ter uma renda baixa para destinar uma parcela a um investimento costuma ser muito comum, mas de acordo com o especialista sempre é possível destinar alguma pequena quantia para essa finalidade.

Como nesses casos se torna difícil destinar uma pequena parcela do salário, muitos acabam não encontrando produtos interessantes para o valor que possuem. Por isso, a decisão acaba, muitas vezes, na poupança.

Formação do investidor
Para Navarro ainda falta uma educação que conscientize os investidores financeiramente, mas essa não é a única forma de aprender a investir. “Lidar melhor com as finanças não é uma ação que possui métodos e passos que todos podem reproduzir. Não há um manual, um guia, mas sim experiências compartilhadas e boas práticas”, afirma.

Sendo assim, o especialista indica 3 fatores que devem ser contemplados na formação de um investidor: cidadania, boa formação e disciplina. No primeiro caso, ele cita nossa relação com familiares, com as outras pessoas e a formação do patrimônio. Nos 3 casos é preciso ter bom senso, equilíbrio e parâmetros bem definidos, e a melhor forma de aprender a ter um bom relacionamento é através dos exemplos em detrimento da prática.

A boa formação se traduz em uma boa comunicação, seja para fechar um negócio ou para a análise cautelosa de um contrato. Esse mesmo comportamento deve ser migrado na hora de escolher um investimento, que necessita de pequenas contas para decidir aonde aplicar seu dinheiro. “Ou seja, precisamos ter educação de qualidade, investir em aprendizado contínuo e de mais leitura”, pontua.

No último caso, o da disciplina, Navarro afirma que muitos investidores acreditam que força de vontade e iniciativa são capazes de abrir muitas portas por si só. No entanto, ele frisa que também é muito importante insistir. O esforço frequente é o mais essencial dessa fórmula, mesmo que em doses pequenas.