Razão e emoção: como fica a cabeça do investidor em épocas de incertezas?

Além de alimentar o lado racional com informações técnicas, o investidor precisa equilibrá-lo com o lado emocional

Patricia Alves

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SÃO PAULO – Mesmo depois da aprovação do aumento do teto da dívida norte-americana, o risco de os EUA entrarem em recessão, somado a problemas na Europa, derrubou os mercados mundiais na quinta-feira (4) e tem causado instabilidades nas bolsas neste último pregão da semana.

Como fica a cabeça do pequeno investidor diante deste cenário? É possível driblar o emocional e agir de forma racional em épocas assim?

“De maneira geral, o pequeno investidor tem menor conhecimento e organização em seus investimentos, fatores que potencializam o estresse na tomada de decisão”, afirma o educador financeiro Mauro Calil, fundador do Centro de Estudos e Formação de Patrimônio Calil & Calil.

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Racional x emocional
Manter-se informado sobre os acontecimentos do mercado é de extrema importância para saber o que é melhor fazer e quais decisões tomar em momentos de incertezas. Na teoria, parece simples, mas na prática… Segundo explica a doutora em psicologia econômica Vera Rita de Mello Ferreira, no livro A Cabeça do Investidor, além de alimentar o lado racional com informações técnicas, é preciso equilibrá-lo com o lado emocional, já que “sempre somos guiados por um forte motivador de natureza emocional” em todos os aspectos de nossa vida, incluindo investimentos.

E são as emoções que interferem na capacidade de percepção, distorcendo os fatos sem que a pessoa se dê conta disso, pois permanecem no inconsciente.

Driblando o emocional, de olho na oportunidade
De acordo com Mauro Calil, algo que todo investidor sabe, ou pelo menos deveria saber, é que se ganha dinheiro na bolsa comprando na baixa e vendendo na alta. Portanto, tendo esta certeza, o cenário de queda mostra-se como oportunidade de aporte e não de retirada. “Basta seguir o jargão com moderação, ou seja, não se deve despejar as economias de uma vida em investimento algum (bolsa ou não) somente pela crença de que é um momento certo”, ensina. “Mas, sim, deve-se aproveitar o momento para aportar pequenas quantias que poderão se transformar em volumes substancialmente maiores em 2 ou 3 anos”, completa.

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E o pequeno investidor que já está na bolsa, o que deve fazer? Segundo o planejador financeiro, antes de tomar qualquer atitude, deve analisar alguns fatores:

1- A soma que está na bolsa representa quanto de seu patrimônio investido?

2- Está no lucro ou no prejuizo?

3- Qual o tamanho do lucro ou prejuizo?

4- Há necessidade imediata de retirada destes recursos?

5- O investidor acredita ou não em uma recuperação das cotações de seus ativos?

Com estas respostas pode-se tomar alguns caminhos, seja investindo mais, sacando tudo ou sacando parcialmente.

Para os mais aflitos, segundo Vera Rita, a dica do saque parcial pode ser vantajosa, pois dá um alívio imediato e ainda fornece a oportunidade de acompanhar o mercado parte do recurso como informação e conhecimento.

Para Mauro Calil, a decisão final deve ser tomada com base no plano financeiro pessoal e não somente olhando o sobe e desce dos ativos. “Quedas são normais e saudáveis para quem pratica tecnicas como a do rebalanceamento entre renda fixa e renda variável, por exemplo”.

Fugindo da manada
Paradoxalmente, os momentos mais adequados para entrar no mercado são justamente aqueles em que todos estão fugindo da bolsa. Segundo Vera Rita, são nessas épocas de incertezas que os amadores caem fora que a oportunidade pode ser boa para quem conseguir se segurar no mercado.

“Em épocas assim, quando as pessoas estão aflitas, apreensivas e amargando prejuízos, vale tentar ir contra a manada”, afirma.

Para a psicóloga, no entanto, não adianta comprar só porque estão dizendo que a época é de oportunidade. A dica é válida não só para quem está fora do mercado, como também para quem já está bolsa. “Se investidor sabe que não tem estômago nem coração para aguentar períodos como esse, é melhor cair fora”. Segundo a psicóloga, são nas épocas de incertezas que o investidor conhece seu real perfil de investimento. “Na hora dos lucros, todos se consideram agressivos, até vir a primeira queda”.