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Pergunta:
Sou um universitário de 22 anos, que apenas duas vezes na vida conseguiu guardar dinheiro. A primeira vez foi com um desses títulos de capitalização de banco. Pouco tempo depois, retirei o dinheiro (perdendo um pouco inclusive) e comprei algo que precisava. Posteriormente fiz um título parecido, mas também precisei retirar e novamente perdi dinheiro.
Eu quero ter 2014 como um divisor de águas. Vejo muitos amigos com dinheiro investido, montando negócios, e crescendo na vida, enquanto eu continuo só gastando e endividado. Decidi mudar!
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Mas acho que guardar R$ 50 ou R$ 100 por mês no banco não vai me deixar rico, a não ser daqui 50 anos. E o fato é que quero ver meu dinheiro funcionando, rendendo. Pretendo concluir meus estudos e sair de casa, mudar de cidade e começar a vida com ”independência financeira” mas infelizmente não tenho R$ 5 mil para investir sem medo na bolsa, muito menos R$ 50, R$ 100 mil para montar um negócio. Não sei o que fazer: como/quanto poupar, para depois investir, e não sei também no que investir. Como vocês podem me ajudar?
Leitor: Nicolas
Resposta de Valter Police, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF:
Caro Nicolas,
Primeiramente parabéns pela iniciativa de querer transformar a sua vida por meio do planejamento financeiro. Tendo essa visão com sua idade, basta que mantenha a disciplina para atingir todos os seus objetivos.
Na verdade, o grande problema é exatamente esse – A disciplina.
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E isso ocorre por um motivo simples: Os juros, que serão seu pagamento por seu dinheiro trabalhar por você, só mostram todo seu potencial em prazos mais longos e isso corrói a força de vontade de alguém que poupa e espera grandes resultados em curtos espaços de tempo.
No entanto, para aqueles que conseguem perdurar, os resultados são fantásticos!
Vou dar alguns exemplos:
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Se você fizer um investimento que lhe renda 0,5% ao mês (o que não é pouco se pensarmos em rendimento real – já descontada a inflação), os juros serão correspondentes a menos de 5% do valor saldo de seu investimento após um ano e meio e para chegarem a 10%, levarão mais de 3 anos.
Isto, com certeza, mina a disciplina, porque dá a impressão que você faz um esforço imenso e que o trabalho do dinheiro não representa quase nada.
No entanto, em prazos mais longos, os juros mostram sua força. Seguindo este mesmo exemplo, em 10 anos, o valor dos juros no saldo será de mais de 25% do total. Em 20 anos, praticamente a metade do saldo serão os juros e, em 30 anos, praticamente dois terços do saldo será advindo do trabalho de seu dinheiro para você.
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Isto significa que, para todos os seus objetivos de curto e médio prazos – até 5 anos – a principal fonte de recursos serão os seus depósitos e não os juros advindos das aplicações e, sendo assim, você deverá direcionar um valor mais significativo, porque não poderá contar com todo o potencial dos juros compostos.
Para seus objetivos de prazos mais longos, como a aposentadoria, você tem o tempo a seu favor, de forma que pode investir valores menores, porque o dinheiro trabalhará para você.
Além disso, quando você tem mais tempo, pode arriscar mais, utilizando a renda variável ou instrumentos de renda fixa pré-fixados de prazos mais longos para potencializar os retornos.
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Hoje em dia, os melhores investimentos para o curto prazo continuam sendo a poupança (pela isenção do imposto de renda) e os CDBs DI, de rentabilidade diária. Para prazos médios, os títulos do tesouro são uma ótima opção e, para o longo prazo, ações, títulos do tesouro, planos de previdência, entre outros.
Por fim, deixo um alerta e uma sugestão:
O alerta é que é muito fácil você encontrar promessas milagrosas de rendimentos fabulosos, mas isso, simplesmente, não existe. Cuidado com os golpes, como os do boi gordo, avestruzes, análises pouco ortodoxas de ações e outros. Não há mágica. Apenas planejamento e disciplina.
A sugestão é que você fixe um percentual de sua renda, ao invés de um valor fixo para investir. Assim, todas as vezes que você aumentar seus ganhos, também aumentará seu poder de poupança.
Continue firme em seus objetivos de vida e você chegará lá.
Valter Police é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF).
As respostas refletem as opiniões do autor. O IBCPF e o Infomoney não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para onde_investir@infomoney.com.br
Prezado Hildebrand,
Pouco a pouco é possível ver mudanças significativas no perfil de investimento dos brasileiros. Percebemos, por exemplo, o crescimento do numero de jovens que estão disponibilizando parte de sua renda para se planejar financeiramente para a sua aposentadoria. É um movimento que tende a crescer cada vez mais ao longo dos próximos anos, especialmente com a educação financeira em curso em nossa sociedade.
Sua iniciativa é digna de receber elogios e servir de exemplo a outros tantos…
Como seu planejamento para esse investimento tem um horizonte de 15 anos algumas observações importantes devem ser feitas. Em uma simulação com um investimento inicial de R$ 10.000 e aplicações regulares de R$ 500, com uma rentabilidade anual de 10%, atingiremos após 15 anos um capital de R$ 242.583, sem considerar a inflação no período. Com esse capital investido é possível viver com uma renda de aproximadamente R$ 2 mil/mês, complementando a sua aposentadoria. No entanto, a pergunta magica é como atingir essa rentabilidade para um baixo risco no investimento.
Com as informações presentes não é possível identificar qual o seu perfil de investidor, onde seria possível identificar o quanto de risco você esta propenso a aceitar em sua carteira de investimentos (para saber o seu perfil de investidor é aconselhável buscar sua instituição financeira e responder ao questionário “Suitability”). No entanto, podemos considerar que você segue o padrão brasileiro de conservadorismo em seus investimentos, bastante carregado de “renda fixa” , mas propenso a conhecer novos produtos para pequenos investimentos.
Sugiro, para você superar a rentabilidade apresentada na simulação, que divida seu patrimônio em 2 partes.
A primeira parte é separar R$ 5 mil inicial e 80% de suas aplicações regulares para um fundo de renda fixa com credito privado que supere consistentemente 100% do CDI. Muitos fundos conseguem superar esse benchmark, e possuem aplicações inicias bastante acessíveis. Prefira esse investimento as NTN-Bs e a sua aplicação em imóveis.
Para os outros R$ 5 mil iniciais, e 20 % de suas aplicações mensais (R$100,00), podemos ser um pouco mais arrojados, buscando atingir uma rentabilidade superior do que a renda fixa. Como sua disponibilidade atual é pequena para ser investida diretamente em ações (coma na sua atual carteira de ações de Vale e Itau), uma excelente alternativa são os fundos de ações.
Os fundos de ações são, para a grande maioria dos investidores, a melhor alternativa para seus investimentos em renda variável. Apresentam vantagens como liquidez, diversificação e uma gestão profissionalizadas dos seus investimentos. Com ele você estará bem atendido para atingir sua meta de longo prazo na aposentadoria. Procure gestoras com comprovada competência em sua equipe de analise, e fundos de ações que sejam considerados “Ibovespa ativo”, com a intenção de superar o bechmark. Prefira esses as ações propriamente ditas.
E lembre-se: o resultado do seu sucesso financeiro também depende de você!
*Fabiano Pessanha, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF