Queda no consumo de energia é maior que o esperado mas situação ainda preocupa

Apesar do grande esforço que o racionamento exige de nós consumidores, a boa notícia é que ele vem registrando uma economia superior ao exigido, o que por outro lado, também indica que existia um certo desperdício de energia elétrica. A economia pode evitar que a crise de energia se intensifique, mas mesmo com a redução […]

Equipe InfoMoney

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Apesar do grande esforço que o racionamento exige de nós consumidores, a boa notícia é que ele vem registrando uma economia superior ao exigido, o que por outro lado, também indica que existia um certo desperdício de energia elétrica. A economia pode evitar que a crise de energia se intensifique, mas mesmo com a redução do consumo, a condição tanto dos reservatórios quanto da capacidade de energia nacional ainda é bastante delicada. A solução definitiva está na diminuição da dependência do país às usinas hidrelétricas para gerar energia.

A redução do consumo de energia no Brasil supera a meta

A forte adesão da população ao plano de racionamento de energia elétrica tem gerado uma economia superior à meta de 20% estabelecida pelo governo federal para as regiões em que a oferta de energia é mais escassa. As regiões Sudeste e Centro Oeste, que são interligadas em termos de energia elétrica, registraram uma economia de 21,8% em julho. Desempenho igualmente satisfatório foi registrado na região Nordeste, que apura uma redução de 21,1% do consumo de energia em relação à base estipulada pelo governo. No Norte a queda foi de apenas 9,7%, frente à meta sugerida de redução de 15% no consumo de energia elétrica da região.

A baixa capacidade de energia armazenada preocupa

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é um órgão federal que elabora o acompanhamento diário das condições do sistema energético brasileiro, o qual reflete a situação do país em termos de energia elétrica. Para a elaboração do quadro brasileiro, o ONS segue as principais bacias hidrográficas nacionais que compõem este sistema. Apesar da queda no consumo, na época da implantação do plano nacional de racionamento de energia, em primeiro de junho deste ano, a condição dos reservatórios brasileiros era melhor que o registrado hoje.

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Isto pode ser verificado pela capacidade de geração de energia nas bacias brasileiras. No Norte, a energia armazenada atingia em 26 de julho 66,0% da capacidade máxima de todo o sistema, frente à energia armazenada em 3 de junho, que era de 75,8% do total para o sistema. No Sudeste e no Nordeste, por sua vez, a situação é delicada, já que a energia armazenada no fim de julho em relação à capacidade máxima dos sistemas era de 26,88% e 21,67%, respectivamente. Contudo é ainda mais preocupante se comparado com as energias armazenadas referentes à julho do ano passado: no Norte a energia armazenada era de 81,6% da capacidade do sistema, enquanto no Sudeste era de 47,8% do total e no Nordeste era de 62,1%.

Níveis dos reservatórios ainda estão baixos

Quanto aos reservatórios, as usinas hidroelétricas construídas ao longo dos rios Tietê e Paraná registram níveis menores que os do início do racionamento. Em Barra Bonita, o nível do reservatório é de 55% da capacidade de armazenamento de águas, em Três Irmãos é de 32% e em Ilha Solteira de 27%. Em 3 de junho, os níveis dos reservatórios eram de 79%, 39% e 35% respectivamente. Situação semelhante pode ser verificada em Furnas que registrou queda ao passar de um nível de 17% para 15% do início de junho para o fim de julho.

Por outro lado, no Rio São Francisco, a situação é um pouco melhor, já que as usinas de Sobradinho e Luiz Gonzaga ampliaram o nível de seus reservatórios. Em Sobradinho, as águas atingem 24% da capacidade total enquanto antes atingiam 18%, enquanto em Luiz Gonzaga o nível é de 60% e era de 47% do total. Na usina hidroelétrica de Marimbondo, que assim como Furnas, está no Rio Grande, o nível dobrou em quase dois meses e atinge atualmente 22% do total, sendo que já chegou a preocupantes 11%.

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Porque o racionamento deve ser mantido?

O nível dos reservatórios brasileiros não seria tão preocupante se o país não dependesse tanto da força das águas para gerar energia. No Brasil, mais de 90% da energia é produzida nas hidrelétricas, que dependem de água em níveis adequados em seus reservatórios para gerar energia.

Neste ano, a ausência de chuvas foi das maiores das últimas décadas, prejudicando a oferta de energia, uma vez que não existia água suficiente para gerá-la. Contribui também para o quadro negativo o baixo investimento federal em geração de energia, já que o governo priorizou outras áreas. Por isso, foi necessário estipular as metas de redução de consumo.

Sendo assim, o plano de racionamento de energia deve se estender até que a situação se inverta. No longo prazo, o ideal é que a matriz energética reduza sua dependência das águas, com a construção de novas termoelétricas ou outras fontes de geração de energia. Neste sentido, o governo tenta correr atrás do tempo perdido, com o plano emergencial de termoeletricidade, que deve terminar com cerca de 50 novas usinas de energia termo elétrica até 2006.
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