O mercado financeiro viveu uma onda de aversão a risco nas últimas semanas. O tom hawkish (favorável ao aperto monetário) do banco central dos Estados Unidos causou um rali nos juros americanos, movimento que a curva de juros brasileira acompanhou. Com isso, o rendimento dos CDBs (Certificados de Depósito Bancário) subiram.
A pedido do InfoMoney, a Quantum Finance mapeou 364 CDBs emitidos entre 27 de setembro e 10 de outubro. O levantamento mostrou que as taxas de títulos prefixados e atrelados ao CDI subiram no período, enquanto os juros de papéis ligados à inflação tomaram direções mistas.
Rodrigo Caetano, analista da Toro Investimentos, explica que, nas últimas semanas, “tivemos aumento da estimativa de juros para os próximos anos [nos EUA], além da precificação da possibilidade de novo aumento na taxa de juros americana ainda em 2023”, movimento que explica a maior remuneração oferecida por instituições financeiras.
Prefixados
Os juros dos títulos bancários prefixados quebraram a sequência de quedas na última quinzena e passaram a subir. Houve avanço nas taxas mínimas, médias e máximas de todos os títulos com prazo de pelo menos seis meses.
A taxa média paga pelos prefixados de 24 meses subiu de 10,70%, no levantamento anterior, para 11,55% na leitura mais recente. Para esse prazo, o papel com maior remuneração, emitido pelo Haitong Brasil, tinha taxa de 12,05%. A rentabilidade média dos papéis mais longos, com prazo de pelo menos 36 meses, avançou de 11,16% para 11,91%.
Nos prazos mais curtos, o movimento foi menos intenso. O retorno médio dos prefixados para seis meses teve leve alta de 11,58% para 11,62%, enquanto o dos papéis com vencimento em 12 meses subiu de 10,83% para 11,25%. A taxa média dos títulos de curtíssimo prazo, com vencimento em três meses, caiu de 12,18% para 12,08%.
Para Caetano, os juros de CDBs prefixados podem continuar subindo, “visto que o cenário externo, principal fator que contribui para o avanço recente dos juros, segue incerto”.
Foram emitidos 95 CDBs prefixados na última quinzena, 10 a menos que o número de emissões no período anterior.
Retornos de CDBs prefixados de 27/set a 10/out | ||||||
Prazo (meses) | Indexador | Taxa mínima | Taxa média | Taxa máxima | Número de títulos | Emissor da maior taxa |
3 | Prefixado | 11,80% | 12,08% | 12,40% | 23 | Banco Daycoval |
6 | Prefixado | 11,20% | 11,62% | 12,11% | 25 | Banco Daycoval |
12 | Prefixado | 10,65% | 11,25% | 12,36% | 16 | Haitong Banco de Investimento do Brasil |
24 | Prefixado | 10,45% | 11,55% | 12,05% | 10 | Haitong Banco de Investimento do Brasil |
36 | Prefixado | 10,80% | 11,91% | 12,36% | 21 | Haitong Banco de Investimento do Brasil |
Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, ou seja, não consideram o Imposto de Renda.
CDBs pós-fixados
As taxas dos CDBs atrelados ao CDI também subiram no período analisado pela Quantum. Aqui, ao contrário do que aconteceu nos prefixados, a exceção foi o longo prazo. A taxa média dos papéis de curtíssimo prazo, com vencimento em três meses, saiu de 100,56% do CDI para 101,05%, enquanto a dos papéis com vencimento em seis meses avançou de 98,89% para 99,02% do CDI.
O papel com maior rendimento foi emitido pelo Banco Pine, que oferecia 116% do CDI por 24 meses. Os papéis de prazo maior, mais significativos em volume de emissões, registraram taxa média de 101,63% do CDI, um pouco menor que os 102% do levantamento anterior.
De 27 de setembro a 10 de outubro, foram emitidos 222 CDBs pós-fixados, ante 253 emissões entre 13 e 26 de setembro.
Retornos de CDBs indexados ao CDI de 27/set a 10/out | ||||||
Prazo (meses) | Indexador | Taxa mínima | Taxa média | Taxa máxima | Número de títulos | Emissor da maior taxa |
3 | %CDI | 97,50% | 101,05% | 105,25% | 33 | Banco Pan |
6 | %CDI | 97,50% | 99,02% | 106,50% | 24 | Banco Pan |
12 | %CDI | 90,00% | 101,04% | 110,00% | 59 | Banco Industrial do Brasil; BR Partners |
24 | %CDI | 92,00% | 101,26% | 116,00% | 42 | Banco Pine |
36 | %CDI | 97,50% | 101,63% | 112,50% | 64 | Banco Múltiplo |
Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, ou seja, não consideram o Imposto de Renda.
CDBs de inflação
Nos papéis atrelados à inflação, as taxas médias – calculadas para dois prazos – tiveram direções mistas. Enquanto a rentabilidade real dos títulos com vencimento em 24 meses caiu de 6,07% para 5,99%, a de papéis para 36 meses avançou de 5,92% para 6,30%.
Caetano diz que os CDBs de inflação “devem seguir como boas opções de investimento” por oferecer proteção contra a escala de preços, mesmo com as incertezas do cenário econômico atual.
As taxas mínimas dos papéis atrelados ao IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiram. Para o prazo de 24 meses, passaram de 4,50% para 5,10% e de 4,50% para 4,90% em 36 meses.
A maior rentabilidade real dos papéis mais curtos foi de 6,35%, ante 6,45% no levantamento anterior, enquanto a dos títulos mais longos subiu de 6,30% para 6,70%.
O levantamento da Quantum Finance identificou 47 CDBs de inflação emitidos no período ante 88 na quinzena anterior.
Retornos de CDBs indexados à inflação de 27/set a 10/out | ||||||
Prazo (meses) | Indexador | Taxa mínima | Taxa média | Taxa máxima | Número de títulos | Emissor da maior taxa |
24 | IPCA | 5,10% | 5,99% | 6,35% | 17 | Haitong Banco de Investimento do Brasil |
36 | IPCA | 4,90% | 6,30% | 6,70% | 30 | Haitong Banco de Investimento do Brasil |
Fonte: Quantum Finance. Obs: Os retornos são brutos, ou seja, não consideram o Imposto de Renda.