Quais os maiores obstáculos para o acúmulo patrimonial?

Procrastinação, hábitos errados de consumo, impostos e inflação são, sem dúvidas, os maiores obstáculos ao crescimento do seu patrimônio

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SÃO PAULO – Todos nós temos um objetivo em comum: acumular um patrimônio que nos permita uma boa qualidade de vida, e, na velhice, uma aposentadoria tranqüila. Porém, existem obstáculos que dificultam atingir este objetivo, e você precisa ficar atento a eles.

Não estamos falando aqui dos fatores destruidores de riqueza, pois esses corroem aquilo que você já acumulou, mas sim daqueles que impedem que você consiga juntar um patrimônio mais rapidamente.

Procrastinação é maior inimigo

A maioria das pessoas acredita que o maior obstáculo seja a sua renda. Isso não é verdade: basta adiar consumo hoje em favor de consumo no futuro, que você conseguirá poupar.

Quanto você pode economizar no IR?

Atualmente o mercado financeiro oferece alternativas de investimento para todos os bolsos, que vão desde a poupança, onde não há valor mínimo de aplicação, até a previdência, onde é possível poupar menos de R$ 50 por mês. Assim, o que mais dificulta a poupança não é a renda, mas a vontade de começar.

A capacidade de acumular um patrimônio está diretamente relacionada ao tipo de risco que você está disposto a correr, o quanto pode poupar e o prazo que tem para investir. Destas três variáveis, o prazo é aquela mais difícil de trabalhar. Afinal, você até pode aumentar a quantia que poupa todos os meses, mas depois dos 45 anos, assumir um prazo de investimento de 30 anos para parece pouco provável. Exatamente por isso, a procrastinação é o maior obstáculo ao crescimento do seu patrimônio.

O custo de se esperar

O gráfico abaixo ilustra a diferença de patrimônio acumulado de uma pessoa que poupa R$ 300 todos os meses por 10, 15, 25 e 30 anos, assumindo um retorno de investimento de 1% ao mês. Essa diferença pode ser considerada como sendo o custo da procrastinação.

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Uma avaliação do gráfico acima deixa evidente o quanto adiar a decisão de começar a poupar pode impactar na sua situação financeira. Basta ver que uma pessoa que poupa regularmente por 30 anos consegue acumular pouco mais que R$ 1 milhão, ou quinze vezes mais do que quem poupa por 10 anos.

Além disso, quanto mais você adia a decisão de poupar menos o seu dinheiro trabalha para você. No gráfico acima também é possível verificar que, quanto maior o prazo de investimento, maior é a parcela do patrimônio que foi obtida com o acúmulo de juros. Enquanto quem poupa por 10 anos coloca 52% do capital para acumular R$ 69 mil, quem poupa por 30 anos coloca apenas 10% do R$ 1milhão acumulado, o resto é obtido através de juros.

Ainda que pareça impossível encontrar tempo para algo cujo benefício você só vai sentir daqui a 20 ou 30 anos, é importante que você reveja esta postura, se você quiser acumular o suficiente antes de se aposentar.

Hábitos de consumo: o segundo obstáculo

Quem já não teve a sensação de não saber para onde foi o dinheiro do salário? Seus hábitos de consumo não são extravagantes, você não é de sair todos os finais de semana, e, ainda assim, você não consegue poupar? É hora de avaliar mais de perto o seu
orçamento
. A principal pergunta é: o que está consumindo todo o seu salário?

Muitas pessoas adotam uma postura bastante rígida com despesas elevadas, mas se esquecem por completo dos pequenos gastos que incorrem todos os dias.

Você já tentou estimar, por exemplo, o quanto gasta com guloseimas no dia a dia? Ou com os lanchinhos na academia? Ou simplesmente nas idas ao cabeleireiro? Ou paradas na banca de jornal? Tudo somado você pode estar gastando bastante, sem sequer perceber. Mais do que suficiente para garantir um futuro tranqüilo.

Aprenda a tomar decisões mais inteligentes para o uso do seu dinheiro, que você facilmente supera esse segundo obstáculo.

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Impostos: o leão é o terceiro obstáculo

Você já parou para pensar que cada R$ 1 que você gasta, na verdade custa mais caro, porque provavelmente você paga imposto de renda sobre esse ganho.
Em outras palavras, a menos que você seja isento do pagamento de imposto de renda, todo R$ 1 que você recebe de salário é tributado na fonte a uma alíquota de 15% ou 27,5%. Isso significa que, para gastar R$ 1, você precisa ganhar mais do que isso. Assumindo que seja tributado a uma alíquota de 15%, de maneira simplificada, pois ignora a redução possibilitada pela parcela a deduzir, você teria que receber cerca de R$ 1,18, para cada R$ 1,00 que gastar.

Os gastos com imposto, contudo, não terminam com o IR, já que existem muitas outras taxas que, aos poucos, consomem uma parcela significativa da renda. A melhor forma de superar esse obstáculo é elaborar um planejamento fiscal, que permita reduzir sua carga tributária.
Inflação caiu, mais não acabou

Por mais que a inflação esteja sob controle, no longo prazo ela ainda pesa no seu orçamento. Em primeiro lugar, porque muito provavelmente a variação dos preços registrada pelos índices oficiais não necessariamente é a mesma do seu orçamento.

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Além disso, o impacto da inflação no seu planejamento não é grande no curto prazo, mas sim no longo prazo.

Vejamos um exemplo prático, considerando uma inflação, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), de 5% ao ano. Pode não parecer muito. Mas, já pensou o impacto que esta inflação anual teria ao longo de 30 anos? Nesse horizonte, os preços triplicariam o que diminuiria o poder de compra do dinheiro que você acumulou.
Ao considerar a inflação no seu planejamento, você supera este último obstáculo. Agora que já conhece os principais obstáculos ao crescimento do seu patrimônio, é hora de você definir objetivos, traçar metas e, é claro, começar a poupar.