Propriedades da Fazendas Boi Gordo vão a leilão; expectativa é de arrecadar R$ 315 milhões

O leilão acontece até o dia 13 de setembro e visa o ressarcimento dos credores e pagamentos de tributos

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – O caso das Fazendas Boi Gordo, que lesou mais de 30 mil pessoas no Brasil e ficou nacionalmente conhecido como um dos maiores acontecimentos de falência envolvendo pirâmides financeiras, pode estar próximo de uma solução. As fazendas Realeza do Guaporé I e II localizadas em Comodoro, MG, remanescentes do processo de falência e equivalentes a 135 mil hectares, uma área equivalente a extensão urbana da cidade de São Paulo, estão sendo leiloadas pela Lut Leilões até o dia 13 de setembro, com deságio de 30% a 40%. O objetivo é arrecadar R$ 315 milhões para o ressarcimento dos credores e pagamentos de tributos.

Segundo Cezar Badolato, responsável pela organização do leilão, as terras são produtivas e estão divididas com indicações de áreas nobres para lavoura, agropecuária e reserva ambiental, o que facilita ao comprador identificar exatamente aquilo que está adquirindo e planejar a produção.

O Juiz de Direito Marcelo Sacramone, responsável pelo caso, explica ainda, que mudou a estratégia de venda do leilão para obter mais adesão de compradores. “Regularizamos a propriedade de acordo com as regras ambientais e preparamos um estudo georreferencial, além de documentos que legitimam toda a área”, explica.

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Dentre os afetados pela falência encontram-se famosos como Marisa Orth, Felipão, Evair e Vampeta, embora 70% dos credores serem pequenos investidores que aplicaram até R$ 25 mil no negócio.

“A finalização desta primeira fase do processo de falência é uma grande vitória. O processo principal deste caso conta com mais de 160 volumes, sendo que, para cada ativo e/ou assuntos específicos foram abertos incidentes próprios, muitas vezes dois para cada ativo, pois a depender da relevância, os incidentes abertos para os ativos se dividem em incidentes para controle dos arrendamentos e incidentes para controle das avaliações e arrematações desses ativos. Outros assuntos como ofícios, certidões, extratos bancários e prestação de contas de gastos da Massa, também ganharam incidentes específicos. São mais de 200 incidentes, ou 80 mil folhas, praticamente o acervo de uma vara”, afirma o Dr. Eronides Santos, Promotor de Justiça de Falência que acompanha o caso desde 2007. E conclui: “Apesar dos números, este processo é inédito para o Brasil, quer nos resultados até o momento obtidos, quer na transparência com que é conduzido. Vamos conseguir ressarcir, ao menos em parte, as mais de 30 mil pessoas vítimas dessa pirâmide financeira”.

Entenda o caso:

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Criada em 1988, a empresa Fazenda Reunidas Boi Gordo iniciou em 1996 o processo de abertura de investimentos em animais, prometendo aos credores 42% de rendimento via certificados de investimentos, após 18 meses de aplicação. Foram mais de 30 mil pessoas que investiram neste esquema de pirâmide financeira, que pagava contratos vencidos com recursos de novos investidores. Em 2001, porém, a empresa pediu concordata, já que o dinheiro investido havia sido desviado para outros negócios do empresário e fundador da empresa, Paulo Roberto de Andrade. Com despesas e dívidas superiores à receita, a Boi Gordo faliu em 2004, levando os investidores a perderem aproximadamente R$ 3,9 bilhões.