Preço de Banco do Brasil (BBAS3) comporta muito “desaforo”, diz diretor da SPX

Executivo também defendeu que Petrobras terá muito caixa e que poderá pagar muito dividendo nos próximos dois anos

Bruna Furlani

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Questionamentos em torno de uma política mais intervencionista do Governo sobre estatais desencadearam um movimento de reprecificação de várias ações desse tipo de empresa nos últimos meses, inclusive as do Banco do Brasil (BBAS3).

Os ajustes na cotação, que levaram o papel para cerca de R$ 57 na sessão desta quarta-feira (3), porém, podem ser vistos também como oportunidade. “Acho que o valuation [preço] do BB comporta muito ‘desaforo’. Não dá para não ter”, observou Leonardo Linhares, diretor na SPX Investimentos, hoje, em evento promovido pelo Bradesco BBI.

Atualmente, a casa detém uma exposição pequena a Banco do Brasil e Petrobras (PETR3) e (PETR4). Sobre a petroleira, Linhares reconhece que houve grande barulho recente a respeito da retenção do pagamento de dividendos extraordinários pela companhia, que chegou a ser questionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas acredita que a empresa vai seguir uma boa pagadora.

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“Ela vai gerar muito caixa e isso não atrapalha o plano de crescer e de fazer investimentos […] Vai fazer com que pague muito dividendo nos próximos dois anos. Eu estou relativamente animado. Deve ter um dividendo extraordinário intermediário”, acrescentou o executivo.

Quem também está com uma visão um pouco mais positiva para as companhias é a Navi Capital. Felipe Campos, sócio da gestora, que também participou do mesmo evento, afirmou que a Petrobras tem mostrado geração de valor e retorno, seja por meio dos dividendos ou da diminuição do endividamento.

“O barulho vai continuar, mas a percepção mudou”, resumiu Campos. “Se Gleisi [Hoffmann] está preocupada com o preço da ação, isso me dá um conforto”, emendou, ao citar uma afirmação recente feita pela presidente do PT. No começo de março, a deputada federal comentou, por meio de suas redes sociais, sobre a valorização expressiva recente das ações da petroleira e que os acionistas teriam ganhado muito dinheiro com isso.

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Há quem também defenda que as ações de estatais possam ser as primeiras a reagir em uma eventual volta do capital estrangeiro, assim que diminuir o ruído em torno dos papéis. “Acho que é para estar comprado nelas. BB e Petro negociam a 4 vezes [preço sobre] lucro”, resume Carlos Eduardo Rocha, CEO da Occam, no mesmo evento nesta quarta.

Fluxo para Brasil

Mas não será fácil competir pela atenção do estrangeiro, que tem se mantido mais distante de ações brasileiras. Linhares, da SPX, lembra que os Estados Unidos estão “sugando” o fluxo de capital que viria para o Brasil.

Um dos pontos que pesam é a baixa presença de empresas ligadas à tecnologia na Bolsa local. O setor tem sido um dos grandes destaques dos mercados acionários americanos nos últimos meses. Outro empecilho pode estar na normalização da política monetária americana.

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“Estamos num tamanho de ciclo de queda de juros menor lá fora e com efeitos para a política monetária interna do Brasil. O canal de crescimento lá fora não está beneficiando a gente”, destacou o executivo da SPX.

Campos, da Navi, também observa que a exposição a ativos brasileiros dentro dos portfólios globais tem ficado cada vez menor e que tem sido difícil encontrar a “narrativa” que atrairá capital novo neste ano.