Falta de conhecimento e “insegurança” explicam recorde da poupança em 2012

Com um baixo retorno de 0,41% ao mês caderneta teve seu melhor ano; falta de conhecimento é uma das causas apontadas por especialistas

Gabriella D'Andréa

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SÃO PAULO – Após um ano de muitas mudanças no cenário econômico brasileiro, a poupança bateu seu recorde histórico de captação (diferença entre depósitos e saques) em 2012. Mesmo depois de sofrer mudanças em suas regras de rentabilidade no dia 4 de maio, dia em que o governo decidiu que a caderneta iria render 70% da Selic mais a Taxa Referencial, quando a taxa básica de juros estiver em 8,5% ou menos, a aplicação registrou captação líquida de R$ 49,719 bilhões em 2012.

Com um rendimento de 0,41% ao mês em dezembro, o que pode ter levado tantos investidores a aplicar na caderneta? “Ainda existe muita falta de conhecimento. A ficha dos brasileiros não caiu ainda. As pessoas vão ter que entender que o jogo virou e que a poupança já não serve mais como um investimento de médio e longo prazo”, afirma o especialista da MoneyFit, Antônio de Julio.

Para o especialista, as pessoas precisam se informar mais sobre o mercado de investimentos para vislumbrar opções mais atraentes do que a poupança, o que não é muito difícil.

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“Todo mundo já reclamava que a caderneta não rendia muito, e quando o governo alterou as regras era de se esperar que as pessoas fossem colocar seu dinheiro em outros investimentos, mas além de o manterem na poupança, elas ainda aumentaram os aportes”, aponta o consultor financeiro do DSOP, Edward Claudio.  Para ele, o investidor brasileiro presa pela segurança da aplicação, mesmo que ganhe menos com isso. “Pode até ser falta de conhecimento, mas o brasileiro tem uma preferência por aplicações mais seguras, mesmo que isso implique em uma rentabilidade menor”.

Títulos públicos como alternativa
Uma alternativa apontada pelos especialistas para os investidores que desejam ganhar mais sem perder a segurança são os títulos públicos do Tesouro Direto. Apesar de não ter a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) para aplicações de até R$ 70 mil, esses títulos são considerados a aplicação mais segura do ponto de vista do risco de crédito. isso porque é muito mais difícil um país quebrar do que um banco ou uma empresa privada. “Os títulos são muito seguros”, pontua Claudio.

Existem títulos como as NTN-Bs (Nota do Tesouro Nacional Série B), que garantem aos investidores um retorno acima da inflação, enquanto a poupança tem perdido para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), fazendo com que o investidor amargue perdas reais.

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Em um cenário de juros mais baixos, os especialistas são unânimes em apontar que o investidor deve procurar aplicações diferenciadas, de preferência que não estejam atreladas à Selic. Para exemplificar, o consultor financeiro do DSOP calculou quanto um investidor receberia investindo R$ 100 todos os meses durante 5 anos em uma caderneta de poupança (retorno de 0,41% ao mês) e em um outro investimento com retorno de 0,80% ao mês. No primeiro caso, o retorno seria de R$ 6.786 mil, enquanto no segundo esse número ficaria em R$ 7.662, isto é, uma diferença de R$ 875.

Analisando durante 20 anos, esses números seriam de R$ 40,725 mil (poupança) e R$ 72,113 mil (investimento de 0,80% ao mês), aumentando a diferença para R$ 31,388 mil.