Poupança tem pior mês em 20 anos; brasileiro empobreceu ou aprendeu a investir?

Para especialistas, resultado é uma combinação de ambos fatores, mas com preponderância de um deles

Leonardo Pires Uller

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SÃO PAULO – O mês passado foi o pior abril para a caderneta de poupança desde 1995. De acordo com dados divulgados ontem (7) pelo Banco Central, a captação líquida da poupança (diferença entre depósitos e saques) ficou negativa em R$ 5,851 bilhões. A saída registrada foi menor do que em março, quando o resultado ficou negativo em R$ 11,438 bilhões, mas segue sendo expressiva.

No entanto, esse resultado se daria por conta de uma tomada de consciência dos investidores brasileiros, afinal de contas, com a taxa de juros a 13,25%, existem diversas aplicações de renda fixa com rentabilidade bem superior à da poupança, ou essa tirada de recursos seria por causa de um empobrecimento da população?

Para o professor de finanças da PUC-SP Fábio Gallo, não há como saber com clareza qual dos dois cenários seria o mais específico. No entanto, com a inflação persistentemente alta, o desemprego subindo e a renda estagnada, o especialista acredita que existem mais pessoas sacando da poupança para pagar suas contas no momento atual. “Muitas pessoas não querem abrir mão de conquistas recentes e acabam tendo que usar suas reservas para honrar seus compromissos”, aponta.

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Mesmo assim, também existe uma parcela da população que está buscando outras opções de investimento, acredita Gallo. Para o professor, essa é uma migração natural que vem acontecendo com as atuais taxas de juros. “A LCI (Letra de Crédito Imobiliário) está crescendo muito, até fundos de renda fixa que têm taxas altas já estão se tornando opções interessantes”, destaca.

O educador financeiro Alvaro Modernell segue a mesma linha de pensamento que o professor da PUC-SP. Para ele, a renda está estagnada e as pessoas estão saindo da poupança para honrar seus compromissos e por maior dificuldade de poupar. “Na teoria, as pessoas deveriam sair da poupança para ir para outros investimentos, mas não é o que vejo nesse momento”, assinala.