Por que os ETFs não são a melhor opção para o seu portfólio, segundo a AllianceBernstein

Para a gestora, ainda que os custos de produtos indexados sejam menores, taxa paga a gestor ativo se justifica com desempenho, diversificação e consistência

Mariana Zonta d'Ávila

(Blue Planet Studio/ Getty Images)

SÃO PAULO – Em um cenário de crise sem precedentes, com impactos nos mais diversos setores da economia, diversificar a alocação e ter uma análise microscópica de cada ativo que compõe o portfólio é fundamental para minimizar eventuais riscos.

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Em relatório divulgado nesta semana, a AllianceBernstein, gestora americana responsável por administrar cerca de US$ 580 bilhões em ativos, destacou algumas das principais características que jogam a favor das estratégias ativas de investimento na comparação com os fundos passivos, principalmente em um cenário de grande incerteza e volatilidade como o atual. Confira:

1. Encontrar ganhadores em momentos de crise

Com uma estrutura mais rígida, pré-determinada, os portfólios passivos, que acompanham um índice de referência, tendem a manter na carteira os papéis de companhias que estão sendo mais afetadas pela crise.

Já nas estratégias ativas, o gestor pode identificar e selecionar a dedo, por meio da análise de modelos de negócios, balanço das empresas e tendências da indústria, aquelas empresas mais resilientes e com potencial de apresentar melhor desempenho no longo prazo.

2. Tendências de performances de longo prazo melhores

Ainda que no curto prazo os fundos de gestão ativa tenham sido impactados pela pandemia, quando analisado um período mais longo, de dez anos, a AllianceBernstein mostra que diversas categorias bateram seus benchmarks.

Segundo a gestora, isso oferece um contexto para que os investidores lidem com o estresse e a volatilidade de curto prazo, e busquem gestores ativos, que tenham uma filosofia clara de investimento e possam identificar ativos que ofereçam retornos excedentes de forma consistente.

3. Gestão de risco mais sofisticada

No relatório, a AllianceBernstein destaca que, ao longo dos anos, as estratégias e as ferramentas utilizadas para administrar o risco dos portfólios foram ficando mais sofisticadas.

Por outro lado, por focarem muito no passado, uma vez que dependem, predominantemente, de dados históricos, os modelos tradicionais de análise de risco têm tido dificuldade para entender os efeitos da pandemia de coronavírus.

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Desta forma, um portfólio de gestão ativa se destaca por conseguir analisar diferentes cenários e ajustar a carteira a diferentes variáveis.

“Combinar uma análise fundamentalista das companhias com uma visão holística de como ações, setores e cenários interagem em novas e inesperadas maneiras pode ajudar investidores a administrar riscos sem precedentes nos portfólios, ao longo de eventos do mercado”, escreve a AB.

4. Riscos políticos: adaptando a carteira a influências exógenas

O cenário atual, marcado por grande polarização e instabilidade política ao redor do globo, além do aumento das tensões geopolíticas, se soma a um ambiente já volátil de pandemia.

Ainda que os regimes políticos tenham pouco ou nenhum impacto na trajetória de longo prazo do mercado de ações americano, segundo a AB, medidas políticas podem ter grande influência em setores, indústrias e companhias.

De acordo com a gestora, enquanto as estratégias passivas tendem a deixar o investidor mais exposto a setores e empresas que podem ser mais atingidos por resultados políticos, gestores ativos têm habilidade e flexibilidade para ajustar os ativos da carteira, buscando papéis que se beneficiem de eventuais decisões de um governo.

5. Evitar grandes concentrações

Devido à grande concentração de setores nos principais índices do mercado, os investidores que dependerem apenas de um produto indexado podem sair prejudicados em momentos de mudança do mercado, destaca a AB.

A gestora afirma que hoje cinco das maiores companhias americanas representam 22,6% do S&P 500 e quase 37% do “Russell 100 Growth Index”. São elas: Microsoft, Apple, Amazon, Alphabet e Facebook.

“Os gestores ativos podem oferecer aos investidores uma exposição aos principais nomes da Bolsa, ao mesmo tempo em que garantem que a carteira não ficará muito concentrada em segmentos do mercado que podem estar sujeitos a uma correção do mercado”, escreve a asset.

6. Controlar exposições regionais nas alocações globais

Ainda que haja bons motivos para os investidores terem uma posição overweight (acima da média do mercado) ou underweight (abaixo da média) em países específicos, um portfólio passivo pode acabar com uma exposição muito elevada em países relativamente caros.

As estratégias ativas, por outro lado, conseguem ajustar a exposição aos países de acordo com as mudanças de oportunidades em ações específicas, independentemente da região onde estão situadas, destaca a AB.

7. Consistência e estabilidade do portfólio

O relatório também expõe a métrica de desempenho dos portfólios em momentos de alta e queda dos mercados, ou seja, quanto um portfólio pode ganhar com uma ascensão das bolsas, e quanto tende a cair com uma desvalorização.

De acordo com a AllianceBernstein, que analisou o desempenho de alguns dos principais índices globais, independentemente do cenário, fundos ativos estão mais bem posicionados para entregar resultados mais estáveis e consistentes ao longo do tempo.

8. Os riscos ocultos em ETFs setoriais

Na avaliação da gestora, buscar fundos de índice (ETFs, na sigla em inglês) de setores específicos pode ser uma abordagem muito arriscada.

Isso porque, ainda que as companhias do índice possam oferecer boas oportunidades de investimento, uma exposição muito grande aos maiores nomes pode criar riscos desproporcionais, escreve a asset.

A justificativa é que as estratégias passivas olham no retrovisor e, em muitos casos, as maiores posições são em companhias que tiveram boa performance no passado. Desta forma, assinala a AB, esses fundos não conseguem capturar o potencial de companhias menores que podem se destacar no futuro.

9. Integração ESG

Ainda que o mercado tenha lançado estratégias passivas focadas em políticas ESG (ambientais, sociais e corporativas, na sigla em inglês), a avaliação da AB é de que os ratings ESG são importantes, mas imperfeitos, de forma que não conseguem identificar companhias que estão melhorando suas práticas sociais e ambientais e que tenham a cultura corporativa correta para o sucesso.

“Fundos passivos precisam deter todas as empresas de um índice, então não podem contestar o comportamento de uma companhia reduzindo posições”, escreve.

Uma abordagem ativa, contudo, consegue fazer uma análise mais profunda das empresas, segundo a gestora, e criar um relacionamento com a gestão, de forma a promover uma mudança no comportamento da companhia seguindo as políticas ESG.

10. Carteiras passivas, decisão ativa

Com um grande leque de estratégias passivas para investir, com exposição a diferentes regiões, setores, fatores ou tendências, os investidores precisam estar cientes de que mesmo os fundos de índice de uma mesma categoria não são iguais, uma vez que há diversas metodologias para construir um ETF.

Dito isso, a AllianceBernstein argumenta que a escolha de uma carteira passiva é, de fato, uma escolha ativa de investimento por parte do investidor.

E como os fundos passivos não têm um desempenho uniforme, compensa ao investidor pagar uma taxa de administração maior a um gestor ativo, que, além de entregar um retorno consistente nos momentos de alta e baixa, conta com os benefícios já mencionados, como de flexibilidade nos ajustes e maior diversificação.

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