Por que comprar Tenda agora? Analista derruba 3 consensos

O analista da Eleven refuta o diagnóstico da Tenda como empresa complicada, com uma demanda cíclica e em um setor que ninguém gera caixa

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – O início das negociações das ações da Tenda (TEND3) nesta quinta-feira (4) tem suscitado avaliações otimista sobre o desempenho da companhia e, por consequência, do papel, o que lhe rendeu upside de 170% sobre o valor de abertura, para R$ 22, segundo a Eleven Financial Research.

 Com o histórico de sua controladora, a Gafisa (GFSA3), é natural que haja desconfiança. Em 2012, Gafisa surpreendeu com o anuncio de que retomaria os lançamentos em sua subsidiária de baixa renda.

 O mercado reagiu mal, uma vez que a Tenda era percebida como um ônus, responsável por estouros de obras e prejuízos superiores a R$ 1 bilhão que comprometeram o resultado de Gafisa por anos. Na época, o encerramento da Tenda parecia a opção mais adequada e menos arriscada, observa analista da Eleven, Raul Grego Lemos.

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 O plano dos executivos da empresa previa critérios de crédito bastante rigorosos, início das obras apenas depois da venda das unidades e concentração de lançamentos em locais de demanda com raio máximo de 150 km para viabilizar o uso eficiente de moldes na construção de casas e padronização de projetos.

 “A meta estabelecida em 2013 de atingir os níveis de eficiência de alocação de capital e rentabilidade da MRV (referência de eficiência operacional) parecia distante e de difícil atingimento, o mercado recebeu o plano com indiferença e justificado ceticismo”, lembra o analista.

 Na contramão das expectativas, Lemos afirma que o novo modelo de negócio transformou a Tenda em uma incorporadora com índices de eficiência acima da média do setor, sem dívidas e com geração de caixa livre desde 2015.

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 Entretanto, essa notável recuperação passou despercebida pelo mercado, talvez em função da consolidação contábil sob Gafisa ou da contaminação pelo desempenho ruim das demais incorporadoras.

 Seria a volta por cima?

Após uma tentativa sem sucesso de realizar um IPO da Tenda, a Gafisa realizou um “spin off” da empresa, que seria a separação dos negócios sem a necessidade de realizar uma oferta pública de ações no mercado.

 Dessa forma, os acionistas da Gafisa receberão uma TEND3 para cada papel da Gafisa que já detinham, com o preço definido de R$ 8,13 já tendo sido “retirado” do valor de cada GFSA3 desde sexta-feira (28).

 Para Lemos, a mudança permitirá ao mercado avaliar e precificar a ação da Tenda isoladamente e, possivelmente, refletir no preço da ação o desempenho recente da companhia. “Tenda já exibe uma das maiores margens do setor embora o processo de convergência não tenha se encerrado ainda”, diz.

 Outra métrica de eficiência do setor de incorporação é o ativo total/receita, indicador que mede a velocidade em converter capital em receita e caixa. “Por esse critério, Tenda já é a empresa mais eficiente do setor, consequência da estratégia adotada desde 2013 de reconhecer a venda apenas após a aprovação do crédito junto ao banco financiador”, afirma Lemos.

 Além disso, o analista destaca que a Tenda é uma das duas únicas incorporadoras com dívida líquida negativa, o que indica que a geração de caixa esperada para os próximos anos seja majoritariamente revertida para remunerar os acionistas.

 Neste contexto, o analista da Eleven refuta o diagnóstico da Tenda como empresa complicada, com uma demanda cíclica e em um setor que ninguém gera caixa. Para ele, nenhum dos consensos são verdadeiros e explica:

 1 – Tenda não é mais problemática

 Muito pelo contrário. A empresa é protagonista de um notável turnaround operacional que vem ignorado pelo mercado (talvez ofuscado pela consolidação contábil sob Gafisa). De pato manco do setor em 2011, hoje é uma das empresas mais eficientes, rentáveis, menos alavancada e com maior potencial de distribuição de dividendos do setor.

 2 – O setor não é cíclico

A Tenda opera no segmento de baixa renda, cuja demanda é pouco sensível à economia. De fato, os lançamentos aumentaram 90% entre 2014 e 2016 enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) caiu 8% no mesmo período.

 3 – Tenda não tem problema em gerar caixa

 A Tenda não só é uma forte geradora de caixa (pelo menos 13% do valor da empresa no topo da faixa de valor), como é uma das duas empresas do setor cuja posição de caixa excede o endividamento, aumentando o potencial de pagamento de dividendos nos mesmo patamares.