Piora externa pode gerar mais volatilidade, diz UBS, que tem títulos de inflação e FIIs como ativos preferidos

Embora corte de juros no Brasil seja positivo para prefixados, Patah destaca que curva já precificou boa parte da queda, o que diminui a atratividade deles

Bruna Furlani

(Shutterstock)

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A piora da situação fiscal nos Estados Unidos, juntamente com dados menos animadores vindos da China, têm pesado sobre a Bolsa brasileira nos últimos dias. Para o UBS, um dos motivos é que o mercado brasileiro tende a ser bastante sensível aos mercados globais, especialmente quando não há gatilhos internos locais para impulsionar as ações, o que é o caso agora.

Em relatório divulgado nesta terça-feira (22), Ronaldo Patah, CIO da casa, disse que a preocupação com o cenário externo, aliada à demora na volta dos investidores para os ativos de risco, faz com que os preços das ações não tenham um gatilho visível por ora. O andamento da reforma tributária também é fonte de temor – e não à toa, a casa sugere alocação neutra em ações.

Enquanto mantém a cautela com o mercado acionário local, Patah destaca que os títulos atrelados à inflação são os preferidos do UBS para uma alocação tática. “A performance dessa classe de ativos vem sendo muito boa recentemente, mas acreditamos que ainda há espaço para uma maior apreciação”, afirma no relatório.

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Na visão do executivo, os juros devem ser cortados ao longo de pelo menos um ano, o que diminui os riscos desse tipo de operação. O UBS projeta que a Selic termine 2024 em 8% ao ano, um pouco abaixo da média do mercado, que aguarda uma taxa básica terminal de 9%.

Embora o cenário de corte de juros também seja positivo para prefixados, Patah destaca que a curva já precificou uma boa parte dos cortes, o que diminui a relação de risco e retorno de papéis com esse tipo de remuneração.

“Nós acreditamos que está cedo para antecipar mais cortes de juros na curva. Porém, como esperamos que a inflação deve ser mais baixa do que as expectativas do mercado, mantivemos uma posição neutra em prefixados”, defendeu o executivo.

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No relatório, a casa disse também que manteve os fundos imobiliários como uma preferência, juntamente com os títulos atrelados à inflação. Em sua justificativa, Patah alegou que o valuation (preço) parece bem “atrativo”, quando comparado ao valor contábil. Já em fundos multimercados, o UBS disse que está com uma alocação neutra.

Ainda que destaque a melhora das projeções de crescimento para a economia brasileira e a elevação do rating do País pela Fitch em julho, Patah afirma que o mercado local pode ser capaz de atravessar o período de turbulência no mercado externo, mas que o Brasil não ficaria necessariamente imune a pegar uma “gripe” vinda de fora.

Exterior

Enquanto a visão tem sido um pouco mais otimista com alguns ativos locais, o executivo do UBS defende que a situação é mais delicada nos Estados Unidos e na China.

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Segundo Patah, os americanos agora se veem diante de uma piora fiscal, com o aumento do déficit fiscal e um teto de dívida que foi “artificialmente construído”. Apesar do contexto mais delicado, ele acredita que a economia americana tem se mostrado mais resiliente e defende a possibilidade de um pouso “softish”, o que poderia ser traduzido como “mais macio”, com a inflação recuando para perto da meta de 2% sem gerar recessão neste ano.

Da mesma forma, a situação é difícil na China, que tem falhado em se recuperar, na visão do executivo. “Os dois fatores contribuem para uma queda no apetite da risco de investidores globais, o que acaba por aumentar a força do dólar e diminuir o apelo de mercados emergentes, em geral”, destaca Patah.

Apesar de estar mais pessimista com as duas economias, o executivo defende que os governos dos dois países possuem um “forte arsenal” para encarar os desafios. “Nós acreditamos que o impacto para o Brasil será limitado em termos de economia real, ainda que os mercados testemunhem um aumento da volatilidade nos próximos meses”, pondera.