Pessoas físicas aumentam a presença na Bolsa, mas reduzem o valor investido

Saldo mediano dos investidores na Bolsa brasileira caiu de R$ 19 mil, em 2018, para R$ 8 mil, em março deste ano

Mariana Zonta d'Ávila

(scyther5/Getty Images)

SÃO PAULO – Prêmios cada vez mais irrisórios na renda fixa, queda no preço das ações em meio à pandemia e o maior acesso a informações sobre o mercado financeiro têm levado cada vez mais o pequeno investidor à Bolsa, na busca pela diversificação do portfólio.

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Dados divulgados pela B3 nesta terça-feira (19) mostram que 1,9 milhão de pessoas investiam na Bolsa brasileira em março, com um número total de 2,4 milhões contas –  um investidor pode ter conta em mais de uma corretora.

Os números levam em consideração posições em ações, fundos imobiliários, fundos de índice (ETFs) e BDRs (Brazilian Depositary Receipt).

Apenas em março, mês de forte volatilidade para os mercados, com queda de 30% do Ibovespa, houve o cadastro de 223 mil CPFs na Bolsa brasileira, com 30% das pessoas fazendo o primeiro investimento com menos de R$ 500.

“Essa entrada de novos investidores é bastante importante, porque as pessoas físicas trazem resiliência para o mercado financeiro; são compradores que ficam com as ações por um tempo considerável e trazem maior diversificação”, afirmou Tarcisio Morelli, diretor de inteligência de mercado da B3, durante teleconferência realizada nesta manhã.

O saldo mediano dos investidores na Bolsa brasileira, no entanto, caiu de R$ 19 mil, em 2018, para R$ 8 mil, em março deste ano. Em fundos imobiliários, por exemplo, o número de CPFs subiu de 640 mil, em dezembro de 2019, para 790 mil, em março deste ano. Já o saldo mediano caiu 62%, de R$ 16 mil para R$ 6 mil.

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Além do aumento do número de CPFs, os dados mostram que o investidor está mais ativo na Bolsa. Enquanto, em 2011, 100 mil investidores fizeram ao menos um negócio ao mês – número que seguiu estagnado até 2017, quando subiu para 200 mil –, em março, esse grupo cresceu para 1,3 milhão de investidores, um aumento de 466%.

“São investidores que colocam parte dos recursos em Bolsa e aguardam os acontecimentos do mercado para a tomada de novas decisões. São muito poucos os investidores pessoa física que realizam day trade de forma recorrente”, afirma Felipe Paiva, diretor de relacionamento com clientes da B3.

Maior diversificação

As pequenas quantias também não têm se mostrado um empecilho à diversificação do portfólio, com investidores incluindo diferentes classes de ativos na carteira.

Segundo a B3, mesmo na faixa de saldos de até R$ 10 mil, é possível observar 26% da base com mais de cinco ativos no portfólio.

A instituição financeira destaca ainda que em 2016, 78% dos investidores pessoa física detinham apenas ações na carteira. Em 2020, esse percentual caiu para 54% e outros produtos, como fundos imobiliários e ETFs, passaram a integrar as carteiras.

Jovens investidores

Se em 2017 os mais velhos tomavam conta das operações, com 47% de participação dos investidores acima de 60 anos, hoje o cenário é outro. De acordo com o levantamento, essa fatia caiu para 23% e a parcela de pessoas entre 25 e 39 anos subiu de 28% para 49% – hoje, o principal grupo de investidores.

Destaque ainda para as pessoas de até 24 anos, que representaram em março 10% da base de investidores. Em 2016 e 2017, esse grupo respondia pela fatia de apenas 1% da base, sendo inexistente nos anos anteriores.

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