Paolo Di Sora, da RPS Capital, vê EUA crescendo em ritmo chinês e oportunidades em ações da “velha economia”; entenda a tese

CIO e sócio fundador da RPS Capital foi o convidado do 24º episódio do podcast Outliers

Eduardo Rosin

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SÃO PAULO – Imagine o seguinte cenário: juros altos, Bolsa em queda e o governo realizando uma intervenção no setor de energia elétrica. Esta situação não é considerada a ideal para abrir uma gestora. Contudo, para Paolo Di Sora, aquele foi o momento certo para lançar a RPS Capital.

A gestora foi fundada em 2013, momento conturbado para a economia e a política no Brasil. Naquele ano, o mercado acionário brasileiro teve o pior desempenho entre as 48 principais bolsas do mundo.

Com uma estratégia 100% focada em operações do tipo “long and short”, a RPS Capital ganhou visibilidade e se destacou por obter lucro no período entre 2013 e 2015, ano em que o Brasil entrou em recessão.

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“Chamamos a atenção por fazer algo diferente. Fazíamos gestão em ações pensando mais macro do que micro e com a oportunidade de o cliente lucrar com a bolsa caindo. Assim, fomos bem quando a maioria ia mal e conseguimos atrair as principais famílias brasileiras para investirem nos nossos fundos”, contou o CIO e sócio fundador da RPS Capital no 24º episódio do podcast Outliers, apresentado por Samuel Ponsoni, analista de fundos da XP.

Há 30 anos investindo no mercado de ações, Di Sora trabalhou no Itaú BBA e no M. Safra & Co. antes de fundar a RPS. Nesse caminho, ele vivenciou crises que serviram como lições de disciplina para a gestora.

Uma delas foi em 2002, quando o mercado de ações teve uma queda muito forte e Di Sora perdeu muito dinheiro investido.

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“Na época, tive uma perda de capital próprio muito grande e perdi o que não podia. Então, aprendi que é preciso ter disciplina de stop loss, ou seja, estabelecer uma perda máxima que dê para aguentar. O mais importante no investimento a longo prazo é, quando você errar, não perder de balde”, observou.

Construção e commodities na mira

A RPS Capital tem o foco no mercado de renda variável em fundos long and short, long biased e long only, e sua análise de investimentos utiliza a estratégia “top-down”, que avalia fatores macroeconômicos, no Brasil e no exterior, para apontar os melhores setores para se investir na bolsa.

Recentemente, a gestora iniciou operações em fundos multimercado de estratégia macroeconômicos.

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Para Di Sora, no momento em que o mundo está saindo de uma recessão aguda, causada pela pandemia da Covid-19, a previsão é que o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresça em ritmo chinês, em torno de 10% entre o segundo e terceiro trimestre.

Na visão do fundador, uma oportunidade de investimento está em ações de empresas cíclicas que lucram com a aceleração da atividade econômica. “Geralmente, esses setores são de commodities, de construção, setores mais da velha economia que vão voltar ao radar”, observou Di Sora.

Em razão de um esperado crescimento do PIB americano, os juros também devem aumentar e, por isso, Di Sora recomenda investimento em ações de empresas relacionadas ao setor de bancos, como Visa e Mastercard.

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“Essas empresas se beneficiam de um ambiente de taxa de juro um pouco mais alta e, também, com aceleração de PIB”, analisou.

Outro cenário traçado pelo gestor é o do retorno do consumo nos EUA, com a vacinação acelerada. Na carteira montada com esse foco estão empresas como Disney, Nike, Booking.com, Visa e Mastercard.

Di Sora é, contudo, pessimista com reação ao mesmo estilo de investimento no cenário doméstico. “Não sabemos como vai ser a saída desta pandemia aqui no Brasil. Estamos com problema de vacinação, problema fiscal e problema de inflação. Acredito que vamos entrar num ciclo de subida de juros que pode ser agressivo”, completou.

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Sem perspectiva de crescimento, as ações de bancos brasileiros não são uma boa alternativa, afirmou.

O gestor da RPS Capital reforçou ainda que, com a taxa de câmbio muito desvalorizada, o Brasil virou o melhor local para se investir em empresas vinculadas à exportação de commodities. Entre elas, estão Vale (com a maior posição na carteira), Suzano, JBS e CSN.

Confira a entrevista completa com Paolo Di Sora, sócio fundador e CIO da RPS Capital, assim como os episódios anteriores do Outliers pelo Spotify, Deezer, Spreaker, Apple e demais agregadores de podcast.

Eduardo Rosin

Jornalista colaborador do InfoMoney