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Ouro sobe com aumento de juros nos Estados Unidos e temor de recessão; faz sentido acrescentar na carteira?

Metal chegou a superar US$ 2 mil por onça; prata também sobe, mas por outras razões

Ana Paula Ribeiro

(Petrovich9/Getty Images)

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O ouro atingiu patamares recordes nas últimas semanas, puxado pelos temores de uma recessão e a preocupação dos bancos centrais em diversificar os ativos. A cotação do metal superou os US$ 2 mil por onça (oz) na semana passada, o maior patamar desde meados de 2020 e a expectativa é de continuidade da valorização – apesar de uma ligeira queda nesta terça-feira (15), com a cotação ficando um pouco abaixo dos US$ 2 mil.

O que tem levado à valorização do ouro é o contexto econômico. Em momentos de crise, é natural a maior busca pelo metal, que é considerado uma reserva de valor segura e tem uma demanda maior em momentos de recessão ou temor de uma desaceleração da economia.

Outro fator é o processo de elevação dos juros nos Estados Unidos, que tentam lidar com a inflação. As reservas internacionais da maior parte dos países estão concentradas em dólar, por meio de títulos do Tesouro americano. Com a alta dos juros, esses títulos perdem valor e os bancos centrais então buscam alternativas, o que justifica a maior demanda por ouro.

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Dados do Conselho Mundial do Ouro mostram que a demanda pelo metal em 2022 foi a maior em mais de uma década. Quando se olha apenas a atuação dos bancos centrais, foi adicionada às reservas a maior quantidade de ouro desde 1950. A expectativa é de que essa demanda continue até ao menos 2024.

“Os bancos centrais querem diversificar as suas reservas e o ouro tem um importante papel nisso. As perturbações recentes na economia estimularam essa atuação por ser uma reserva de valor importante e menos volátil” explica Marco Noernberg, líder de renda variável da Manchester Investimentos.

No ano, mesmo com a queda recente, o ouro acumula alta de 4,3% e, em 12 meses, de quase 7%.

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Um movimento quase idêntico foi visto nos ETFs (Exchange Traded Funds, os fundos de índices) que replicam índices ou outros fundos de ouro e listados nas bolsas americanas.

Um dos mais conhecidos e líquidos, o Ishares Gold Trust (IAU), da gestora Black Rock, sobe 4,2% no ano e 6,7% em 12 meses, em linha com o comportamento do metal. Já o SPDR Gold Shares (GLD), considerado o maior ETF de ouro à vista, da gestora State Street Global Advisors, sobe 3,3% no ano e 6,63% em 12 meses. Ambos são listados na Bolsa de Nova York (Nyse).

A queda dos últimos dias é considerada pontual, uma vez que os recentes indicadores da economia americana, como os dados de vendas no varejo, apontam para uma nova alta dos juros nos Estados Unidos e há preocupação ainda com a economia chinesa.

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Na avaliação de Noernberg, o ouro pode ser utilizado na carteira como um ativo para reduzir a volatilidade. Isso porque ele não tem correlação com outras classes de ativos e, em momentos de crise, aumenta a demanda pelo metal.

“O ouro tem uma dinâmica única e serve para reduzir a volatilidade da carteira. O recomendável é uma exposição pequena, mas que dará um caráter mais defensivo para a carteira”, diz.

Prata também em alta

Mas o ouro não é o único metal em que é possível investir. A prata também está em um movimento de valorização, mas com uma dinâmica diferente. No ano, a commodity acumula uma queda de 6,3% e, em 12 meses, sobe 13,2%.

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Diferente do ouro, a prata está mais atrelada à demanda industrial, ou seja, as maiores altas tendem a ocorrer no momento em que se espera aceleração da economia.

Embora mais atrelado às expectativas de crescimento da economia global, os gestores da Man AHL, gestora britânica de fundos quantitativos, veem oportunidades na prata para investidores que querem construir uma carteira ligada às mudanças climáticas, por exemplo.

Em relatório assinado pelo gestor Harry Moore e por James Munro, a gestora reforça que as commodities são essenciais para a transição verde, mas que é preciso equilibrar as externalidades negativas da produção de algumas das matérias primas essenciais.

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“O cobre, por exemplo, desempenha um papel fundamental em muitas tecnologias essenciais para a geração de energia renovável. A prata pode ser contrastada com o ouro, onde o primeiro tem muitos usos industriais, enquanto o último é mais prejudicial na extração e tem poucas aplicações na economia verde”, avaliam.

A preferência por prata é porque o metal é necessário para a produção de energia renovável, como parques eólicos e placas de energia solar, tem mais utilizações na indústria por ser altamente condutivo (conduz energia com menores perdas) e em sua produção a emissão de gás carbônico é menor que a do ouro 200 kg de CO2 por quilo de prata x 12,5 mil kg de CO2 por quilo de ouro – o ouro ainda demanda a utilização de mercúrio, que é prejudicial ao meio ambiente.

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Ana Paula Ribeiro

Jornalista colaboradora do InfoMoney