Os melhores fundos de ações e multimercados em setembro e em 12 meses

Estratégias com exposição no exterior se destacaram no último mês, diante do sentimento de maior aversão ao risco e alta de 5,7% do dólar

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – Em um mês marcado por maior aversão ao risco, com o caso da chinesa Evergrande e aumento dos juros ao redor do mundo contribuindo para a queda dos principais índices de renda variável globais, gestores que apostaram em estratégias expostas ao dólar e que focaram em empresas vencedoras mesmo no cenário de maior volatilidade saíram na frente em setembro.

Nos fundos de ações, estratégias com exposição à moeda americana e em empresas internacionais conseguiram entregar os melhores resultados do último mês.

Já nos multimercados, posições tomadas (aposta na alta) em juros dos Estados Unidos e de mercados emergentes, além de exposição ao dólar, contribuíram para melhores desempenhos.

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Em setembro, os destaques positivos ficaram por conta do fundo de ações Morgan Stanley Global Brands Dolar Advisory FIC FIA IE, com ganhos de 2,58%, e do multimercado Vista Multiestratégia Fc FIM, com alta de 16,58%. No período, o CDI teve variação de 0,44%, enquanto o Ibovespa caiu 6,6%. Já o dólar valorizou 5,7% ante o real.

Confira a seguir os cinco fundos multimercados com as maiores altas e quedas em setembro:

E também os cinco fundos de ações com as maiores altas e quedas no último mês:

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Com base em dados extraídos da Economatica, o levantamento considerou veículos não exclusivos, com gestão ativa, patrimônio líquido médio superior a R$ 100 milhões em 12 meses e mais de 99 cotistas no fim do mês passado.

Na categoria de renda variável, foram excluídos fundos setoriais e monoações. Entre os multimercados, não foram considerados fundos de crédito privado.

Importante lembrar que retorno passado não é garantia de rentabilidade futura, embora seja interessante analisar o desempenho histórico dos fundos para observar sua consistência.

Dólar é destaque

O ambiente de grande incerteza tanto no ambiente doméstico quanto internacional contribuiu para forte alta do dólar no último mês, privilegiando estratégias com posições globais.

É o caso do Itaú Ações BDR Nível I FICFI, que ficou entre os melhores desempenhos de fundos de ações em setembro, com ganhos de 2,25%.

Renato Eid, superintendente de estratégia beta e integração ESG da Itaú Asset, explica que o fundo investe atualmente em 20 empresas americanas com foco em quatro pilares: fluxo de caixa, valor patrimonial, receitas totais e dividendos.

Segundo ele, a ponderação do portfólio vai privilegiar as empresas que se destacarem no agregado dessas métricas e tiverem a liquidez necessária para a gestão da carteira.

“Dessa forma o portfólio tende a privilegiar empresas conforme a sua capacidade de geração de resultados e a consistência nessa entrega”, destaca. A gestora não abre as maiores posições.

Confira quais foram os fundos de ações com melhor desempenho nos 12 meses até setembro, assim como seu desempenho em um período de 36 meses, no acumulado de 2021 e apenas no último mês.

Oportunidades escondidas

Com ganhos de 40,81% em 12 meses, o Ártica Long Term FIA está entre os fundos de ações de melhor desempenho na janela.

Com estratégia do tipo ações “long only” – em que o gestor apenas compra papéis de empresas, apostando sempre na valorização deles no tempo –, o fundo busca selecionar “oportunidades escondidas” para compor o portfólio, atualmente com dez nomes.

Entre as principais contribuições positivas para o desempenho do último ano, Raphael Castilho, gestor da Ártica, cita a empresa de navegação com sede em Bermudas e listada na bolsa de Luxemburgo Wilson Sons (WSON33), na qual investe via BDRs negociados na B3. Na semana passada, a empresa informou que ações da companhia estreiam na Bolsa brasileira em 25 de outubro.

Além dos ativos de qualidade da companhia e da combinação de crescimento com pagamento de dividendos, Castilho chama atenção para o ciclo de investimentos recente, que resultou na expansão de terminais operados pela empresa.

O gestor destaca ainda que é uma companhia que se beneficia do comércio exterior, com resultados em dólar, atuando como hedge (proteção) em um cenário de maior volatilidade.

Outros nomes que compõem o portfólio são Porto Seguro (PSSA3), Eztec (EZTC3), Whirlpool (WHRL3; WHRL4) e MarcoPolo (POMO4).

Na avaliação de Castilho, os papéis de Marco Polo estão baratos na Bolsa e oferecem uma das grandes oportunidades no momento. Ele ressalta que a empresa é líder no setor (de carroceria de ônibus) e que tem uma posição de balanço mais forte do que a de concorrentes, devendo sair da crise mais fortalecida, com ganho de participação de mercado.

“Tomado” em juros, “vendido” em ações

Já dentre os multimercados, o XP Macro Plus FIC FIM se destacou no ranking do mês de setembro, com ganhos de 7,21%.

Bruno Marques, gestor dos fundos multimercados da XP Asset, argumenta que o cenário de fraco crescimento econômico doméstico e de alta dos juros não é convidativo para ativos de renda variável. Dito isso, o fundo tem posição vendida (aposta na queda) em Bolsa.

“Em ambiente de atividade fraca e CDI alto, a Bolsa tende a performar mal. E isso demanda uma maior gestão ativa. Por isso, aproveitamos a queda das últimas semanas para diminuir a posição vendida”, conta. Hoje, a fatia corresponde a um terço do que já representou, quando na maior exposição.

No mercado de juros, o fundo tem posição tomada (aposta na alta) em juros intermediários e longos dos Estados Unidos (vencimento de dez anos e para o segundo semestre de 2023). Também possui posição tomada em países emergentes, como México e Brasil.

No mercado doméstico, a avaliação é de que o cenário de juros segue ainda apresentando assimetrias nas posições tomadas. Dessa forma, o fundo tem uma posição tomada em juros intermediários (janeiro de 2025).

Ainda entre os multimercados, a liderança no acumulado em 12 meses fica com o Vitreo Criptomoedas FIC FIM, com alta de 237,25% até setembro.

O fundo investe em uma cesta de criptoativos, com mais de 50% da alocação posicionada em Bitcoin. Já o restante do fundo está diversificado entre criptomoedas alternativas, as chamadas Altcoins. Desta forma, a composição do fundo é de 100% em moedas digitais, com exposição cambial.