Os melhores fundos de ações e multimercados em outubro de 2022 e em 12 meses; BBAS3, petróleo e logística dominam

Multimercados com exposição maior a ações também foram beneficiados por meio de posições ligada à logística e varejo

Bruna Furlani

B3 Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo (Germano Lüders/InfoMoney)

Publicidade

Na esteira do avanço de ações ligadas ao petróleo, que lideraram as altas do Ibovespa no mês passado, fundos de ações com posições no setor se destacaram. Papéis relacionados a bancos, transporte e varejo também foram beneficiados e ajudaram a incrementar os ganhos da classe em outubro.

A maior rentabilidade no mês ficou por conta do Logos Long Biased II, da Logos Capital, com uma alta de 12,73% no período, contra avanço de 5,45% do Ibovespa. Em comentário feito ao Opinião da Gestão deste mês, documento compilado pela XP, a casa destacou que alocações em Sabesp (SBSP3), Suzano (SUZB3) e PetroReconcavo (RECV3) representaram as maiores contribuições em outubro.

Multimercados com exposição maior a ações também foram positivamente afetados por meio de posições ligada a logística, varejo e petróleo. Alocações em juros globais e moedas, por outro lado, tiveram performance negativa, em geral, no mês.

Continua depois da publicidade

Na dobradinha, a gestora Logos Capital foi destaque, ao garantir um ganho de 15,97% para o Logos Total Return, que ficou na liderança entre os multimercados em outubro. No mês passado, o CDI avançou 1,02%.

Veja os cinco fundos multimercados e de ações com as maiores altas em outubro:

Fundos mais rentáveis em outubro de 2022

Fundos de ações  Retorno em outubro (%) Fundos multimercados Retorno em outubro (%)
Logos Long Biased II FIC FIA 12,73 Logos Total Return FICFI Mult 15,97
Alaska Black FIC FIA Bdr Nivel I 12,57 Norte Long Bias Fc FI Mult 9,99
SulAmerica Selection FIA 11,66 Occam Lb Fc FI Mult 9,44
Truxt I Valor Institucional FIC FIA 11,27 Encore Long Bias Advisory Fc FI Mult 9,22
Tarpon Gt Fc FIA 11,24 XP Long Term Equity Fc FI Mult 9,20

Fonte: Economatica

Continua depois da publicidade

Leia mais:
Com Bolsa em alta, ETFs de renda variável captam R$ 2,3 bi em pleno mês eleitoral, melhor resultado em 1 ano

Por outro lado, fundos com alocações voltadas para o setor de tecnologia ou com posições em países emergentes, como a China, terminaram o mês passado com desempenho negativo.

Veja os cinco fundos multimercados e de ações com as maiores quedas em outubro: 

Publicidade

Fundos menos rentáveis em outubro de 2022

Fundos de ações  Retorno em outubro (%) Fundos multimercados Retorno em outubro (%)
Vitreo Tech Asia FIA Bdr Nivel I -20,89 Versa Long Biased FI Mult -11,60
Brad China FIA Ie -12,45 Versa Fit Long Biased FI Mult -7,50
J China Equity Dolar Advisory Fc FIA Ie -6,81 Wa Macro Opport Classe Dolar FI Mult Ie -5,46
Itau Acoes Mercados Emergentes Ie Fc -6,25 Lyxor B C Gl M Dol Adv Fc FI Mult Ie -5,20
Ashmore Emerging Mkts Eqt Adv Fc FIA Ie -3,42 Brad Fc FI Mult Franklin Wel Tech LS Ie -4,61

Fonte: Economatica

O levantamento do InfoMoney levou em conta dados extraídos da plataforma Economatica em 7 de novembro. Foram considerados veículos não exclusivos, com gestão ativa, patrimônio líquido médio superior a R$ 100 milhões em 12 meses e mais de 99 cotistas no fim de outubro.

Na categoria de renda variável, foram excluídos fundos setoriais e monoações. Entre os multimercados, não foram considerados fundos de crédito privado.

Continua depois da publicidade

Os números utilizados na pesquisa servem para dar uma referência ao investidor em termos de consistência, mas é preciso lembrar que retornos passados não são garantia de rentabilidade futura.

Fundos de ações: olho nas distorções

O salto no preço do petróleo em outubro favoreceu ações como PetroRio (PRIO3) e 3R Petroleum (RRRP3), o que contribuiu para a performance do SulAmerica Selection FIA, que terminou o mês com alta de 11,66%. Papéis do setor de óleo e gás representam hoje as posições mais relevantes do fundo, como explica João Saldanha, gestor de renda variável da SulAmerica.

Alocações em Vamos (VAMO3), Rumo (RAIL3), além de Hypera (HYPE3) também atuaram na ponta positiva no mês passado.

Publicidade

Após meses de muitas incertezas com as eleições, Saldanha acredita que agora é o momento de sair da defesa e partir para o ataque. Nesse sentido, o gestor conta que aumentou posição em alguns papéis que, em sua avaliação, estão com preços bastante distorcidos.

Para citar como exemplo, ele conta o caso de Natura (NTCO3), uma posição que foi montada nos últimos dias. A empresa foi bastante penalizada pelo mercado nos meses anteriores ao reportar resultados mais fracos do que o esperado, diante de um contexto marcado pela guerra na Ucrânia, pressão de custos, apreciação cambial e deterioração do cenário macroeconômico.

Com isso, diz Saldanha, a companhia deixou de ser uma large cap (empresa de grande valor de mercado) e passou a ser uma mid cap (empresa de médio valor de mercado), valendo menos de R$ 20 bilhões na Bolsa.

“A empresa errou e está tentando se reestruturar. Se isso der certo, tem que valer muito mais do que está hoje no mercado”, defende o gestor. Em outubro, a Natura &CO comunicou ao mercado que o seu conselho de administração tinha autorizado o início de estudos comparativos para uma oferta pública inicial (IPO) ou uma cisão da australiana Aesop.

Outro papel que está com os preços muito distorcidos e muito “barata”, na visão do gestor da SulAmerica, é o da Petz (PETZ3). Ao longo do último ano, a companhia passou por fortes ajustes ao ser “rebaixada” de uma mid cap para uma small cap (empresa de menor valor de mercado), explica.

Segundo ele, a razão é que a empresa aceitou ficar com uma margem menor na crise para se manter mais competitiva e crescer, só que o mercado não aceitou bem companhias que optaram por essa estratégia. “Agentes puniram negócios que abriram mão de margem. Eles estão descontando papéis de crescimento e acho que isso pode mudar nos próximos meses”, observa Saldanha, que acredita que a queda da Selic a partir do ano que vem pode favorecer essa troca de chave no Brasil e o retorno para papéis mais de crescimento.

BBAS3 volta para algumas carteiras pós-eleições

De olho em distorções, o gestor da SulAmerica também voltou a investir nos papéis do Banco do Brasil (BBAS3), posição que foi montada logo após as eleições. Ele afirma que o preço (valuation) das ações está próximo do pior momento do governo de Dilma Rousseff, em que houve maior intervencionismo do governo na economia, recuo do Produto Interno Bruto (PIB) e aumento da taxa de desemprego.

“Não faz sentido o preço que o Banco do Brasil está negociando, seja em relação aos pares, seja  em relação ao fato de que ele está hoje em um de seus melhores momentos”, diz. “O risco de governança é muito maior em Petro [Petrobras] do que no Banco do Brasil, com chance da petroleira mudar o direcionamento estratégico para voltar a investir pesado, algo que não deve ocorrer com o BB”, pondera.

Para o gestor, o próximo governo deve estimular mais o crédito, mas a prioridade para a concessão deve ser via Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), ou via Caixa Econômica Federal, instituições em que o governo tem maior controle. Nesse caso, ele acredita que o Banco do Brasil estaria um pouco mais “blindado” em relação a políticas desse tipo.

Outra casa que aproveitou a ressaca eleitoral para montar uma posição em Banco do Brasil após o segundo turno é a Norte Asset. Gustavo Salomão, CIO da empresa, afirma que a gestora tinha saído do papel após o primeiro turno, mas voltou a investir depois da queda vista dias após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Entre os motivos estão os números positivos da instituição. O Banco do Brasil registrou um lucro líquido ajustado de R$ 8,36 bilhões, segundo balanço divulgado na semana passada. A expectativa do consenso Refinitiv era de um lucro de R$ 7,36 bilhões, ante dado de R$ 7,8 bilhões no segundo trimestre de 2022.

A rentabilidade ajustada sobre o patrimônio chegou a 21,5%, um salto de 7,2 pontos percentuais ano a ano. Os dados refletiram um equilíbrio largamente mais bem sucedido do que os rivais privados entre crescimento da carteira de crédito e o controle da inadimplência.

Ao comentar sobre os números divulgados pela empresa, Salomão destaca que o lucro foi acima do esperado e que o banco tem sido muito bem gerido. Outra vantagem, diz, é que ele possui um perfil de carteira mais conservador do que outros, pela ligação com o agronegócio, que apresenta um bom desempenho neste ano.

O executivo também chama atenção para o preço do papel, que está “barato” em sua análise. Nos cálculos da casa, o múltiplo de preço sobre lucro (P/L) está em quase três vezes. “É como se o mercado precificasse que a rentabilidade dele vai piorar. Acreditamos que há um pessimismo infundado com o papel”, pontua.

Fundos multimercados: Bolsa brasileira é destaque

Apesar de ter saído por um rápido período das ações do Banco do Brasil, os papéis da instituição estão entre os “bons cavalos” que ajudaram a garantir um retorno de 40,69% para o Norte Long Bias nos últimos 12 meses.

Salomão conta que o grande ganho do fundo neste período é fruto de alocações na Bolsa brasileira. De um lado, a casa obteve retorno atrativo com alocações vendidas (que se beneficiam da queda) em alguns papéis do setor de adquirência, cosméticos, saúde e comércio eletrônico.

Já na parte comprada (que se beneficia da alta das ações), por exemplo, posições em Arezzo (ARZZ3), Hypera (HYPE3), Itaú (ITUB4), BB (BBAS3), além de Intelbras (INTB3) foram alguns dos acertos da gestão.

O CIO da Norte explica que a gestora começou a aumentar a posição comprada em Bolsa local por volta de julho deste ano, quando o Ibovespa começou a “andar”. “Conseguimos identificar a virada e nos beneficiamos”, observa.

Posições em juros e em câmbio também foram frutíferas para o fundo ao longo dos últimos meses. Salomão conta que passou uma parte do ano com uma aposta tomada (que se beneficia da alta) nos juros americanos, mas que reduziu a posição recentemente quando a taxa do papel americano de 10 anos chegou perto de 3%.

Agora, a posição está concentrada em uma alocação tomada em juro na Alemanha, porque há uma assimetria maior. Já em câmbio, a gestora afirma que está com uma posição mais pontual agora, comprada em peso mexicano contra o dólar.

Entre as maiores apostas do fundo hoje está o investimento em Hypera. Salomão explica que uma das vantagens é que o papel é menos influenciado pela questão eleitoral e pode ser fortemente beneficiado por estar em um setor em crescimento devido ao envelhecimento da população brasileira.

O CIO conta que a casa veio aumentando a posição na ação, especialmente após a assinatura do acordo de leniência publicado no fim de maio referente a pagamentos indevidos pela empresa por atos relacionados à Lei Anticorrupção e à Lei de Improbidade Administrativa.

“A assinatura do acordo tirou o risco de novos desdobramentos sobre esse tema do radar. Era uma posição que era relevante na carteira e que agora é a maior posição. O valuation [preço] está barato”, diz o executivo da casa, ao destacar que a ação negocia a um preço/lucro de 15 vezes, sendo que historicamente ela negocia a 18 vezes preço/lucro. Isso sem contar, diz, que a companhia tem a possibilidade de realizar uma fusão ou aquisição nos próximos meses.

Melhores fundos multimercados em 12 meses Retorno
no mês (%)
Retorno
em 2022 (%)
Retorno
em 12 meses (%)
Retorno
em 36 meses (%)
Exploritas Alpha America Lat FICFI Mult 2,73 33,70 57,49 12,92
Norte Long Bias Fc FI Mult 9,99 36,13 40,69
Asa Hedge Fc FI Mult -0,98 36,21 39,28 58,25
Xp Macro Plus Dominus Fc FI Mult -1,26 39,14 36,06 67,22
Systematica Blue Trend Adv Fc FI Mult Ie -0,88 44,99 34,66
Xp Investor Long Biased 30 Fc FI Mult 9,04 31,30 33,19 1,65
Vinland Macro Plus Fc Mult 2,66 30,71 32,77 75,99
Mar Absoluto FICFI Mult 4,93 33,83 32,64 61,30
Itau Vertice Optimus Extreme Mult Fc 3,25 28,57 31,84
Ibiuna Long Short Stls Fc de FI Mult 1,83 26,55 31,47 43,05

Fonte: TC/Economatica

Fundos de ações: óleo e gás, educação e logística

Posições nos setores de óleo e gás, educação e logística também garantiram bons retornos para alguns fundos de ações nos últimos 12 meses, caso do Alaska Black BDR Nível I, que terminou o período com retorno de 39,45%, contra 12,11% do Ibovespa.

O sócio da Alaska, Acácio Roboredo, detalha que alocações em Petrobras (PETR3;PETR4), Cogna (COGN3), Log-In (LOGN3) se destacaram no período, juntamente com uma posição vendida em dólar contra o real.

Para os próximos meses, o especialista explica que a casa acompanha muito a TIR (taxa interna de retorno) dos papéis e que a gestora acredita que as maiores oportunidades e prêmios (juros a mais) estão em companhias do setor de commodities e em empresas ligadas ao mercado interno.

Sem dar detalhes sobre os papéis que Alaska detém hoje porque a gestora faz parte do Conselho de algumas das empresas, Roboredo diz que a carteira do fundo está com a maior quantidade de empresas diferentes desde a criação do produto e que isso é “reflexo dos níveis de preços que a gestora enxerga no mercado”.

“Algumas companhias se encontram em patamares de preços comparáveis com momentos de crise, porém com nível de alavancagem menor e perspectivas de fluxo de caixa futuro melhores do que em crises passadas”, afirmou. “Consideramos os preços atuais atrativos, mesmo com cenário de incerteza sobre a condução da política econômica”, completou o sócio da Alaska.

Melhores fundos de ações em 12 meses Retorno
no mês (%)
Retorno
no ano (%)
Retorno
em 12 meses (%)
Retorno
em 36 meses (%)
Alaska Black FIC FIA Bdr Nivel I 12,57 25,78 39,45 -39,39
Tarpon Gt Fc FIA 11,24 34,47 36,70 110,34
Charles River FIA 7,40 27,10 36,50 111,60
Xp Investor Dividendos FIA 7,66 30,51 30,27 3,31
CSHG All Spx Falcon Fc FIA 8,28 26,39 29,88 43,14
Organon FIC FIA 6,07 21,23 29,55 101,96
Jbfo Navi Fender Fc FIA 3,23 23,32 28,41
Guepardo Institucional FIC FIA 7,69 17,38 28,75 79,12
Tarpon Wahoo Fc FIA 6,31 17,56 28,47 23,83
Xp Investor FIA 7,29 25,02 28,00 16,87

Fonte: TC/Economatica